FCA testa, ajusta e amarra o pacote Brasil — e a países em desenvolvimento — para venda ao início de 2018
Mostrado em junho de 2015 em festa emocionante — relançar da marca e do museu em Arese —, o brioso sedã Alfa Romeo Giulia não está à venda no Brasil. Mas virá. Não há fabricante de automóvel premium a desprezar cliente local, com as concorrentes Mercedes, BMW e Audi produzindo aqui. Operação séria, faz adequações ao Brasil, evitando problemas com buracos das ruas e estradas e acidez da gasolina com álcool.
Membro do grupo relata o método para agilizar a fórmula: parte ligada ao combustível foi resolvida no projeto. Localmente, com testes físicos, quer sugestões de factilidade, com o muito aprendido para ajustar e amarrar o pacote Brasil – e a países em desenvolvimento —, especificando tais partes para inclusão na linha de montagem italiana, trazendo os Giulias já conformados e prontos para venda ao início de 2018.
Aos navegantes: ínvias as elocubrações internéticas sobre versão barata com motor 2,7 litros ou 2,0 Tigerhawk do Jeep Compass, a ser lançado nos próximos dias, descrito na Coluna. Seria tiro nos pneus. Renascer do Alfa resgata via histórica: desempenho diferenciado, agora com motores V6 2,9 biturbo, 510 cv, ou quatro-cilindros 2,0 turbo, 300 cv.
Volkswagen vai direto à fonte
Automóveis – e toda a malha da mobilidade, de bicicletas a Boeing 780 — são feitos por atividades internas e pela compra de peças a fornecedores externos. E fábricas não têm mais estoques, exceto coisas emergenciais. Partes são encomendadas a fornecedores pré-testados e aferidos, chegando à linha de montagem na hora e na sequência de instalação nos veículos em produção. Processo prático por liberar a cliente de fazer partes fora de sua especialidade, por não gerir estoque e transporte interno, mas extremamente angustiante pela rigidez do acompanhamento da qualidade, da ordem e da chegada.
O fabricante de autopeças não produz todos os componentes do produto – às vezes nem o faz, ganha o contrato e barganha comprar com terceiro fornecedor. Daí alguns dos misteriosos defeitos.
Volkswagen e Fiat tiveram sérios prejuízos há pouco tempo quando novas empresas externas adquiriram fornecedores nacionais e, razões ou não, à parte, delongaram ou suspenderam entrega de componentes. Fiat, latinamente, compôs-se em conversa. VW, sem latinismos, foi para a Justiça.
Os adquirentes dos fornecedores mundiais com sede na Bósnia, parte da antiga Iugoslávia, antes controlada pela União Soviética, talvez pelo entusiasmo do capitalismo de pouca idade, para negociar preços têm interrompido o fornecimento, feito muito reduzir produção ou paralisar fábricas. Volkswagen foi para a briga mundial. Encerrou o relacionamento e está indo, diretamente ou por anúncios em jornais, aos subfornecedores dos fornecedores, avisando querer comprar partes diretamente. Quer-se livrar do unificado controle externo. Partes afetadas são componentes externos da transmissão e bancos.
Caterham olha para trás
Revendedor, quando a Lotus o descontinuaria, deflagrando onda mundial de cópias domésticas, em 1973 a Caterham adquiriu direitos, manteve produção.
Em 2017 inicia comemorar 60 anos do icônico 7, ainda fiel à origem nestes tempos onde mão de obra artesanal, costuras feitas à mão, conceitos antigos. Ainda tem lugar ante a atividade pasteurizada, sem emoção, o fazer automóveis sob regras de globalização, produtividade, ecologia e aerodinâmica. Evoluiu andando para trás. Tomou como base os modelos de origem, aplicou-se a rever e influir no produto atual. Começou pelo motor – era Ford Anglia 1,1-litro, no Brasil fabricado fugazmente sob o nome de Ford Endura 1,3. Substituiu por Suzuki tricilindrco, 1,0 litro, aspirado, 80 cv. Vale a Teoria de Chapman: pesa menos de 500 kg, 0 a 100 km/h em 6,5 segundos e acaba a 200 km/h.
Na busca pela identidade visual com o modelo de origem, para-lamas frontais mais estreitos; pneus mais finos; rodas em chapa, calotas cromadas, simplificou a relojoaria do painel por desenho de época, idem para volante e estofamento. Fará apenas 60 unidades, já vendidas na apresentação no Goodwood Revival, circuito de Donnington Park, Inglaterra, semana passada.
Charme custa. Mais, muito mais. Em libras, 10 mil a mais ante preço do modelo básico, o 160, simplificado para se tornar edição especial. Na Inglaterra, 28 mil libras, aproximados R$ 123 mil. Não virá ao Brasil.
Lapo, herdeiro FCA, junta-se à Pagani
Criativo, controverso, personagem da moda, visto como brilhante em marketing e promoções – foi dele o projeto de lançamento do Fiat 500, na verdade o relançamento da marca Fiat —, um dos seus negócios é a Garage Italia Customs, nada de simplória oficina de consertar automóveis, mas empresa de personalização de Ferrari, Maserati, Alfa Romeo e Abarth, marcas sob o guarda chuva FCA. A Pagani é a primeira extra-FCA.
O argentino Horacio recebeu Lapo e equipe de Lapo em Milão, onde está a Pagani, disponibilizando um monocoque em fibra de carbono, a estrutura do automóvel, pintada superficialmente, para fotos e avaliações de volumetria, e início de propostas.
Personalização? O que faz o herdeiro de tanta fortuna num negócio aparentemente pequeno? Não é coisa restrita. Segundo explicou à agência noticiosa Ansa, o mundo da personalização é negócio de 93 bilhões de euros ao ano, e a empresa do mais novo dos Elkan se fixou na indústria do movimento – bicicletas, motos, automóveis, helicópteros, aviões. Ponto de união dos reconhecidos talentos de artesãos italianos e de fornecedores de gama elevado, como freios Brembo, pneus Pirelli, Sabelt e outros do mesmo nível para agregar excelência aos projetos.
É um passo para aquisição do negócio? Para entrada do trisneto do fundador da Fiat no ramo de veículos esportivos de sua predileção? Quem sabe?
Foto: Lapo (esquerda), Pagani e o monocoque do Huayra
Roda a Roda
Ford – Imprensa insiste, Ford encerrou projeto de nova família de carros de entrada. Sendo, má notícia. Significa, o novo presidente da Companhia chegou para cortar custos, equilibrar números, fazer lucro. Bom como projeto de sobrevivência, ruim para a companhia, revendedores e mercado sem renovação de produtos nos próximos anos.
Novidade – Hyundai do Brasil — a coreana, de Piracicaba, SP, não a paraibana em Anápolis, GO — anunciou novo produto, o Creta. Trata-se de utilitário esporte de dimensões superiores ao HB20 aqui produzido, entretanto mecânica comum: motor 1,6 flexivel, transmissão automática. Significado amplo, indica, em breve o sedã Elantra poderá aparecer na mesma linha de montagem, pois dividem plataforma. Creta no Salão do Automóvel, novembro. Mercado para SUVs dominará vendas.
Charme – Não tem a pretensão de disputar com Paris ou Frankfurt a alternatividade do maior salão de automóveis da Europa. Mas parece mirar sobre o da gélida Genebra, Suíça. É o SIAM Monaco, salão de automóveis no charmoso balneário.
Razões – Proteção do Príncipe Albert, patrocínio da Michelin e empresas francesas. Quer misturar ecologia, inovações, tecnologia, e o charme da cidade e suas atrações – testes, por exemplo, a partir do porto Albert I, pelo Forum Grimaldi, Praça do Cassino, Espaço Fontevieille, praça do Palácio. Atrações de indústria e, possivelmente, carros do Museu de Mônaco entre antigos e de corridas. Pretende superar 100 mil visitantes. 16 a 19 fevereiro. Antigomobilista indo à Rétromobile em Paris, 8 a 12, pode esticar o programa. Mais: www.salonautomonaco.com. Pode não ser o rei dos shows, mas será o Salão do Príncipe…
Líder – BMW lidera vendas de motos acima de 500 cm³ de cilindrada, marcando 18,77% das preferências. No período entregou 4.620 motos entre R 1200 GS e GS Adventure; F 800 GS e Adventure; S 1000RR e 1000XR.
Mais – Anunciou montar novo modelo, a F 700 GS, enquadrando-a como Big Trail Premium, e a R$ 39.950. Diz oferecer mix de versatilidade no asfalto, conteúdo tecnológico, dirigibilidade em uso misto, e conquistar clientes com menor altura, pois o banco fica a 82 cm do solo, distância levemente inferior à da irmã de linha, a GS 800. Motor comum às duas, dois cilindros, 75 cv, torque de 7,7 m.kgf, freios a disco com ABS nas duas rodas.
Outra – Mercado bom e rentável para motos maiores, outra montadora de motos, a Triumph, após versões da Tiger Explorer XR e XCX, apresenta a XCA, pacote superior em refinamento mecânico, eletrônica, acessórios. Tricilíndrica, 1.215 cm³, 139 cv, R$ 78.500.
Ecologia – Grupo BMW – automóveis, motos, carros Mini e Rolls-Royce – foi novamente indicado como o grupo automotivo mais sustentável do mundo pelo índice Dow Jones. Boa láurea na comemoração dos 100 anos. Segredo está em envolver-se no processo e não apenas no tratamento de resíduos, policiando, por exemplo, as práticas de seus 1.900 fornecedores.
Gente – José Luiz Vieira, engenheiro, jornalista, 84, atento. Fez parceria em sua revista Carga e Transporte com colegas Ivo Matos e Monise Radau. No setor há, acredite, 60 anos, JLV continuará editando seu blog sobre veículos e tecnologia, o Tech Talk. / Alex Pacheco, engenheiro, promoção. VP da Johnson Controls para Brasil e Cone Sul. Rodrigo Moreira, administrador será diretor geral aftermarket Brasil. Dentre negócios da empresa estão baterias Heliar. / Fernando Miragaya, carioca, jornalista, crescimento. Coordenará sucursal RJ do paulistano Diário Comércio e Indústria. DCI dedicará duas páginas diárias aos fatos econômicos cariocas. Antes se aplicava a temas automobilísticos em O Globo.
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