A VW confunde muitos com o
Phaeton, cuja pronúncia correta é "fêiton" -- nem "fáeton",
nem "fíton", muito menos "faéton"... A Fiat também
complicou com o Doblò, que tem pronúncia
fechada: é "doblô" e não "dobló", como às vezes se ouve.
Doblò lembra Berlingo, seu concorrente direto e também alvo de confusões. O correto em francês é "berlangô", mas soa um tanto estranho ler assim no Brasil -- então ficou, para muita gente, berlingo mesmo.
Mas em outro Citroën de pronúncia curiosa não houve jeito: Xsara tem de ser lido mesmo "csara", não
"xissara" (feio, não?), como ficaria em um modo aportuguesado. Será por essas dificuldades que a marca preferiu adotar siglas -- C3, C5, C8 -- em sua nova geração de veículos?
Já as peruas da Citroën, chamadas de Break -- palavra de origem inglesa --, são ditas aqui como
"breic", mas na França são "breác" ou "brec", a ponto de
a publicidade da Xsara (abaixo) ter utilizado um simpático sapinho, que saudava o veículo com um
"brec, brec!".
No caso de seus conterrâneos Mégane e Scénic, o melhor é esquecer que existe o acento agudo, pois ele no francês fecha a pronúncia (ê)
e não indica, necessariamente, a sílaba tônica: leia Megane e Scenic, como
se fosse em português. E não "scênic" ou "mégane" (com tônicas
em "sce" e "mé", na ordem), como já ouvimos.
Francês complica mesmo para o brasileiro. Os faróis Cibié
("cibiê") aqui são comumente chamados como se escreve, com "e" aberto.
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A moto Ténéré (tenerê) da Yamaha padecia do mesmo mal.
Por outro lado, achamos que ninguém nunca ouviu alguém dizer
"nestlé" em vez de "nestlê", para a marca de chocolates suíça, ou
"renáulti" em vez de "renô", ao se referir à conhecida marca francesa, talvez pelo bom trabalho de divulgação de ambas as
empresas em tantas décadas de mercado (a Renault chegou com o Juvaquatre,
logo após a Segunda Guerra Mundial).
A indústria de motocicletas não escapa desse problema: depois de três anos ouvindo o nome Elefantre (fusão das palavras elefant e tre, três em italiano) sendo pronunciado como se escreve em português, a Agrale acrescentou no modelo 1992 um acento -- Elefantré -- que não existia no nome
original da moto (acima). Para alguns pode ter continuado estranho, pois a pronúncia correta é fechada,
"elefantrê". Mas ninguém chama Honda de "onda", e sim "ronda", outro caso de divulgação eficiente do nome.
A dificuldade de pronúncia, justiça seja feita, não acontece só no Brasil. Quando a Peugeot decidiu entrar no mercado americano, nos anos 60, deparou-se com um sério problema: o nome é muito difícil de ser pronunciado por quem só fala inglês. Seria normal falarem
"píu-djiot". Por isso, durante bom tempo lia-se nos anúncios em jornais e revistas:
Pronounced p'joh. Como que em revanche, há franceses que chamam a americana Chrysler
("cráisler") de "crislér", incluindo o antigo fabricante
Facel, que utilizava seus motores.
Nesse ponto a imprensa escrita, como sites, revistas e jornais não pode ajudar muito. Fica a missão de pronunciar os nomes do carros da maneira a mais correta possível para os colegas do rádio e da televisão.
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