Ford e o carro do seu futuro

De Carro por Aí - Nasser

Ka recebe versão Freestyle; será único veículo leve Ford produzido no Continente, pois Focus não será renovado

 

Ford divulgou seu próximo produto, o Ka Freestyle, a ser comercializado no segundo semestre. Tem linhas e morfologia seguindo a tendência nacional de criar hatches com jeito de utilitário esporte, graças a pequenos truques como maior altura livre do solo, barras no teto, publicidade apresentando-os como se fossem um pequeno Land Rover. Há, também, o auxílio da imprensa, chamando-os indevidamente de jipinhos.

Desenvolvimento foi feito pela Ford local, em conjunto com a da Ásia. O sucesso assinalado há alguns anos pelo Ecosport mostrou a competência da equipe nacional em produzir versões diferenciadas sobre mesma plataforma, a custos contidos e com aptidão para enfrentar o selvagem asfalto de nossas ruas. A considerá-lo versão enfeitada, houve amplas intervenções – veja o porquê ao final deste bloco. Mecânica é positivo desenvolvimento, com extensas alterações. Motor, antes importado e agora produzido no interior paulista, é tricilíndrico de 1,5 litro, da moderna família para carros de países pobres. O inicial modelo brasileiro não utilizará turbo — Ecoboost, como trata tal importante adjutório.

Entretanto, aspirado, oferece ótima potência específica, e apesar de pequena queda de potência para a adaptação mais fina às condições nacionais, oferece 128 cv com gasolina e 136 com álcool. Transmissões automática com seis marchas – como no Ecosport, largou de lado a problemática Powershift – e manual com dupla sincronização nas três primeiras marchas. Para falar a linguagem do comprador, cada vez menos carro e mais conectividade, oferece tela com 16,5 cm e central multimídia. Itens para situá-lo acima de seus irmãos de linha incluem controle de estabilidade e tração, auxiliar de partida em rampa, sempre ocioso rack de teto, rodas de 15 pol e bancos com apliques em couro, tipo charme com economia construtiva.

 

 

Houve dedicação no cálculo e nas modificações estruturais, incluindo reforços, aplicação de aços especiais, em alguns pontos em chapas mais espessas para dar mais rigidez torcional e resistência mecânica à carroceria. Suspensão também foi adequada a exigências superiores ao uso apenas em asfalto bom e liso. Para maior estabilidade e conforto de rolagem, bitolas foram aumentadas em 30 mm, eixo traseiro é 30% mais rígido e a barra estabilizadora mais espessa. Em nome da atualização estética, desempenho e consumo, apesar do aumento da altura em relação ao solo, o coeficiente de resistência aerodinâmica reduziu-se ao Cx de 0,33. Carroceria mereceu tratamento fonotérmico para ser o mais silencioso da categoria.

Paralelo
Para calçar atrativo de vendas, terá iniciativas homeopáticas: ao lançamento irá financiá-lo com taxa zero em 24 prestações. Antes, em pré-venda, bônus de R$ 2.000 valorizando carro usado, com oferta das três primeiras revisões, por si só uma economia de R$ 2.000. Preços? Pré-definidos para lançamento no segundo semestre: R$ 63.500 com transmissão manual e R$ 68.000 com automática. Divulgação antecipada é para provocar o mercado.

Mais, muito
Se você achou atrativo e de bom tamanho, é mais. Para a Ford Brasil é o caminho do futuro. O Ka Freestyle, em seu próximo retoque estético, projetado para o fim de 2019, será a síntese dos automóveis Ford na América do Sul. Recente decisão da matriz norte-americana da empresa definiu cortar prejuízos regionais, como o caso da América do Sul, minguando operações industriais. Empresa continuará a fazer e exportar motores e suas partes produzidas em Taubaté, SP, mas em termos de veículos leves próximo ano colocará Ka, Fiesta e Ecosport num funil e o resultado final será o Ka Freestyle então renomeado Active.

Válidas as definições traçadas pelo presidente mundial da companhia ao início do ano, será o único veículo leve Ford produzido no Continente, pois além da síntese dos produtos brasileiros, o argentino Focus não será renovado. A definição, já contada pela Coluna em fevereiro, inclui desmobilizar a enorme fábrica em São Bernardo do Campo, SP, encerrando também a fabricação de caminhões. A atividade industrial ocorrerá apenas em Camaçari, BA. A operação Troller, praticada no Ceará, tem vida garantida apenas até o final do contrato de incentivos regionais. Para manter a viabilidade econômica da rede de distribuidores com a redução de oferta, deve implementar a importação de produtos.

Não se trata apenas de mais uma versão ao mercado brasileiro, como a Ford o apresenta, mas de produto mundial incluindo o Brasil como uma das bases de produção. A Ford quer tê-lo como carro de entrada em 125 países.

 

Volkswagen já testa o T-Cross

VW T-Cross, fim do ano (projeção Arvarii/foto Autocar)

Programado para lançamento no Salão do Automóvel, em novembro, com vendas imediatas, Volkswagen acelera a finalização do projeto do T-Cross. Empresa continua seu programa de testes. Semana passada levou-o à parte norte do circuito de Nürburgring, atualmente point para marcar comportamento extremado entre curvas e velocidade elevada – e onde, na categoria o SUV Alfa Romeo Stelvio deu um pau de fazer o Porsche Cayenne perder o rumo e a pose.

Razão dos testes na Alemanha – e no circuito onde se instiga a tomada de fotos, como no caso pela revista inglesa Autocar – integra experiências internacionais, pois o veículo tem a pretensão de ser mundial. Antes, durante o inverno boreal, havia sido testado na Escandinávia. O T-Cross será o segundo degrau em dimensões de grande ofensiva da Volkswagen de participar do segmento de SUVs. Acima dele haverá o T-Roc e o Tharu, a ser produzido na Argentina.

O T-Cross é feito sobre a versão da plataforma MQB A0 hoje empregada no Brasil para fazer Polo e Virtus, e apesar dos locais de testes, será limitado a versões com tração apenas dianteira. Motorização básica, o tricilíndrico 1,0, 12 válvulas, com potência aumentada à casa dos 130 cv, transmissões automática e manual. Baia do motor também permitirá opções de 1,4, quatro cilindros, turbo; 1,6 litro, 4 cilindros, aspirado, transmissão manual. Dado informado pelo Autoblog diz de versão especial, a ser identificada pela sigla GTS.

 

 

Em julho, o Citroën C4 Cactus

Citroën fez restrita apresentação de seu modelo C4 Cactus. Algarismo pode sugerir ser maior ante o C3, produzido em Porto Real, RJ, mas a plataforma é deste conhecido automóvel, também servindo a Peugeots 208 e 2008. Tomou como base o modelo espanhol, ora em meia vida, fazendo-lhe mudanças. De maior presença visual, a redução nas dimensões das almofadas aplicadas às portas, grande caracterizador do modelo. Sem dispor de utilitário esporte entre seus produtos, Citroën tanta aproximar o automóvel da imagem de SUV, sem sê-lo, e por isto ampliou a distância livre do solo, e aplicou barras de alumínio ao teto.

Por enquanto apenas uma motorização, frontal, transversal, o 1,6-litro quatro cilindros, 16 válvulas, com turboalimentador e 163 cv. Tração dianteira, transmissão automática. Numa segunda série, previsível use motor 1,6 litro, aspirado, 115 cv. Dizem, vendas em julho.

 

Encontro de Araxá mudou: 7 de setembro

A inexplicada greve imobilizando caminhões – quem comandava? Caminhoneiros, transportadores, patrões? — encerrou mostrando prejuízos: produtos não construídos, impostos não recolhidos, produção agropecuária com perdas irreversíveis, vidas arriscadas ou perdidas. Na área turístico-cultural, a falta de transporte provocou o cancelamento do Brazil Classics Renault, maior encontro de veículos antigos, e seu adiamento para o período 7 a 9 de setembro.

Organizadores amargaram prejuízo de aproximados R$ 200 mil relativos à montagem de tenda e arquibancada para os eventos de leilão e premiação – o serviço foi realizado e não utilizado. O Grande Hotel, base do encontro, manteve as reservas, honrando a parceria de quase 30 décadas. Vendedores de peças e partes perderam a viagem. Para transportar, instalar-se, chegam com anterioridade a Araxá, como ocorreu neste ano, sendo instados a recolher as mercadorias, reacondicioná-las para retorno.

Um outro componente foi considerado para a decisão. Num movimento sem controle, freio ou autoridade interna ou externa, concluíram os colecionadores não ser viagem pacífica transformar o transporte dos veículos caros e raros fazendo-os cruzar regiões de ânimos exaltados.

Patrocinadores, como a Renault, entenderam a causa externa como impeditiva, e mantiveram o investimento. Organizadores querem saber para onde mandam a conta dos prejuízos? Para o Palácio do Planalto, sem informação ou noção? Para as entidades se apresentando como aglutinadores dos motoristas, porém sem controle? Aos empresários de transporte, com cara de papagaios de pirata, autores de uma ridícula pauta de exigências? Para o Ministério da Segurança Pública, último a saber e a se manifestar? Ou aos presidentes da Câmara e do Senado, por ação ou omissão?

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A coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars

 

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