Novos Legacy e Outback têm motor boxer de seis cilindros e 3,6 litros, configuração que favorece o comportamento
Quem conhece automóvel, sabe: qualquer hipotética relação de qualidade forçosamente inclui a Subaru nas primeiras linhas. Marca pouco divulgada, é de amplo agrado a seus usuários, seja por projeto com motor de quatro ou seis cilindros — gasolina ou diesel, turbo ou não — em posição horizontal oposta, com o virabrequim na mesma altura do eixo de transmissão, invejável equilíbrio e estabilidade, pouco gasto de pneus. Faz sucesso em mercados onde se exige confiabilidade em situações extremadas, como o gelo nas estradas e ruas canadenses e os desertos australiano e chileno, seus mercados referenciais.
Estilo pouco arejado era problema dos Subarus, exceto por projeto ao fim dos anos 80 por Giogetto Giugiaro. Não era esportivo, mas um 2+2 com estilo e os marcantes vidros de motorista e passageiro formados por duas partes. O SVX, com motor de seis cilindros, 3,3 litros e 245 cv, acelerava de 0 a 100 km/h em 7 segundos e alcançava final de 248 km/h. Era rápido, confortável. Importadas apenas 50 unidades.
Há anos cooptou o número dois da equipe de Walter De Silva na Fiat e no projeto de Alfa Romeos 145, 146 e 166. Andreas Zapatinas, grego formado na Califórnia, na Subaru traçou parâmetros, assinatura estética e filosofia da linha. Saiu, substituído por Osamu Namba, mas os conceitos gerais se mantêm, tornando produtos mais atrativos.
Novos
A CAOA trouxe a sexta geração do sedã Legacy e da perua Outback. Novos produtos, nova plataforma, entre-eixos de 2,75 m, mais 4,1 cm no comprimento e 1,5 em altura. Aos olhos brasileiros, com 4,79 m de comprimento o Legacy é considerado grande — um palmo maior que o Ford Focus Fastback. Espaço bem aproveitado, confortável ao uso nas duas fileiras de bancos, visual com elegante linha lateral sugerindo um cupê. Faróis com projetores, rodas de 18 polegadas e na traseira outra moda, as saídas de escapamento opostas.
Mecânica comum aos dois: motor boxer de seis cilindros e 3,6 litros, 24 válvulas, 256 cv e 35,7 m.kgf de torque. Configuração permite colocá-lo em posição baixa, uma das bases para o excelente comportamento, oferecendo muita estabilidade. Transmissão automática tipo polias variáveis (CVT), com sete marchas definidas, chamada pela Subaru de Lineartronic, distribuição de torque pelas quatro rodas e capacidade de regulagem de motor, suspensões e direção em três padrões — Intelligent, Sport e Sport Sharp. Ou seja, conforto econômico, rendimento esportivo e radicalidades.
Na Outback, de plataforma igual, mecânica e conteúdo também o seguem. Mantém o bom espaço interno, a mesma dotação de equipamentos e tem tentativas formulações a uso especial. São a maior altura do solo (21,3 cm) favorecendo melhores ângulos de entrada e saída em terrenos irregulares, dotação eletrônica dita X-Mode na transmissão e o sistema de freio eletrônico para descidas muito inclinadas, além de controlador de velocidade reduzida para trechos muito irregulares. Mesmas rodas com aro de 18 pol e pneus de uso misto. Vêm completos, sem opcionais.
Em uso
Considere o leitor as impressões sobre o Legacy, pois o trecho utilizado foi em ruas paulistanas, avenidas marginais e rodovia pedagiada, esta de condições quase europeias. A Outback foi aplicada à mesma situação. São agradáveis, confortáveis, silenciosos, inerente transmissão de segurança — uma das boas características da marca. Apesar das condições do trecho utilizado, há desnecessários ruídos de protesto das suspensões, indicadoras de não terem recebido tratamento adequado ao uso de rali urbano oferecido por nossas ruas e estradas. Na prática um excesso de confiança à competente construção do automóvel. Ou seja, não foram adequados ao país, acreditando na boa constituição para suportar nossas mazelas. Custam, Legacy R$ 152.900 e Outback R$ 159.900, garantia de cinco anos.
Roda a Roda
Negócio – 185 milhões de Euros por 76% das ações, dispondo-se a comprar os demais. Indianos se espraiam: adquiriram a coreana Ssangyong e o negócio de ciclomotores Peugeot. É o fim da era das carrocerias personalizadas, determinado pela globalização, insana luta pela sobrevivência no mercado de automóveis.
Global – Jaguar Land Rover, controlada pela indiana Tata, iniciou construir fábrica na Eslováquia: 150 mil unidades anuais, um terço da atual capacidade industrial da companhia. Quer participar do mercado mundial.
Onde – País cresce como base produtora. Lá Volkswagen faz Touareg e Audi Q7; Kia, mais de 300 mil unidades/ano; PSA Peugeot Citroën, 255 mil anuais. Tem boa estrutura logística e de fornecedores.
Aqui – No Brasil constrói pequena unidade em Itatiaia, RJ, para 17 mil/ano.
Meio termo – Mercedes passa a vender um misto quente, o C450 AMG 4Matic. Mescla carroceria de Classe C com motor 3,0-litros V6 biturbo de 367 cv, tração integral para melhor dirigibilidade e segurança no acelerar de 0 a 100 km/h em 4,9 s. Preparação AMG.
Na prática – Transmissão automática com sete marchas, mudanças extra rápidas. É confortável sedã em versão de comportamento esportivo, rico em conteúdo de mecânica, eletrônica e infodivertimento. A R$ 309.900. Degrau superior, o C63 arranha os R$ 700 mil.
Padrão – Porsche acrescentou ao Boxter e ao Cayman — ambos com motor entre eixos — o prefixo 718. Número indica plataforma vencedora em corridas, derivada do 550, a primeira colocação entre eixos traseira e motor boxer de 4 cilindros.
Dezembro – Mercedes-Benz liderou mercado premium até novembro com 15.620 unidades, por renovar linha e ampliar rede de concessionários. Neste mês grande disputa entre Audi, BMW e Mercedes para fechar em liderança.
Exemplo – BMW, tentando voltar ser líder após cair à terceira posição — e motivar mudança de presidente —, passou estoque do modelo 320 GT à Localiza.
É agora – A fim de importado Okm? A hora é agora. Os importadores, em especial Audi, BMW e Mercedes, praticam preços com valor antigo para o dólar. Em janeiro BMW subirá mais de 20% no 320i Sport, e Mercedes, entre 6 a 10%. Assim, querendo, decida-se enquanto há estoque a preço histórico.
Por exemplo – Audi lançou o A3 Sedan nacional, motores 1,4 e 2,0, mas liquida o estoque antigo, ainda importado (1,4 e 1,8), hoje mais barato que o nacional.
Ponto de vista – Coluna estranhou em edição anterior a defesa pessoal da presidente Dilma frente ao Tribunal de Contas da União, pelo Advogado Geral da União. O processo não é contra o país, mas contra a presidente.
Óptica – O objeto da recusa das contas, ditas Pedaladas, não é de iniciativa da União, mas da ocupante da Presidência. Assim, sua defesa deveria ser feita por advogado privado, por ela contratado, enquanto o Advogado Geral da União deveria estar em posição contrária, a favor da União e de nós contribuintes. O PSDB questionará em Juízo tal procedimento.
Prêmios – Fim de ano, muitos júris indicam melhores veículos em seus segmentos, como o Abiauto, da associação de jornalistas, e o recente e bem estruturado Carsughi L’Auto Preferita, liderado por um decano da atividade, o italiano Claudio Carsughi.
Abiauto – 51 associados da entidade elegeram o Volkswagen Up TSI Melhor Carro 2015 e Melhor Compacto; Peugeot 2008, Melhor Minivan/Monovolume; Jeep Renegade, Melhor Utilitário Esportivo; Renault Oroch, Melhor Picape; e Audi com Melhor Importado com TT e Melhor Nacional com A3 Sedan.
L’Auto – Júri formado por 19 profissionais de destaque, liderados pelo próprio Carsughi, indicou VW Up TSi Carro 1.0; Audi A3 Sedan, Carro entre 1,3 e 1,6 litro; Renault Sandero RS, Carro com motor 1,8 a 2,0; Subaru WRX STI, acima de 2,0. Audi TT, Carro Luxo/Premium; Jeep Renegade, SUV/Crossover pequeno; Honda HR-V, SUV/Crossover médio; Ford Edge, SUV/Crossover grande. Picape pequeno foi Renault Duster Oroch e médio Toyota Hilux. Prêmio sócio ambiental o Parque Eólico Honda.
O cara – Mais premiado nos diversos certames, o Up em versão turbo, a TSi.
DNA – Justiça de Mar Del Plata, Argentina, confirmou Oscar Cacho Espinosa filho do pentacampeão mundial Juan Manuel Fangio, produto da longa relação com Andrea Berruet, a Beba. Não foi surpresa, Cacho sempre integrou os times de Fangio e utilizava o sobrenome.
Fim – Taxi mais longevo em serviço em cidade grande, Volkswagen 1600 sedã de 1969 será proibido de prestar tal serviço. Funciona desde Okm com o proprietário Edson Monteiro de Araújo, mas a Prefeitura de Niterói, RJ, limitou em 8 anos a idade máxima dos veículos em tal serviço.
Serviço – Deveriam criar exceção para serviços turísticos, como há no exterior para os antigos táxis ingleses e as carruagens. O Zé do Caixão, como então chamado, desde quando lançado integra a paisagem e é atração turística.
Fórmula 1 – Pirelli quantificou o uso de seus pneus na Fórmula 1: 35.964, sendo 6.108 para testes; restantes slick e para chuva ou intermediários. Todos foram reciclados. No folclore da temporada, o chef do team Pirelli cozinhou 800 kg de macarrão — coisa para umas 6.500 pessoas.
Mercado – O grande processo de valorização dos veículos antigos, puxado pelos EUA, deve arrefecer — ou cair. Razão econômica externa: a correção dos juros mínimos anuais pelo FED, banco central estadunidense.
Razão – Desde a crise de 2008 o percentual dos juros foi congelado em zero, fomentando a procura por outros investimentos. Investidores migraram dos insossos depósitos bancários para aplicações tridimensionais, móveis e com emoção, como os automóveis antigos.
Gente – Virginie de Chassey, 47, comunicóloga, ascensão: diretora mundial de relações públicas da PSA Peugeot Citroën. Está na companhia desde 2004, trabalhou no setor e na gestão de qualidade.
VW Up TSI, nacional mais premiado
Na prática foram 10 premiações nos cinco meses decorridos desde o lançamento em julho, e láureas adicionais como Compra do Ano pela revista Motorshow; Melhor Compacto e Carro Abiauto 2015; Melhor Nacional até R$ 60.990 pelo Top Car TV; Melhor Automóvel de Passeio 1.0 pelo novato L’Auto Preferita; Lançamento do Ano de acordo com a revista Carro; mais premiado no Ten Best 2016 pela revista Car and Driver; Melhor Carro Compacto segundo a Car Magazine.
Melhor formulação como carro de entrada no mercado, o Up enfrentou dificuldades e vendas desproporcionais em relação a seu projeto e aplicação por conta do preço, mais elevado que os concorrentes de formulação antiga, e pelo motor com três cilindros. O desenvolvimento do motor para o uso do turbo elevou seu conceito, com rendimento de veículo com cilindrada bem maior e consumo menor. Como disse a Coluna, “1,0, rendimento de 1,8, consumo de 0,9”.
O projeto comercial bem se casou com o aprimoramento. A VW evitou tratá-lo com desempenho esportivo, e por isto não empregou siglas como RS e TS ou a palavra turbo, optando pela sigla TSI, e não empregou o motor apenas em destacada versão de topo. Ao contrário, é um pacote a ser aplicado nas versões posteriores à básica, tentativa de atingir maior clientela.
A história do Up no Brasil é AT e DT.
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A coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars