Fraco entre os novos, Toyota RAV4 vai bem como usado

Toyota RAV4 2011

 

Pioneiro entre os modelos urbanos, o utilitário japonês teve vendas
tímidas, mas revelou robustez e é encontrado por preços atraentes

Texto: Luiz Fernando Wernz – Fotos: Fabrício Samahá e divulgação

 

Ele é um típico representante da era em que os utilitários esporte deixaram de ser tão utilitários. Pensado para ser um “veículo ativo de recreação” com tração nas quatro rodas, em tradução livre da sigla em inglês que o nomeia, o Toyota RAV4 surgiu em 1994 e abriu um leque de opções mais urbanas, confortáveis e eficientes que os modelos compactos fabricados até então, como Suzuki Vitara e o Kia Sportage de primeira geração, que ainda usavam carroceria sobre chassi e eixo traseiro rígido.

Embora tenha sido importado para o Brasil desde a primeira geração, lançada aqui em 1999, os modelos mais significativos do RAV4 no mercado nacional foram a segunda geração (importada do modelo 2001 ao 2005) e a terceira (de 2006 a 2012). É dessas que tratamos neste Guia de Compra.  Ainda que seja relativamente fácil encontrar um RAV4 nos grandes centros urbanos, sua presença não é tão notada quanto a de seus concorrentes principais, o Honda CR-V e o Sportage, os quais já tiveram seus Guias de Compra  publicados aqui. Nem por isso o RAV4 deve algo a esses e outros concorrentes — e conquistou de vez o coração das mulheres, que representam mais de 80% de seu público.

Assim como seus rivais, o RAV4 nunca foi muito de encher seus passageiros de mimos: era um utilitário esporte essencial em termos de acabamento e equipamentos, embora dotado de técnicas interessantes e de tração integral em quase todas as versões — só em 2011 passaria a ser oferecido também com tração simples dianteira.

 

 
A segunda geração do RAV4 veio ao Brasil com motor de 2,0 litros e tração
integral; câmbio manual foi oferecido de início; depois, apenas o automático

 

A geração de 2001 a 2005 era equipada com motor a gasolina com bloco de alumínio e 2,0 litros, com quatro válvulas por cilindro e variação do tempo de abertura das válvulas, que obtinha potência de 150 cv. A tração integral era do tipo permanente, com distribuição de torque constante às quatro rodas — alguns concorrentes, como o CR-V, optaram por sistemas mais simples em que as rodas traseiras recebiam tração apenas no caso de perda da aderência das dianteiras. Havia suspensão independente nas quatro rodas.

 

Na terceira geração o RAV4 cresceu bastante, como 33 cm em comprimento, para obter mais espaço para os passageiros e a bagagem

 

Oferecido em versão única, o RAV4 vinha de série com bolsas infláveis frontais, freios a disco com sistema antitravamento (ABS) e distribuição eletrônica (EBD), cintos retráteis de três pontos para todos os passageiros, rodas de alumínio de 16 pol, faróis de neblina, ar-condicionado, direção com assistência hidráulica, controle elétrico dos vidros, travas e retrovisores, banco do motorista com regulagem de altura, rádio/toca-CDs e tração integral permanente com bloqueio eletrônico do diferencial. Até 2002 o câmbio automático de quatro marchas era opcional, passando a ser padrão em 2003.

Com relação à primeira geração, a segunda apresentou um grande salto evolutivo em estilo. A linha de cintura ascendente, os faróis em formato de trapézio e a traseira com lanternas de desenho mais inspirado garantiam uma aparência jovial e atraente. O estepe externo, montado junto à tampa traseira, e a abertura dessa porta para o lado eram características preservadas durante três gerações. Projetado para ser tão confortável e fácil de dirigir quanto um sedã, o RAV4 trazia banco traseiro com reclinação e painel de instrumentos com ar esportivo, com o conta-giros centralizado. Os materiais do interior tinham aspecto simples, mas boa montagem.

 

 
Sem ser luxuoso, o interior trazia os equipamentos de conforto mais comuns;
suspensão independente e tração sofisticada mostravam requinte técnico

 

O RAV4 passou por uma reforma leve no visual em 2004, recebendo novos para-choque dianteiro, faróis, rodas e lanternas traseiras. Dois anos depois vinha a terceira geração, com plataforma mais moderna. O utilitário esporte cresceu bastante, com 4,60 metros de comprimento (33,5 cm a mais que a geração anterior) e entre-eixos maior em 13 cm. Além de obter mais espaço interno para os passageiros, a capacidade do porta-malas subiu de 426 para 540 litros.

 

 

O motor acompanhou o carro e também cresceu. Também com bloco de alumínio, quatro válvulas por cilindro e variação de tempo, a nova unidade de 2,4 litros levava a potência a 170 cv, mas o câmbio automático não acompanhou a evolução geral, permanecendo com apenas quatro marchas. No interior, os bancos ficaram mais confortáveis e painel e revestimentos foram redesenhados.

O pacote de equipamentos estava mais recheado do que na geração anterior. De série havia ar-condicionado automático com duas zonas, volante regulável em altura e distância, controlador de velocidade, rádio/toca-CDs/MP3, rodas de alumínio de 17 pol e teto solar com comando elétrico, além dos itens do modelo antigo.

 

 
Com a terceira geração, em 2006, vinham maiores dimensões e motor de
2,4 litros, 
que produzia 170 cv; a tração integral continuava padrão

 

Visando a um aumento nas vendas do utilitário entre os consumidores urbanos, a Toyota lançava no modelo 2011 o RAV4 com tração dianteira. Com redução de preço de 15% sobre o valor do modelo de tração integral, ele mantinha o motor e o câmbio da versão conhecida, bem como a suspensão traseira independente. Os equipamentos eram os mesmos, salvo pelo teto solar, eliminado. A versão com tração integral recebia bolsas infláveis laterais e do tipo cortina, aquecimento dos bancos dianteiros e regulagens elétricas para o banco do motorista. Assim ele permaneceu até 2013, quando foi lançada por aqui a quarta geração.

Mesmo com todas essas qualidades, o RAV4 nunca foi um modelo dos mais vendidos da classe, sobretudo pelo alto preço de compra — pois era importado do Japão, enquanto o concorrente direto CR-V vinha do México e ficava isento de imposto de importação. Acabou se tornando um produto de nicho, o que se refletiu negativamente para os primeiros proprietários, pois a desvalorização do modelo é considerável. No mercado de usados, porém, isso resulta em vantagens para o comprador.

Próxima parte

 

 

 
O modelo 2011 trazia pequenas mudanças de estilo e a opção de tração apenas
na frente, o que tornou o RAV4 mais acessível, junto à retirada do teto solar

 

“Conforto e espaço interno impecáveis”

Os proprietários do Toyota RAV4 costumam destacar aquilo que mais se espera de um carro de sua categoria: espaço interno, conforto e bom acabamento, aliados a um conjunto mecânico eficiente.

É o que mostra Alexandre Bello, de São Bernardo do Campo, SP, dono de um RAV4 4×2 2011: “Conforto e espaço interno impecáveis. Anda muito bem e com consumo comedido. O carro está sempre na mão e transmite muita segurança. Ele é alto, mas tem estabilidade e freios excelentes. A posição de dirigir também é esplêndida. Fiz uma viagem de 3.200 km com quatro pessoas e muita bagagem. O carro tem muito conforto, os bancos traseiros são reclináveis e o espaço para as pernas é fantástico. O consumo na estrada registrou marcas acima de 11,5 km/l”.

Quem também elogia o carro é o leitor Carlos Silva, de São Paulo, SP, dono de um RAV4 2001: “A tração integral faz a diferença no fora de estrada e na chuva. Nem precisa fazer rodízio dos pneus, pois se desgastam por igual. A curva de torque faz o carro parecer que tem um motor maior. O consumo, em uso misto, com ar-condicionado sempre acionado, fica acima dos 10 km/l. O sistema dos bancos traseiros é realmente diferenciado, podendo até remover o banco”.

 

 
Maior, esse RAV4 levava mais bagagem; a tampa traseira aberta para o lado e
o estepe junto a ela foram marcas conservadas até essa terceira geração

 

Dijair Pontes, também de São Paulo, SP, enumera os pontos positivos de seu RAV4 4×4 2011: “Acabamento, segurança, seguro barato, tração integral, pós-venda (o que envolve preço das revisões, peças, etc.) e o consumo, registrando média de 9 km/l no uso misto, estão adequados ao padrão do carro. Estou adorando. Para andar na estrada é maravilhoso, responde bem em ultrapassagens. Quando fiz o teste, fiquei entre Subaru Forester, Honda CR-V e o Toyota”.

 

“Anda muito bem e com consumo comedido; está sempre na mão e transmite muita segurança”, destaca um dos proprietários

 

Mas o RAV4, como todos os carros, também tem seus proprietários insatisfeitos. Um exemplo é Eduardo Teixeira, que roda pelo Rio de Janeiro, RJ, com um modelo 4×4 2008: “Gasta pastilha de freio em demasia e este fato acelera a troca dos discos. Não vem com bancos de couro nem vidros com sistema um-toque, tendo sido listado no jornal O Globo  como o carro com a 13ª maior depreciação do mercado. Fui vender meu carro e a concessionária Toyota ofereceu menos que a Mitsubishi. A própria marca desvaloriza seu veículo. Para mim, não compensa comprar um RAV4. A mão de obra e as peças são absurdamente caras. Parti para a Mitsubishi!”.

André Bonelli Rebouças, de Salvador, BA, dono de um RAV4 4×2 2011, acrescenta: “Por seu preço, seria de se esperar mais em termos de itens de conveniência, como sensores de estacionamento, faróis e limpadores do para-brisa automáticos, computador de bordo, bancos de couro, etc. O câmbio de quatro marchas com trocas manuais casa bem com o motor 2.4, mas não seria demais ter cinco ou seis. A suspensão, embora garanta boa estabilidade, permite que se sinta quando ela chega ao fim do curso. Merecem atenção os rangidos do banco traseiro, que incomodam um pouco”.

 

 
Ar-condicionado com duas zonas, controlador de velocidade e áudio com MP3
eram 
de série, mas nenhuma versão oferecia controle de estabilidade

 

Outros proprietários reclamam, em geral, de ruídos nas suspensões e na tampa do porta-malas, consumo elevado aliado à pequena capacidade do tanque de combustível (mais na segunda geração), alto preço das peças de reposição e plásticos rígidos do revestimento interno. Quanto a defeitos apresentados, nenhum é digno de destaque, o que comprova ser um produto robusto de maneira geral. Fato curioso é que, apesar de os dados da Toyota apresentarem grande participação do público feminino para o RAV4, nenhuma motorista opinou sobre ele no Teste do Leitor.

Atente-se, ao avaliar uma unidade produzida entre outubro de 2005 e agosto de 2010, se passou pela convocação da Toyota em 2012 quanto a componentes da suspensão traseira. Para carros produzidos entre setembro de 2006 e julho de 2008, cabe também a convocação acerca do interruptor dos vidros.

 

 

O índice de proprietários muito satisfeitos com o RAV4 no Teste do Leitor  é bastante alto: 82,3%, pouco abaixo dos 83,3% registrados pelo Honda CR-V da geração anterior, acima dos 72,7% do Chevrolet Captiva e muito superior aos 50% do Kia Sportage (duas últimas gerações). Com a rede de concessionárias Toyota esse índice é de 56,2%, abaixo dos 72,2% do CR-V, mas bem melhor que os 28,5% do Sportage e os 27,3% do Captiva. Observe que os dados foram obtidos para cada Guia de Compra,  publicado desde 2011, e podem não refletir a situação atual.

Encontrar um RAV4 usado não é tão simples quanto um CR-V ou mesmo Sportage, em função do baixo volume de vendas, mas sua compra pode ser um bom negócio.

Veja opiniões dos donos Opine sobre seu carro

 

Custos de manutenção

Concessionária Mercado paralelo
Disco de freio (par) R$ 985 R$ 260
Pastilhas de freio dianteiras (par) R$ 395 R$ 95
Amortecedores (jogo de 4) R$ 2.995 R$ 1.650
Pneus (Bridgestone Dueller H/T 470, 225/65 R 17, cada) R$ 840
Para-lama dianteiro (cada) R$ 920 R$ 245
Para-choque dianteiro R$ 980 R$ 345
Farol (cada) R$ 1.250 R$ 490
Mão de obra (hora) ND
Preços médios para RAV4 2,4 2008 obtidos pelo Sistema Audatex (concessionária) e lojas de autopeças, em pesquisa em dezembro de 2013; não envolvem instalação e pintura quando cabível

 

Cotações de seguro

Custo médio Franquia média
  • RAV4 2,4 4×4 2008 
Alto risco R$ 10.585 R$ 4.155
Médio risco R$ 4,235 R$ 3.910
Baixo risco R$ 2.375 R$ 3.670
Custos médios obtidos em pesquisa da Depto Corretora de Seguros em dez/13; conheça os perfis

 

Satisfação dos proprietários

Com o carro Com as concessionárias
Muito satisfeitos 82,3% 56,2%
Parcialmente satisfeitos 11,8% 25%
Insatisfeitos 5,9% 0%
Não utilizam 18,8%
Estatística obtida no Teste do Leitor  com 17 proprietários até dez/13

 

Compare as versões

Versão Potência Torque Faixa de preço Anos-modelo
  • Segunda geração
RAV4 2,0 16V 4×4 man. 150 cv 19,6 m.kgf R$ 24.700 a R$ 25.500 2001 e 2002
RAV4 2,0 16V 4×4 aut. 150 cv 19,6 m.kgf R$ 26.705 a R$ 36.055 2001 a 2005
  • Terceira geração
RAV4 2,4 16V 4×2 aut. 170 cv 22,8 m.kgf R$ 68.825 a R$ 84.640 2011 e 2012
RAV4 2,4 16V 4×4 aut. 170 cv 22,8 m.kgf R$ 48.448 a R$ 91.855 2006 a 2012
Preços fornecidos pela FIPE e válidos para dez/13; desempenho e consumo não disponíveis

 

 

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