Francesa comemora 70 anos do 2CV e 50 do Mehari em grande evento de carros antigos
Festa maior do antigomobilismo francês, a Rétromobile, fevereiro 7 a 11, na referencial Porte Versailles, Paris, reúne o finor do colecionismo de automóveis antigos: venda de peças e acessórios para as provectas máquinas, literatura nova e antiga, e marcante leilão tocado pela Artcurial. É o maior evento francês na especialidade, e uma das referências europeias no setor.
Citroën aproveitou a ocasião, levou automóveis antigos para assinalar sua presença e, ante ocasião para festejos, lançou garateias ao espaço histórico: dois de seus produtos icônicos têm comemoração neste ano. O mítico 2CV marca 70 anos, e sua versão aventureira, o Méhari, meio século. E iniciou preparar festejos para sua festa maior, o centenário em 2019.
Coisa ampla, empresa arrematou com novidade de poucos conhecida: um dos quatro remanescentes do Projeto TPV – trés petite voiture -, a origem do 2CV, de produção abortada pela II Guerra Mundial. Em 1948, pós-Guerra em uma Europa devastada, a Citroën apresentou o 2CV no Salão de Paris. De aparente surpresa, o curioso veículo logo mostrou seu brilho: era prático, com portas destacáveis, formas arredondadas, pequeno motor de dois cilindros, dianteiro, caixa de marchas comandada por alavanca no painel. Um exemplo de simplicidade genial.
Por trás de sua criação, o engenheiro André Lefebvre, pai de quatro veículos marcantes: o Traction, no Brasil conhecido como 11 e erroneamente tratando-o como Ligeiro; seu genial sucessor ID e depois DS; o 2CV; o furgão H. Junto, o escultor Flamínio Bertoni. Conseguiram criar veículos díspares, porém no pico máximo da utilidade.
Era o carro ideal para o pós-Guerra, servindo ao agricultor para levar família e cargas; à professora; ao padre. Econômico, fácil de operar e manter, refrigerado a ar, criou um mito, superando 5,1 milhões de unidades em 42 anos em fabricação – 1948-1990. Mereceu, até, produção independente na Argentina como 3CV.
Em 1968, em meio aos protestos de jovens por liberdade numa surpreendida Paris, Citroën apresentou o Mehari. Era tão inovador em criatividade, materiais, uso e proposta quanto o 2CV. Não era substituto, porém versão com pretensões esportivas. Carroceria em plástico ABS, como disse a Citroën em descrição muito própria em adjetivos, dava-lhe aparência fresca, desinibida, despretensiosa, rompia os parâmetros dos conversíveis da época. Pouco dinheiro para comprar e usar, um jato d´água para lavar, e a característica ímpar de andar à beira mar sem sofrer oxidação. Sucesso popular.
Dada a sólida identificação dos automóveis com gerações de franceses, Citroën encomendou duas obras de arte a Stéphane Gillot, diretor de TV com hobby de reviver o imaginário em torno de objetos industriais do passado, exibindo sua visão sobre o Méhari e o 2CV. Citroën expôs também o novo C3 Aircross e incentivou presença de clubes de marca.
Roda a Roda
Nova rodada – Honda City implementou visual trocando para-choques, grade frontal, grupo óptico para marcar modelia e dar impressão de maior volume ao pequeno sedã. Objetivo é mostrar-se mais equipado em relação aos novos concorrentes no segmento, Fiat Cronos – a ser lançado dia 21 -, e VW Virtus entrando em vendas – e daí implementar conteúdo, e abrir leque para cinco versões e preços. Quanto – DX, transmissão manual: R$ 60.900,00; Personal, para clientes com necessidades especiais, CVT: R$ 68.700,00; LX – CVT: R$ 72.500,00; EX – CVT: R$ 77.900,00; EXL – CVT: R$ 83.400,00.
Logística – Fiat adiou e depois mudou local de apresentação do novo sedã Cronos, trazendo-o de Córdoba, Argentina, para a Barra da Tijuca, RJ. Descomplicou. Malha aérea para levar passageiro de fora de São Paulo à cidade argentina exige passar por Guarulhos, SP, e Santiago, no Chile. Dias 21 e 22.
Questão – O Cronos será feito em Córdoba, mas tem engenharia brasileira liderada por Claudio Demaria, o número 1 da área a partir de Betim, MG, e o Brasil será seu maior comprador, absorvendo metade da produção.
Projeto – Cristiano Rattazzi, sempre no. 1 da Fiat Argentina, grandes planos: exportar ao México parte dos 50% sobrantes. Sem o nome Fiat, mas Dodge. Segue o caminho da picape Strada, exportada como RAM 750.
Trilha – Na Europa nova versão do Ka, aqui apresentada como Freestyle, será chamada Ka+ Active. Será versão mundial, aqui em junho.
Enfim – Volkswagen acertou data de apresentação de picape Amarok com a novidade do motor V6, 3,0, diesel: 23 de março.
Números – Abeifa, associação dos importadores de veículos, exibiu 2.422 unidades licenciadas em janeiro. Na dança das estatísticas, crescimento de 24,5% relativamente aos números do primeiro mês de 2017. Parece bom, porém menor 27,1% ante os números de dezembro. Setor mantém o otimismo da venda de 40.000 unidades durante este exercício.
Espelho – Veículos importados deveriam cumprir função institucional de balizar o mercado ao permitir comparação entre produtos estrangeiros e os nacionais. Mas isto não ocorre. Os importados custam mais caro se comparados com nacionais do mesmo porte, e assim mercado se restringe aos mais equipados e caros. Considerando as marcas sem operação local, trazidas por representantes, sua presença no mercado é pífia: 1,3%.
Surpresa – Curando as feridas causadas pela retração de mercado, Mitsubishi surpreendeu-se com premiação. Do sítio Reclame Aqui ganhou a láurea RA 1000, como empresa de mais rápido atendimento para sanar reclamações de clientes. É a primeira fabricante de veículos a receber a láurea.
But Kids – Em seu lugar, jovens pilotos de fórmulas inferiores e karts. Justificativa, divulgar o automobilismo e festejar os melhores pilotos – na cadeia aspiracional à Fórmula 1, pico do automobilismo de competição. Pode ser boa solução institucional, mas plasticamente…
A sério – GM quadruplicou sua fábrica de motores em Joinville, SC. Passou de 15 mil para 61,8 mil m² de área coberta, ampliando capacidade produtiva de 120 mil para 420 mil motores. Catarinenses agradecem novos empregos aos sindicatos do Vale do Paraíba, SP, onde movimentos grevistas convenceram a GM a buscar operação distante, porém sem maiores sustos.
Costumes – Decisão histórica da Arábia Saudita, permitindo a mulheres dirigir, abriu novo mercado mundial. Nissan inaugurou temporada de conquistas com vídeo no qual incentivam mulheres a experimentar condução instruídas por parentes. O vídeo pode ser encontrado no link My.Nissan/She-Drives.
Ecologia – No Distrito Federal, dentro de um ano, os lava-jato não poderão utilizar água na limpeza dos veículos, apenas produtos ecológicos. Medida é a Lei Distrital 6.089/18, já contando prazo.
Gente – Charles Marzanasco, jornalista, 25 anos na assessoria de imprensa da Audi, detentor da cultura da marca no Brasil, saiu. / Tim Kunisis, 51, executivo, novo presidente das marcas Maserati e Alfa Romeo. FCA entende completo o projeto básico de refundação das marcas com novos produtos. Enfatizará vendas nos EUA e produção SUVs, como o Maserati Levante e o Alfa Stelvio.
Espaço patrocinado
Renault investe na produção de motores
Crescimento sustentado no mercado brasileiro e América do Sul levaram Renault a investir R$ 750 milhões em duas fábricas dentro de sua área industrial em São José dos Pinhais, PR. A Curitiba Injeção de Alumínio mobilizou duas mil pessoas em equipes em 11 países, aplicou R$ 350 milhões, recebeu equipamentos e tecnologia para incrementar a produção de blocos, por injeção de alta pressão, e baixa pressão para fabricar cabeçotes do motor 1,6 SCE.
O êxito no emprego dos motores 1,0 SCE e 1,6 SCE, caracterizados por baixo consumo de combustível e ótimo torque em baixas rotações, sua perfeita adequação à variada linha de produtos justifica a aplicação de R$ 400 milhões na Curitiba Motores, CMO.
Renault tem planos de maior penetração nos mercados nacional e nos vizinhos da América Latina, e dispor de capacidade industrial é fator preponderante. A CMO já produziu 3,5 milhões de motores, exportando 1,4 milhão. A unidade industrial contempla novas linhas de usinagem para motores, e virabrequim em aço para os motores 1,6 SCE feitos em casa, e cabeçotes produzidos na vizinha CIA. Na grande equipe montada mundialmente chama atenção a participação dos técnicos e engenheiros da Renault Sport, cedendo tecnologia ESM – Energy Smart Management -, e a bomba de óleo com vazão variável para reduzir consumo, tecnologias absorvidas de sua equipe de Fórmula 1.
Luiz Pedrucci, presidente após larga carreira na empresa, crê na disponibilidade das novas capacidades para aumentar a competitividade e aumentar o índice de produção local. Olivier Murguet, presidente da Renault América Latina, vê o investimento como incontestável prova da crença no país, sua recuperação econômica, e a importância estratégica para crescer vendas na América Latina.
Renault fará inauguração formal das novas unidades dia 6 de março.
A coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars