Vários utilitários esporte e modelos híbridos na estreia do evento em novo local, ainda com problemas
Salão Internacional do Automóvel é evento marcante, bienal, e integrando o circuito mundial de exposições para apresentar novidades, posições de marcas, carros conceitos, sinalizar caminhos para o futuro – ou para a falta de, dependendo de situações específicas ou do momento de cada país ou continente.
No momento ocorre em São Paulo e vai até dia 20 – é 29ª edição. Iniciou-se anualmente em 1960 no Parque do Ibirapuera; passou a bienal, mudou-se ao Anhembi. Agora, novo CEP. Deixou espaço estatal, mal planejado, mal mantido, sem ar-condicionado, banheiros de mau desenho, construção e funcionamento, para área nova, a São Paulo Expo. Maior, perto de estação do Metrô, 4500 vagas cobertas para estacionamento. Operacionalmente maioria dos estandes sem degraus, mas com rampas suaves, facilitando deslocamento de pessoas com dificuldade e cadeiras de rodas, banheiros utilizáveis com conforto.
Deficiências há: subdimensionamento elétrico, com queda de iluminação e energia, com apagões em diversas áreas, e opções: ou ar-condicionado ou iluminação. À apresentação da Peugeot, faltou luz — e a demora atropelou o cronograma para as demais marcas. Na área da Volkswagen, fez perder o conteúdo das geladeiras, e à volta, num pique de potência, queimou equipamentos. Ante o risco da falta de ar-condicionado, prefira ir em horários de menor densidade de público. Vá com paciência: chegada ao prédio é subdimensionada ao fluxo de veículos.
Salão sinaliza futuro: carros serão híbridos-elétricos, como exibido por quase todas as marcas, e ênfase para ações comerciais. Num exemplo, surpresa com a demanda cinco vezes superior à projeção, Toyota renegociou volumes de importações e trará o novo Prius. Miguel Fonseca, VP Comercial no Brasil, quer ter na Lexus, marca de luxo e qualidade superior da Toyota, o maior índice de híbridos, hoje em 32%. Fez apresentação chique, à altura do carro, e exibiu o plasticamente atrativo conceito LC 500, cupê mesclando entusiasmo e elegância. Vendas nos EUA em 2017 a projetados US$ 100 mil. Marca no Brasil se estruturou para garantir reposição integral à frota e aumentou a garantia da parte híbrida, incluindo baterias, para recordistas 8 anos.
Festa francesa
Peugeot mostrou configurações para reagir em vendas, em especial 208 e 2008, além do novo 3008 de estética evoluída de crossover a SUV. Citroën, na falta de novidades, fez criativo e confortável estande, mostrou conceitos de factível produção e sistema de vendas diretas de carros pela internet. Serão as versões Smart, com equipamentos, garantia de assistência, preço incentivado.
Alemães
BMW mantém investimentos em conectividade; fomenta os híbridos elétricos i3 e i8. Produto para destacar-se é o M2, cupê com o bem elaborado motor de 6 cilindros em linha, 3,0 litros de deslocamento e 370 cv. Disponibiliza Série 3 e X3 blindados. Audi em leque amplo de produtos, composições, cilindradas, topo volta a ser o esportivo R8. Automóvel foi lançado há dois anos na Europa, e demora se deve à espera para limpar o pátio de estoque antigo. Apresentado pela atriz Iris Valverde, motor V10 faz 610 cv e 57,1 m-kgf. Vai de 0 a 100 km/h em 3,3 s. Por R$ 1.171.000.
Porsche, agora gerida por escritório da fábrica, cresceu 37% de vendas entre janeiro e outubro, contrariando mercado em queda. Em produto novo Cayenne S E Hybrid. Motor pequeno, V6 3,0 turbo, 333 cv e motor elétrico de 95 cv. R$ 432 mil. Totalmente novo o sedã Panamera, também híbrido. Matthias Brüch, presidente, festejou. Volkswagen mostrou Amarok com motor V6 3,0 diesel, a ser vendido em julho. Linha passou por atualização interna e externa.
Japoneses
Nissan apresentou nova picape Frontier. Trará do México até produção na Argentina no próximo ano. É a base para produto tripartite, Nissan, Renault e Mercedes. Anunciou ajustar máquinas e mão de obra para fabricação local do Kicks. Subaru fez atualização estética em toda a linha e, segundo Antonio Maciel Neto, CEO, estoque antigo acaba até dezembro.
Suzuki vem fazendo revolução interna, métodos e materiais para reduzir peso, favorecer consumo e emissões. Neste arranjo o Vitara sempre o maior produto da linha, foi reduzido em dimensões e preço, ficando abaixo do S-Cross, agora no topo. Motorizações 1,6 aspirado e 1,4 turbo. Produto de entrada, o Jimny exibiu protótipo de versão Canvas, espécie de targa com teto de lona. Montagem em Catalão travou operação industrial em Itumbiara, GO.
Coreanos
Hyundai implementou o IX35, substituindo o tanquinho para a partida; e iniciou produzir o New Tucson, ao lado do Old Tucson. Marca assusta o mercado brasileiro. Fez pesquisa, adaptou o produto e se tornou o mais vendido. Pouco depois apresenta o SUV Creta, fará sedã e avisa tem pronto uma picape, o STC – Sport Truck Concept.
Kia tenta sobreviver com o saldo do corte de faturamento. Tinha grandes esperanças no médio Rio, mas o projeto de fornecimento pela fábrica no México foi adiado. Tentará sobreviver com Sportage, Cerato, Cadenza e Soul.
Chineses
Ingleses
Range Rover, além dos modelos Discovery e SV Autobiography , expôs o Evoque conversível. Dividiu estande com Jaguar, mostrando o F-Type SVR.
Ítalo-mundiais
Fiat+Chrysler em mundos separados. Fiat com ênfase em novos motores, o 1,0 tricilíndrico Fire Fly já aplicado ao Uno e chegando ao Mobi, e engenho de 2,4 litros e 170 cv para o sucesso de vendas Toro. Apresentou unidade do revivido Fiat 124, marcado pelo capô com duas protuberâncias. Deve importar uma partida para alegrar revendedores preocupados com o vigoroso corte de produtos realizado neste ano.
Norte-americanos
GM em novidade expôs versão hatch do Cruze. Ford, o anúncio de importação do Mustang.
Nacional
Única marca com este rótulo, a Troller equipou seu jipe e criou versões fugazes. Transmissão automática, demandada pelos clientes, foi adiada dois anos.
Outros olhos
Das marcas topo em preço, Lamborghini e Ferrari têm unidades em área de produtos caros, mas Bentley, Aston Martin e Rolls-Royce não apareceram.
Outra referência para o mercado brasileiro, após o Salão haverá exigência de SUVs em dois tons. Quase todos se mostraram assim. Dado maior, todas as novidades em motor, atualização de tecnologias, aplicação de turbo, se devem a posição do Governo. Base está nas regras de consumo aferidas e definidas pelo Programa de Etiquetagem Veicular do Inmetro. Dado final, o presidente Temer desconfirmou presença e o Governador Geraldo Alckmin, do estado anfitrião, não foi.
A Kia e a proteção da incompetência
Na prática os retira do mercado. Kia importou 80 mil unidades em 2011 e venderá 10 mil neste ano, destroçando a rede de distribuição e empregos. Quer remoção pelo governo da terceira barreira contra a importação – primeira o dólar, segunda a imposto de importação, terceira o adicional de 30 pontos. E começar pela redistribuição da cota não cumprida de importações.
País protege a incompetência com regras e Custo Brasil colocando dificuldades para presença dos concorrentes importados. Manifesto aparentemente iniciou dar frutos. Gandini teve longa conversa com Margarete de sobrenome idêntico, encarregada do setor no Ministério do Desenvolvimento.
Na foto, Cerato atualizado
Mercedes cria a X-Class, picape premium
Em termos de demonstrações da miscela de conceitos, por si só a X-Class é exemplo. Deriva da soma de conhecimentos de três marcas: Nissan, autora deste tipo de veículos há 80 anos; Renault, que os produziu ao início dos anos ’50; e Mercedes, de experiência argentina com modelos baseados em automóveis. Daimler, controladora da marca Mercedes, e Nissan têm acordo de cooperação técnica e industrial. Renault é associada à japonesa.
A estrutura básica é chassi em escada Nissan, sobre ela aplicada a mecânica liderada por motor V6 diesel e tração integral permanente, os ajustes desenvolvidos pela Mercedes, e carroceria própria. Integrando recém-criada divisão Mercedes-Benz Vans busca, inicialmente, amplo mercado: África do Sul, América do Sul, Austrália, Europa. Produção em Espanha e Argentina. A X-Class preenche nicho de produtos antes não alcançado pela Mercedes-Benz, e é outro passo de coragem da administração do Dr. Dieter Zetsche, presidente do Conselho de Administração da Daimler e diretor da Mercedes-Benz automóveis.
A coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars