Raptur, a picape grande da Renault

De Carro por Aí - Nasser

 

Projeto tripartite de utilitário foi desenvolvido em conjunto com sua associada Nissan e com a Mercedes-Benz

 

A Renault apresentou hoje (3) em Paris, sob o nome Alaskan, o protótipo de sua picape Raptur. Na prática, a terceira parte de projeto tripartite desenvolvido em conjunto com sua associada japonesa Nissan e com a alemã Mercedes-Benz. Trata-se de produto para atuar em faixa superior à da também picape Oroch, a ser apresentada no fim deste mês, nova concentração de esforços da Renault. No caso, a Raptur — como a Nissan NP 300 ou nova Frontier e a Mercedes Classe GLT — serão maiores, com motores a diesel e opção de tração nas quatro rodas.

A apresentação foi conduzida pelo holandês Laurens van de Acker, designer chefe da Renault, e a morfologia não foge ao padrão mundial de porta dianteira de acesso confortável, sofrível para a posterior, caçamba curta. A linha a costurar as três fortes marcas é a facilidade industrial e tecnológica da Aliança Renault-Nissan. A primeira ocupa os históricos prédios onde a IKA se instalou para fazer Jeeps na Argentina. A Nissan recentemente se declarou em processo de implantação no vizinho país e ocupará espaços na área da associada Renault.

O desenho é claro para a aliança franco-nipônica, com a Nissan utilizando sua tecnologia para produzir o chassi rolante, transmissões, eixos. Novo motor Nissan de 2,3 litros, um ou dois turbos, já enquadrado na regulamentação Euro 6 para os produtos da Aliança, e cada um deles produzirá a carroceria em chapa de aço para dar caracterização visual de marca.

No caso da Mercedes-Benz, dúvida resta se o chassi será transportado da fábrica Nissan, dentro da área Renault nas proximidades de Córdoba, até as beiradas de Buenos Aires, onde está sua fábrica argentina, para ser vestido e ter aplicado motor da marca. Como informado na semana passada, Nissan e Renault tê-las-ão à venda em 2017. Mercedes diz apenas em 2018. A fórmula tripartite de meios, facilidades e sinergias viabiliza presença de Renault e Mercedes em segmento onde não tem representação. A operação foi furo da Coluna.

 

 

Celta caiu do telhado

Apesar de não se manifestar sobre o fim oficial do Celta, confirmação da General Motors no Brasil e quantitativo vieram em documento distribuído nas comemorações da produção de 500 milhões de veículos. Total reuniu mundialmente todas as marcas que estão ou estiveram sob o guarda-chuva da GM, surgida há 107 anos, com junção das marcas antigas: Buick, Oldsmobile, Cadillac, Oakland.

O Celta, projetado e construído sobre a plataforma do Corsa em Gravataí, RS, foi lançado em setembro de 2000 e até junho passado, quando descontinuado, havia produzido 1.799.870 unidades. Fim da fabricação não se deu apenas por conta do encolher do mercado doméstico, perdendo ¼ de vendas relativamente ao exercício passado, mas principalmente pela equação econômica visando o futuro.

Números não justificaram sua atualização, e a supressão abre espaço industrial para a montagem complementar em Gravataí da segunda geração do Chevrolet Cruze, o Projeto Phoenix, de partes enviadas a partir da Argentina. Greves, interrupções, arrepios e desconfiança de parte a parte entre a fábrica da GM em São José dos Campos, SP, e o sindicato local de metalúrgicos pela insegurança definiram a migração dos recursos para instalar fábrica de transmissões em Santa Catarina e do automóvel em Rosário, na Argentina. Raiz do negócio é o fato de o Cruze oferecer lucro muito superior ao Celta.

Foi produto extremamente rentável, de construção simplória sobre o igualmente simples Chevrolet Corsa.

 

Roda a Roda

Abraço – Sabido, polêmico e marqueteiro, Sergio Marchionne fez entrevista coletiva e mandou recado à GM sobre a oportunidade de fazer negócios com a FCA — Fiat Chrysler — e ampliar faturamento o lucros.

Nem aí – A GM fez cara de paisagem, dizendo estar mais preocupada em fazer fusões internas, aludindo ao tamanho gigantesco e necessidade de cortes. Ainda tem sequelas das queimaduras quando assinou memorando para associar-se à Fiat e, para sair, gastou US$ 4 bilhões, início do grande buraco de sua crise.

Procura – O titular da FCA vem indicando: o único caminho de salvação da indústria automobilística é operação em escala, gerada por fusões entre marcas diferentes. Já mostrou interesse em associação com a Honda e a Suzuki.

Retrô – Fiat quer fazer surpresa ao mercado dos EUA no Salão de Los Angeles, novembro: a volta do modelo 124, sucesso nas décadas de 60 e 70. Na prática apenas o nome tem apelo com o passado. Produto será novo, não italiano, mas japonês Mazda MX5. Mecânica Fiat, basicamente o motor 1,4 turbo em vários degraus de potência, incluindo versão Abarth. Vendas em meados de 2016.

Barreira – Na disputa surda travada com VW Golf, líder da categoria, Peugeot francesa faz marcação cerrada com o 308. Ano passado apresentou versão com conhecido motor 1,6 HTP elevado a produzir 270 cv. Agora chega a 308 cv. Lançamento no Salão de Frankfurt.

Especial – É para corridas e ajeitado a tal uso. Ideia é disponibilizá-lo para um campeonato francês, o 308 Racing Cup, e outros europeus. Visto o motor 1,6 fornecendo 308 cv, surpreende o desenvolvimento de potência, torque e durabilidade, em grandezas antes inconciliáveis, como a elevada relação peso-potência e vida longa.

Civic 2016 – Honda apresentará a 10ª. geração do Civic no meio de setembro, nos EUA. Novidades maiores, estética fluida e nova família de motores, quatro-cilindros, 1,5 litro, turbo com o sistema de válvulas VTEC e, em tempos de automóvel cruzado com smartphone, tela tátil para comando de informação e divertimento compatível com Apple e Android. Na foto, versão cupê conceitual mostrada em abril.

Aqui – Honda já faz encomendas a fornecedores de maquinário e componentes e prevê produção em meados de 2016, dependendo de finalizar a nova fábrica em Itirapina, SP, remanejando produção de Fit, City e HR-V. Não conversa sobre a nova motorização para o Brasil — mas virá.

Mercado – A fim de carro importado? Corra e compre. Os estoques foram adquiridos em dólar mais baixo, e impostos incidirão sobre tal valor. Os importadores estão em fase crítica, e com a certeza de não conseguir repor estoques, sustam a compra de veículos novos, à espera de alguma novidade no comando do país para afastar o negativismo, artificial fomentador da desvalorização do Real.

Extensão – Observação vale para tudo importado ou com elevado conteúdo estrangeiro, como eletrônicos e bebidas — e estes terão aumento de IPI ao final do ano.

Charme – Fiat insiste em divulgar sua marca e produtos em artigos de charme. Tem nova linha de presentes Fiat 500 PinUp by Carpe Diem, criada por esta empresa sobre os dois ícones dos anos 50: o Fiat 500 e as Pin Ups, musas da sensualidade. Coleção no comércio e em www.fiatfashion.com.br.

Pena – Grupo Hyundai-CAOA assinou TAC, Termo de Ajuste de Conduta com o Ministério Público de São Paulo. Por conta das insistentes mentiras contadas em anúncios denunciados pelo Conar, o conselho de auto-regulamentação publicitária, foi condenado e pagará com doação de 68 caminhõezinhos baú a entidades pias.

É pouco – Penas deveriam ter aplicação imediata. Com o passar do tempo entre a infração e a punição, a indução a erro terá efeito, motivando compras. Assim, no caso, o buscado por cliente e a agência Z+: vender carros. A atual forma é incentivo ao mal feito, tipo minta e venda agora e aguarde as chances no futuro.

Opção – Depois do jipe militar Marruá, a gaúcha Agrale desacelerou sua fabricação e se aplica a caminhões pequenos, cabine simples e dupla para uso fora de estrada. Mercado ocioso desde o fim do Toyota Bandeirante.

Caminho – Mudança os marca como nova geração, com pequena mudança estética, capacidade mecânica de até 80 cm de profundidade, e opcionais confortos automobilísticos — ar-condicionado, direção assistida, kit multimídia, câmera de ré. Preços partem de R$ 170 mil.

Surpresa – Foton diz ter sido a terceira marca mais vendida entre janeiro e agosto nas regiões Norte e Nordeste, até 3,5 toneladas. Caminhões de rodado traseiro duplo e simples, condução por motoristas com CNH categoria B. É chinês, porém com motor Cummins, injeção Bosch e transmissão ZF.

Questão – Até o lançamento do Plano Real, com inflação ativa, consumidores corriam aos supermercados nos dias de receber salário, para fazer grande compra mensal. Era maneira de perder menos, investir no encher porta-malas. Então, sedãs e camionetas eram preferidos ante necessidade de acomodar inúmeras sacolas. Com o acerto do Plano Real e a inflação baixa, preços quase estáveis, hábito mudou, dispensando as compras volumosas.

Muda? – Agora, com preços ao sabor da especulação, voltarão a ser preferidos os carros com grande espaço para receber o investimento em comida e material de limpeza? Ou a falta de controle na economia nacional é passageira?

Negócio – Implantação do Renave, Registro Nacional de Veículos, foi saudada pela Secretaria da Micro e Pequena Empresa ao dispensar agências de carros usados da obrigatoriedade de licenciá-los em seu nome até o momento da venda. Agora serão relacionados como estoque por meio eletrônico. Detrans não gostarão de perder receita, mas tal operação tem custos elevados, sempre repassados ao comprador.

Mais – Nestes tempos de desgoverno, prefeito petista Fernando Haddad, de São Paulo, exercitou a criatividade partidária da socialização da má gestão: propôs criação de imposto adicional sobre combustíveis, coisa de R$ 0,10/litro. Destinação municipal para aplicação em transporte público. Para lembrar, no descalabro da maior soma de impostos, já pagamos 30% sobre os combustíveis.

Tecnologia – Hackers nominados aqui na Coluna ao assumir, via celular e Bluetooth, o controle de veículo de terceiro, têm novo emprego. Após desenvolver um bloqueio para evitar tal ocorrência em carros FCA, foram contratados pelo Uber.

Ecologia – Revenda BMW Barigui em Maringá, PR, recebeu certificação LEED, de orientação ambiental para construções com foco de relacionamento positivo com o meio ambiente: espaço sustentável, eficiência no uso de água. Primeira na América Latina a conseguir a láurea.

Retífica RN – Matéria sobre não aquisição da TAC pela Fiat, a par do interesse provocado, fez aflorar engano ora corrigido: foram 200 os motores fornecidos pela FPT — e não os 1.000 citados. Ou seja, produção inferior a tal número.

Gente – Amedeo Felisa, CEO da Ferrari, demissionário. Aguarda indicação de substituto. Sergio Marchionne, número 1 da FCA, visto como interessado no cargo. / Conselho da Volkswagen colocou em votação extensão do contrato de Martin Winterkorn como CEO até o final de 2018. Ele bateu de frente e provocou a demissão de Ferdinand Piech, presidente do Conselho e acionista da VW, em razão de um projeto de reestruturação da marca. Projeto propõe a divisão da VW em quatro holdings sobre as 12 empresas do grupo. / Nour Bouhassoun, executivo da Michelin, volta. Foi diretor no Brasil e América do Sul, retorna como presidente.

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A coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars

 

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