Táxi VW e supercarros, novidades maiores de Genebra

De Carro por Aí - Nasser

Alemães mostram autônomo para quatro pessoas; esportivos de mais de 1.000 cv estão por todos os lados

 

Mostra suíça, usualmente buscando temas como ecologia, hibridismo ou segurança, nesta 87ª edição deixou rolar. O caminho da redução de emissões está bem pavimentado por legislação e carros híbridos, elétricos ou autônomos, em trilhas próprias, variando marca para marca.

Dentre estes Matthias Müller, o CEO mundial da Volkswagen, fez declaração pontual ao apresentar o Sedric, novo autônomo como proposta de táxi para 4 pessoas. O Grupo Volkswagen investe alguns bilhões de dólares em seu projeto Together – Strategy 2025 (Juntos – Estratégia 2025), pavimentando a via de combustíveis alternativos e autonomia. O Sedric, frente e traseira iguais, sem pedais, volante ou instrumentos, atende pelo toque de um botão à mão do interessado. Não entrará em produção, mas será referência de tecnologia para os próximos anos. Disse o executivo maior da VW, o futuro começa hoje.

De Volkswagen novidade mais atrativa foi o Arteon, seguindo o desenho atual de sedãs com perfil acupezado. Substitui o antigo Passat CC, depois CC e, com o fim de produção do Phaeton será o maior da marca. Exibido também SUV Tiguan 7 lugares, sobre plataforma MQB, mesma de Golf e Audi A3. Importante para o Brasil, será produzido no México e importado sem impostos, com previsão de competitividade e vendas num mercado de grande expansão neste segmento. David Powells, presidente da VW no Brasil, projeta, nosso mercado superará a média mundial de preferência por utilitários esporte, hoje em 25%.

Foi Salão de carros esportivos de alto desempenho, alguns ultrapassando 1.000 cv, e com presença de marcas conhecidas Ferrari, Lamborghini, Maserati, e outras sem referências no mercado nacional: Pagani; David Brown – nada a ver com Aston Martin; Koenigsegg; Italdesign, agora marca da VW, pelo Rabel, exercício de estilo mesclando base mecânica Lamborghini/Audi R8 e carroceria futurística, a ser feito em apenas 5 unidades; novidadeira chinesa Techrules (foto), com projeto de estilo por Giorgetto Giugiaro, insólito por usar turbina a jato como gerador de energia a seis motores elétricos; Eadon Green em cupé Black Cullin inspirado nos anos ’30, confortável e veloz.

 

 

Brasil
De maior interesse ao mercado nacional havia o EF7 (foto) – iniciais de Emerson Fittipaldi, associado ao projeto, esportivo construído pela HWA, conduzida por Hans-Werner Aufrecht, o A da antiga AMG, preparadora de Mercedes. Monobloco e carroceria em fibra de carbono, motor V12 Mercedes, 1.000 kg e 600 cv. Iniciativa para 39 veículos – mesmo número das vitórias internacionais do bicampeão —, carroceria Pininfarina. Preço estimado, meio McLaren, ou seja US$ 1 milhão.

De referência sentimental, relançamento da marca francesa Alpine, controlada pela Renault, muito próxima em estilo ao modelo original A110, evolução do mítico A108 construído e vitorioso nas corridas nacionais na década de ’60.

Curiosidade ao mercado europeu, tipo atração periférica, as picapes Mercedes X-Class e Renault Alaskan. Ambas com mesma base, serão feitas sobre base idêntica pela Nissan na Argentina e exportadas ao Brasil via Mercosul. Outra, picape feita pela Mitsubishi para a Fiat. Novo Mercedes E cupê, belo em suas linhas fluidas, e Range Rover Velar, proposta acima do Evoque – aparentemente a Land Rover se conduz em caminho em direção ao asfalto para um sedã. Médio prazo e curiosidade para a marca surgida com jipes.

Papo de Salão
Conversas, estórias, certezas e dúvidas de jornalistas internacionais no Salão. Up terá versão forte: Markus Kleimann, diretor de desenvolvimento da VW no Brasil, disse em jantar restrito, ter pronto protótipo do Up TSI com o motor de 125 cv atualmente equipando o Golf. Será versão para ampliar as opções na linha – e adicionalmente o 1,0 mais veloz do mundo. Nome em suspenso. Ou GT ou TSII.

 

Ex-quase-falida PSA compra Opel e Vauxhall

Notícia marcante do Salão foi a compra da alemã Opel e sua subsidiária inglesa Vauxhall pela franco-chinesa PSA, controladora de Peugeot, Citroën e DS. Opel e Vauxhall pertenciam à GM.

Negócio de 2,2 bilhões de Euros – uns US$ 2,3 bilhões. Justificativas para a transação variam diametralmente. Pela GM as marcas vinham em prejuízos seguidos – sensíveis 9 bilhões de Euros desde 2009 -, e o futuro não sinalizava positivamente por conta e soma com fatores exógenos: saída do Reino Unido da União Europeia, projetando aumento de custos da Vauxhall, na qual boa parte das peças é importada; e o exercício de xenofobia de Donald Trump, presidente dos EUA, pressionando tradicionais produtores de veículos no país a cortar investimentos no México e investir em fábricas e na produção norte-americana. Soma aponta prejuízo e necessidade de investimentos, conta desbalanceada.

PSA tem outra visão – negócio Opel + Vauxhall é mal administrado. Carlos Tavares, o ex-vice mundial da Renault e executivo maior da PSA, disse, em três anos tira-la-á do prejuízo; crescerá a margem de lucro operacional para 2%; e a 6% em dez anos. Transação ampla, supera a atividade de fazer carros e entra no aspecto financeiro e securitário com a venda pela GM da unidade financeira. GM foi dona da Opel por 88 anos. PSA honrará o fornecimento de peças pela Opel para a minguante operação da Holden na Austrália, para a Buick nos EUA, mantido o intercâmbio acionário e técnico para desenvolver produtos e veículos. Fevereiro Opel lançou o Crossland, SUV sobre plataforma mecânica do Citroën C3 hatch.

Com o negócio PSA+Opel+Vauxhall será o segundo grupo produtor de automóveis na Europa, ultrapassando a Renault, decrescendo em vendas no Continente. Alemães e ingleses esperam tsunami sino-francês para cortar empregos e custos, afinar e compatibilizar métodos. Tais atitudes na PSA mudaram os prejuízos de 2013 nos lucros de 2015 e reservas de 2,7 bilhões de Euros.

Tenho visão adicional. Ex-poderoso na Renault, hoje mais poderoso na PSA, Tavares, homem do automóvel, sabe perfeitamente — carros franceses têm má fama mundial. Assumir a Opel – e a Vauxhall é apenas um apêndice – dar-lhe-á algum conhecimento quanto aos métodos alemães para apurar qualidade e, muito mais, agregará a imagem da qualidade alemã aos seus franceses. Compraram a marca para ficar com a fama.

 

Surpresa, o Peugeot 3008 Carro do Ano

Boa parte dos jornalistas presentes ao Salão de Genebra sorriu amarelo ao anúncio do COTY – nada de perfume, mas Car of The Year, Carro do Ano -, escolhido por juri internacional de jornalistas especializado. Prêmio foi ao novo Peugeot 3008, recém-lançado – ainda não chegou ao Brasil -, com design em pegada de SUV, adequada às simpatias do mercado. Seguindo-o, Alfa Romeo Giulia, novo Citroën C3, Mercedes Classe E, Nissan Micra, Toyota C-HR e Volvos S90/V90. Critério de escolha considerou inovação, segurança, design e custo x benefício.

 

Mais Porsches

Presente à apresentação do Porsche Panamera Sport Turismo, versão shooting brake, Matthias Brüch, diretor geral da marca no Brasil, tem visão contida do comportamento do mercado neste indefinível ano. Entende, vendas no mercado interno deverão superar levemente os 2 milhões de unidades.

Quanto a Porsche imagina pequeno ganho, repetindo desempenho de 2016, quando marca se elevou apesar da redução do mercado. Opinião de outros executivos oscila: David Powells, da Volkswagen, crê em 2% de crescimento; Antonio Megale, presidente da Anfavea, associação dos fabricantes, 6%; Carlos Zarlenga, condutor da GM, entusiasmados 10%.

O Sport Turismo pouco auxiliará no total, cujo líder não é o mítico 911, mas o utilitário esporte Macan. Mas terá referência como o station wagon, break, estate car, perua – leque de denominações para este tipo de veículo com teto mais longo e porta malas se comunicando com o habitáculo -, o preço: superará o milhão de reais.

 

Audi esquenta

Marca de luxo deu ênfase a tecnologia e, em veículos programados para exportação ao Brasil, aposta em desempenho. A parte do conceito Q8, um SUV expondo soluções, mostrado em janeiro no Salão de Detroit e já apresentando retoques, será produto marcante no setor. Conjuga motor 3,0 turbo e sistema híbrido elétrico, mais compressor elétrico, gera 476 cv, capazes de levá-lo de 0 a 100 km em 4,7s e conseguir velocidade final de 275 km/h. Outra novidade, o RS5 Coupé, lobo com cara de lobo, usa motor 2,9 V6, biturbo, gerando 450 cv. Na lista de potência, RS3 Sportback e o SQ5 TFSI. O primeiro se torna derradeiro usuário de motores de cinco cilindros em linha, 0,5 litro/cilindro, 400 cv. SQ5 TFSI emprega motor V6, 3,0 litros e 354 cv.

 

Novo Polo e Virtus, novidades VW para 2018

Encerrando especulações, Volkswagen anunciou resgatar no próximo ano nova e atualizada versão do Polo. Virá em carrocerias hatch e sedã, como o fez na década de 2000, mas separa-los-á por nomes. Hatch será o Novo Polo e Virtus a versão de três volumes.

Há 15 anos, quando apresentado, era o mais moderno e o melhor dos Volkswagens, imagem buscada pela empresa. Novo Polo não é derivação ou desenvolvimento traçado sobre estrutura do Gol, mas produto inteiramente novo, construído sobre a plataforma MQB A0. Será novo passo a um dos maiores desafios impostos a um fabricante nacional: sair da atual 3ª posição de vendas e reassumir a liderança. Dúvida no tema estava nas possibilidades veiculadas por algumas publicações vendo o Polo europeu, a ser lançado ao final desse ano, como inspirador do Gol. Pela informação da Volkswagen serão dois produtos.

Ilustração: Jonathan Machado

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A coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars

 

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