Ao volante do Mercedes E 250, o começo do luxo

De Carro por Aí - Nasser

 

Qualidade, solidez e sobriedade em um alemão que representa o cavalo de batalha entre os automóveis da marca

 

Mais vendido, mais rentável, Mercedes-Benz Classe E há anos é o verdadeiro cavalo de batalha da área de automóveis da Daimler. Harmônico em dimensões, na marca seus 4,88 metros de comprimento medeiam entre o C e o S. Porta a inconfundível identificação, embutindo sobriedade, qualidade, resistência, bom comportamento mecânico, ótimos números de consumo — em estrada mais de 12 km/l.

O 250 é o degrau de entrada na Classe E. Na prática o pequeno motor de 1.991 cm³ de cilindrada, potência declarada de 211 cv e torque de 35,7 m.kgf, passando pela boa transmissão automática de sete marchas, chegando às rodas traseiras, leva os quase 1.800 kg a 100 km/h em 7,4 segundos e velocidade final cortada a 243 km/h. Está de bom tamanho. Compondo com o motor de baixa cilindrada, o conteúdo é contido. Revestimento não emprega couro, apenas plástico, mas há sensação de qualidade e harmonia na montagem. O elegante relógio analógico — acertado via comandos de configuração do automóvel — destaca-se no freio de custos aplicados pela Daimler neste Mercedes.

Configuração interna é boa. É, como sedã com tração traseira, automóvel para quatro pessoas e uma criança no centro do banco traseiro. Tudo respira a perceptível sensação de segurança, dos sistemas eletrônicos para acionar a mecânica aos cintos de três pontos e apoios de cabeça para todos os ocupantes. Ar-condicionado com saídas para todos os passageiros, bancos frontais com regulagens elétricas e três memórias, válidas também para espelhos retrovisores externos e volante; sistema multimídia com tela, boa e clara câmera de ré e navegador.

Regulagens simplificadas num giratório botão central com a borda elegantemente recartilhada. Charmosa alavanquinha de marchas — parado, frente e para trás — atrás do volante. Marchas podem ser mudadas por aletas verticais também sob volante. É sistema para o grande mercado norte-americano, onde se adota alavanca de marchas em tal posição. Regulagem de motor, transmissão, direção e freios em apenas três programações, conforto, esporte e eco. Nesta entra a função de desligar o motor nas paradas para reduzir consumo e emissões.

No uso
É um Mercedes. Palavra mágica, no imaginário coletivo resume engenharia e construção de qualidade, resistência, durabilidade, e o mítico som do fechar das portas. O ser bem planejado e bem feito faz saltar apreciação de muitos itens, como bons ajustes, comportamento, direção precisa, estabilidade, freios poderosos, e a surpreendente — ante porte, peso e cilindrada — reação às demandas por boa aceleração. Em descrição superficial, a fórmula do motor de baixa cilindrada, injeção direta e turbo gera enorme torque em baixa rotação: é o futuro do automóvel.

Confortos permitidos pela nova onda tecnológica, faróis em leds com sistema que faz passar, sozinhos, do facho baixo para o alto, ou formam vão no centro caso você esteja atrás de outro veículo, para não incomodar seu motorista. Rodas de 17 pol calçadas com pneus de perfil baixo — inadequados aos buracos nacionais. Frente levemente mais alta em relação ao Classe C, permitindo passar quebra-molas sem esfregá-lo nas impróprias barreiras. O rodar é muito agradável por amortecedores sensíveis à velocidade. Firmes em alta, macios em baixa velocidade. Porta-malas grande, 540 litros.

Preço? Promocional, dólar antigo: R$ 259.500.

 

 

Audi nacionaliza o sedã A3

Sem festa, Audi apresentou e iniciou vender seu primeiro produto nacional da nova fase, o A3 Sedan 1,4 TFSI sedã, modelo de entrada. É produzido no parque industrial da Volkswagen nas beiradas de Curitiba, mesma linha de onde sairá o Golf. Para quem se acostumou a vê-lo, importado, como o mais vendido dos Audis no Brasil, exigirá vista apurada para identificar procedência. Na prática o A3 paranaense distingue-se visualmente apenas pelo fato de ser 1,5 cm mais alto, versão para terceiro mundo, terra de desrespeito a veículos e proprietários.

Outras mudanças mecânicas positivas e adequadas às novas condições, há: o motor 1,4 com injeção direta de combustível e turboalimentador é o primeiro turbo flexível da marca no mundo, e saltou de produzir 122 para 150 cv e de 20,4 para 25,5 m.kgf de torque. Com superdimensionamento, Lothar Werninghaus, engenheiro da marca, entusiasmado, crê capaz de rodar um milhão de quilômetros. Há coerência.

Transmissão mudada: saiu dupla-embreagem DSG de sete marchas, entrou automática com seis. Razão prática, não se harmonizam com o piso e tipo de uso para-anda no Brasil. Suspensão traseira trocou o sistema independente, de ancoragem múltipla, pelo eixo torcional com braços longitudinais (“semi-independente”: e há semi-independência?), amortecedores e molas divorciados. Rodas de 16 pol para Attraction e 17 na Ambiente.

Aspecto conforto/segurança, opção do sistema avisador da mudança da faixa de rolamento; luz vigia nos retrovisores externos avisando da proximidade de veículo mesmo sem ser visto; controlador de velocidade capaz de manter a distância do veículo à frente e de frear sozinho. Sensores de água e luz, teto solar, câmera de ré, multimídia podem ser agregados. Faltam, sem explicação coerente, retrovisor interno fotocrômico e ar-condicionado automático.

Versões Attraction, sem opções exceto em pintura, e Ambiente, permitindo agregação de acessórios e facilidades capazes de inflar o preço em até 50% do valor. Mantém-se automóvel harmônico e equilibrado, linhas laterais bem marcadas, sugerindo esportividade e exigindo cores definidas, como o vermelho — nada das anônimas e pasteurizadas cinza e preta.

É um automóvel coerente com a origem alemã, bons materiais, bem compostos, bem aplicados. Assim, couro apenas para as superfícies de contato e na versão superior. Segurança sem comprometimento ou economia fora de hora, freios a disco nas quatro rodas; sete bolsas infláveis (uma para os joelhos do motorista); cintos com três pontos em todos os lugares; fixadores Isofix para cadeirinhas infantis; painel legível, objetivo, sem os desvios de conduta volta e meia adotados por modelos japoneses e coreanos, em tentativa pretensão de reinventar a roda e o zero.

Quanto custa: Attraction, R$ 100 mil; Ambiente, R$ 110 mil.

 

 

Segurança aprova Honda, VW, Ford e reprova GM

Última bateria de testes apresentada pela Latin NCAP, escritório latino-americano da entidade mundial de promoção de segurança veicular, testando veículos através de batida, festeja Honda, Volkswagen e Ford, e repreende General Motors.

Testes são realizados em padrões mundiais e aferem, pontualmente, índices de segurança para adultos e crianças, classificando-os por estrelas entre 0 e 5. Hondas Fit, City e HR-V tiveram nota máxima; VW, 5 pontos para passageiros e 4 para crianças no novo Polo indiano importado pela Argentina; 4 em ambos os pontos pelo Ford Ka. Nota de susto foi para o Aveo, Chevrolet construído no México e enviado à América Latina: zero em segurança. Ocasião institucional, véspera da Segunda Conferência de Alto Nível em Segurança Viária no Brasil, afirmativa desgasta imagem da empresa.

O Aveo é o automóvel mais vendido no México, e sua versão básica, sem bolsas infláveis, marcou zero estrela para adultos e duas para crianças. Secretário Geral do Latin NCAP, Alejandro Furas, lamentou que há cinco anos a Chevrolet vem-se desempenhando negativamente. Em mais de 60 modelos testados é o fabricante mundial com pior desempenho.

O Aveo não vem ao Brasil; viesse, teria que, mandatoriamente ter bolsas infláveis.

 

Roda a Roda

Chinês – GM mais vendido na China, o Buick Envision deve cruzar o Pacífico e chegar ao mercado norte-americano em 2016. Apresentação prevista ao NAIAS, o Salão de Detroit, janeiro. Ideia é compensar queda de vendas na China com um produto sem similar na marca no mercado dos EUA.

Segundo – Apesar da curiosidade, o Buick não será pioneiro em tal manobra. É o Volvo S60, também produzido na China e com exportações já iniciadas. Marcas chinesas não vendem nos EUA.

Multa – Ibama aplicou multa de R$ 50 milhões à Volkswagen pela venda de 17.057 picapes Amarok 2012 e parte de 2013 com software mascarando emissões de poluentes. Diz o órgão federal, baseia-se no maior valor previsto na legislação. Comunicado diz, Volkswagen deve oferecer plano de correção para enquadrar-se na legislação brasileira.

Mais – Procon SP, de defesa dos direitos do consumidor, também se fez presente, com multa de R$ 8,3 milhões. Mesma demanda, realizar o anunciado recall.

Realidade – Difícil imaginar o presidente da Volkswagen, passivo e sorridente, preenchendo cheque neste valor, repassando-o ao Ibama, sem contestar. Há jurisprudência contrária dentro da casa. Caso idêntico, ocorrido na década de 1990, gerou multa de US$ 10 por veículo. No mesmo critério, seriam US$ 170.570, em torno de R$ 700 mil.

Ocasião – Órgãos federal e estadual estão atrasados. Empresa se antecedeu em um mês antes da manifestação do IBAMA e do Procon, prometendo atualizar o software no primeiro trimestre de 2016, quando entrará em operação o recall mundial para 11 milhões de veículos.

Dedo-duro – Matriz VW contratou duas empresas de relevo internacional, a auditora Deloitte e a Jones Day, de advocacia, para ajudar em processo interno incentivando quem tiver informações sobre o software aplicado aos motores diesel, para contar o que sabe. A ideia é acelerar o processo de correção, até agora de difícil cumprimento no prazo estabelecido.

Troco – Promete não oferecer represálias, preserva-os de reivindicações ante danos cobrados à empresa e seus executivos, e até, se de interesse, transferência de local de trabalho. Parece claro para a empresa, não se trata de colocar uma peça, mas de cortar um comportamento interno.

S10 – Qual será o motor a ser utilizado pelos picapes da GM pós-encerramento do contrato de fornecimento pela MWM, como anunciado semana passada?

Sem surpresa – Motor Chevrolet, o mesmo anteriormente utilizado. Que não é MWM, mas projeto GM, com produção encomendada.

Onde? – Ainda sem definição, porém mirando para Joinville, SC, onde tem fábrica de motores ecologicamente exemplar. A marca tem fundição e capacidade para fazê-lo em São José dos Campos, SP, onde vasa e usina motores desde 1958.

Entretantos – Desgastes, as greves, os prejuízos causados no relacionamento com o sindicato local de metalúrgicos, provocaram construção das novas instalações e o constante esvaziar industrial desta planta, incluindo mudar para a Argentina o Projeto Cruze — em testes finais.

Futuro – De todas as más notícias econômicas — que a falta de gestão no país não freia, nem mostra ações, planos ou projetos —, outra ameaça ao bolso do contribuinte: aumento no preço dos combustíveis.

Por que – Enquanto em todo o mundo os preços caíram a menos da metade, no Brasil, para fazer caixa, suprindo o buraco causado pelo ataque à Petrobrás, pensa-se em majorar corajosamente os preços dos combustíveis em 2016. Correios querem o mesmo: aumentar tarifas para cobrir rombo. É o lulopetismo: protegidos furtam, todos pagam.

Comprometimento – Levantamento da Federação Nacional de Empresas de Seguros Privados e Capitalização ante veículos com mais de cinco anos de uso. Maior índice de acidentes se deve a manutenção desidiosa ou feita com peças baratas e de má qualidade.

Solução – Entidade defendeu o fim da isenção do IPVA para veículos com mais uso, e a obrigatoriedade da Inspeção de Segurança Veicular.

Sobre rodas – As máquinas para vender refrigerantes e guloseimas ganharam equivalente automobilístico. Há nos EUA quem compre carro online, recebendo-o em casa. Entretanto a Carvana, especializada no negócio percebeu, alguns compradores queriam posição mais ativa, sem receber domesticamente, ir à loja para retirar.

Solução – Como tal demanda era recuo no processo, erigiu estrutura metálica na Interstate 65, perto de Nashville. Lembra muito a Volkswagen no entregar na Autostadt, também dita Piechlândia (Ferdinand Piech foi o CEO da VW a implantar o negócio), carros de todas as marcas do grupo, em meio a pista fora de estrada e museus. Princípio é o mesmo. Cliente compra online, mas vai à torre de cinco andares para retirar o 0Km. Sensação de conquista é insubstituível.

Surpresa – Levantamento da revista Exame com o Instituto Ibero-Brasileiro de Relacionamento com o Cliente, apontou a Renault como marca com melhor atendimento ao cliente.

Reverência – Lançamento do Ferrari 488 GTB no revendedor Via Itália, em S Paulo, a clientes da marca. Mestre de cerimônias pergunta a Sebastian Vettel, piloto da equipe, tetracampeão em Formula 1, se tem admiração por algum piloto brasileiro, e Vettel diz apreciar o estilo Piquet. Surpresa, proprietário de Ferraris, Piquet estava na festa e subiu ao praticável para agradecer ao alemão.

Retífica RN – Edição passada, Coluna comentou ter sido o projeto Pininfarina do Pajero iO dividido entre Mitsubishi e Fiat. Enganou-se. Foi apenas japonês.

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A coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars

 

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