Hoje em terceiro lugar, marca alemã revê direção comercial e produtos em busca de retomada
Marca detentora por décadas da liderança de vendas no Brasil, a Volkswagen perdeu-a para a Fiat há 14 anos e, em 2016, com a ultrapassagem pela GM, caiu para nunca imaginado terceiro lugar. Questão de reparo complexo, iniciado com negociação na Alemanha, sede da empresa, para reatar o controle da diretoria de vendas no Brasil, a ser exercido pelo presidente local – e não pela direção comercial da matriz, como ocorria; com a indicação de um diretor com conhecimento continental – resolvido com a transferência de Jorge Portugal, da VW Argentina.
Teoricamente o mercado periférico pode ser numericamente igual às vendas domésticas. Num tropeço não previsto, seu fornecedor de bancos e outras partes ameaçou greve e a VW resolveu peitar a ameaça, e ficou sem bancos – e sem fazer carros. Consequência, linha de produção imobilizada, sem fazer veículos, trabalho para desenvolver fornecedores, testar todos os componentes, sugerir mudança até no lay-out industrial e outra mais: indenizar os revendedores subitamente sem produtos para vender.
Com o despencar das vendas, tomou medida rápida e corajosa: sentou-se com Gustavo Schmidt, seu ex-gerente qualificado da área comercial, e foi buscá-lo na Renault, onde era vice-presidente de marcas e vendas, com um portfólio exibindo grande crescimento de vendas sob seu comando. Por valores e vantagens não vindos a público, Schmidt iniciou seu terceiro período na marca.
Missão
Terceiro passo será reduzir lista de opções nos produtos, entre motorização e acessórios. Quer facilitar para cliente e rede, especialmente quanto a estoque. Outro ponto, criar versões inspiradas no Fox Pepper para todas as linhas. Tal adição tem pintura vermelha e itens decorativos e de composição. Será a versão de topo em cada um dos grupos de veículos em produção: Up, Gol/Voyage; Fox; Golf; projetado utilitário esporte médio. Introdução de novos produtos importados, como novo Jetta e novo Tiguan de sete lugares, a serem construídos no México sobre a plataforma MQB, mesma do Golf. No topo da escala, Passat e Touareg.
Racionalização, melhor entendimento, novos produtos. Para quem se motiva por desafios, é muita provocação.
Roda a Roda
Ecologia – Donald Trump, presidente dos EUA, quer cumprir promessa de campanha: desconsiderar ecologia em nome de crescimento. Revisará para baixos índices de consumo e emissões. Já começou por encurtar verba no Orçamento oficial. Marcha à ré, troca o futuro pelo presente, coisa de prefeito tosco. Lá, sindicato dos metalúrgicos de automóveis deve iniciar campanha pela compra dos carros de produção local, tipo Buy American.
Ascensão – BMW trará ao Brasil apenas o topo da Serie 5, versões M Sport. No caso, 530i e 540i. Respectivos R$ 314.950 e 399.950. Vendas em maio. Foca nas qualidades dinâmicas, tipo sedã premium esportivo.
Expansão – Tentativa expansionista, além de estruturar-se para frequentar o mercado norte-americano, Agrale quer aumentar presença na América Latina, e submete modelo AM41 do Marruá às Forças Armadas Argentinas. Proposta é via caminhãozinho 4×4 com tecnologia do jipe Marruá. Pesa 2,5 t, idêntica capacidade de reboque, motor diesel MWM 4,8 litros, 165 cv, 61,2 m.kgf. Marca tem crédito no vizinho: seus ônibus lideram transporte coletivo em Buenos Aires.
Tecnologia – Ford apresentará motor de três cilindros, 1,5 litro, com novidade no Brasil para tal formulação, do emprego da tecnologia de árvore de balanceamento. Peça girando em rotação contrária ao motor, para anular as vibrações de funcionamento, característica acendrada dos motores tricilíndricos.
Tecnologia II – De esperar-se a curto prazo a substituição dos motores 1,2 Puretech em Peugeots 208 e Citroën C3, ante aquisição por sua holding PSA da alemã Opel. Produzem ótimo 1,0-litro tricilíndrico com árvore de balanceamento. O motor 1,2 da PSA também é importado.
Futuro – Governo Federal ouve empresários do automóvel para conformar nova legislação de incentivos. Não quer utilizar denominação Inovar-Auto, hoje em fim de vigor e condenada pela Organização Mundial do Comércio por protecionismo. Por ela país atraiu marcas como Mercedes-Benz, Audi e Jaguar/Land Rover, acenando com facilidades legais como o índice de nacionalização anterior à implantação da indústria no país. Tipo o praticado em 1952.
OEM – Sigla identificadora dos equipamentos originais de fábrica de veículos, Michelin tornou-se fornecedora de Toyota e GM no Brasil com modelo Primacy 3. Na Toyota equipará o Corolla. Na GM, Cobalt, Spin e Onix Activ. Picape S10 e Trailblazer usarão LXT Force. Proprietários agradecem. Há tempos GM equipou seus carros com pneus chineses, para os quais não havia reposição.
Luz – Pioneira em iluminação automotiva alemã Osram tem novas lâmpadas Lampled. Temperatura de até 6.000k, capazes de reduzir consumo de energia em até 80%. 11 aplicações para lanternas; preços entre R$ 10 e R$ 100. Para faróis começará pelos de neblina, com lançamento em abril.
Tecnologia – Projeto da Companhia Brasileira de Alumínio concorrente do Prêmio Rei 2017 de excelência automotiva. É sobre uso de alumínio de alta resistência como absorvedor de impactos, um passo à frente em tendência no setor. A CBA é nacional, empresa Votorantim.
Expedição – Mercedes-Benz e Goodyear apoiam viagem de seis jornalistas de São Paulo a Nova York. Vão em GLA Advance feito em Iracemápolis, SP, calçados com pneus Goodyear Efficient Grip SUV. Coletarão material para série com 40 capítulos sobre os 14 países nos 23.000 km a percorrer. Acompanhar dia a dia? Redes sociais, @expedspny.
Gente fina – Comando de Policiamento de Trânsito em São Paulo apreendeu Hyundai Tucson com quase R$ 5 milhões em débitos por infrações de trânsito e impostos, maioria por excesso de velocidade e uso de faixa exclusiva de ônibus.
Esperança – Vitória do alemão Sebastian Vettel, com Ferrari, no GP da Austrália domingo passado, após ano e meio sem a equipe vencer uma prova, traz esperança de competitividade à Fórmula 1. Grande questão é: vitória foi por rendimento dinâmico superior, melhor planejamento na parada nos boxes ou fato aleatório? Temporadas passadas a Mercedes passeou graças a estrutura, projeto, acerto dos carros, e a imbatível tecnologia no uso do turbo. O desenvolvimento dos Ferrari por si só supera os Mercedes ou foi resultado aleatório? Só as outras provas dirão.
Gente – Guy Rodriguez, argentino, executivo, mudança. VP de Vendas e Marketing Nissan América Latina. Base no México, comandando 35 mercados. Rodriguez foi diretor de vendas da Ford Brasil. Substitui José Román, convocado para liderar a marca Datsun no Japão. Nissan no Brasil é case para faculdades de administração: é a marca com maior rotatividade de produtos e diretivos. / Marco Silva, brasileiro, financista, ascensão. Deixou diretoria financeira para assumir a presidência da Nissan. François Dossa, francês, ex banqueiro, ex presidente da empresa, mudança para função incerta e não sabida. / Tulio Marco Silva, mineiro, especialista em T.I., alfista de carteirinha, mudança. Deixou o país, foi-se a Portugal. Cansou-se com a falta de perspectiva de aguardar o Brasil tornar-se forte e justo. Mau negócio para o país. Exporta talentos, sem receber para cobrir a perda.
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