Gol BlueMotion agita a bandeira da economia (relato 2)

 

Evoluções no motor de 1,0 litro somam-se a um pacote
voltado à eficiência: como ele se comporta durante 30 dias?

Texto e fotos: Roberto Agresti

 

Atualização de 31/8/12

A semana do Gol BlueMotion conosco foi escassa em termos de quilometragem, mas nem por isso faltam novidades para contar sobre o mais popular dos Volkswagens. Com Paulo de Araújo ao volante, o Gol seguiu em rápido percurso de estrada pela rodovia Ayrton Senna rumo a Mogi das Cruzes, SP.

Paulo, que durante dois anos foi dono de um Gol 1000 da primeira versão — 1994 —, tirado zero-quilômetro e vendido com 50 mil km, se revelou surpreso com o reencontro quase 20 anos depois: “É claro que a evolução foi grande. Tudo nesse novo Gol é melhor do que naquele. Rodei pouco com a novidade, mas o que mais me chamou a atenção de início foi o bom trabalho de isolamento de ruídos. Quase não se ouve o motor e, mesmo quando levado a alto giro, a rumorosidade na cabine é contida. Na verdade notei mais vibrações, especialmente nos pedais, do que barulho interno”.

Na memória de Paulo, seu Golzinho 1000 até que não era ruim no uso urbano, mas na estrada manter velocidade de 120 km/h significava esgoelar o motor: “Não lembro as rotações, mas sim que me dava dó ouvir aquele motorzinho apitando. Esse novo Gol mantém 120 km/h com cerca de 4.000 rpm, talvez um pouco mais, mas nem de longe passa a sensação de estar sendo maltratado. Como todo carro dessa categoria, a tal velocidade não há reserva de potência para uma resposta consistente ao acelerador, mas me surpreendeu ele conseguir manter a velocidade máxima da rodovia sem grandes problemas mesmo quando surgiram aclives. Na estrada o velho Gol 1000 não permitia a menor distração: quando a velocidade caía, retomar era algo penoso”

 

 
Se por fora o Gol foi considerado “bem resolvido” por Paulo de Araújo, o colaborador
não aprovou o interior, simples nos materiais e pouco inspirado nas formas e tons

 

Paulo viajou apenas com um acompanhante e sem bagagem e em alguns trechos fez uso do ar-condicionado, que segundo ele faz o atual Gol ficar parecido com o antigo sem o equipamento: “Ele sente o ar ligado de maneira evidente, e a resposta do acelerador que já não é lá essas coisas deixa o carro anestesiado. Mas é claro que o pulo tecnológico do meu velho Gol para esse é enorme, e talvez mais do que no motor se manifeste em termos de equipamento, acabamento e nos ajustes ótimos que encontrei em câmbio, freio e suspensões”.

Para o colaborador, os engates do câmbio estão entre os melhores, curtos, precisos, bem definidos. Falando da suspensão, definiu o compromisso entre maciez e estabilidade como próximo do ideal, pois o carro, nas palavras de Paulo, não está “nem mole, nem áspero demais”. Quanto ao freio o mesmo equilíbrio se manifesta, pois a ação do pedal não é exagerada nem passa a impressão de ineficácia.

“Tenho notado que alguns carros modernos parecem abdicar de uma ‘pegada’ de freio imediata, uma resposta clara de frenagem assim que se pisa no pedal. Mas esse Gol, que tem sistema antitravamento (ABS), não deixa de mostrar a potência de frenagem de cara, do que eu particularmente gosto, e tem uma sensibilidade de pedal adequada”, ele observa.

Mas nada adequada, segundo Paulo, foi a dificuldade em achar uma boa posição ao volante. Apesar de existir regulagem de altura no banco, o motorista de 1,69 metro de estatura se sentiu ‘afundado’ nele: “Na regulagem alta o assento fica paralelo ao chão do carro, com uma postura ruim. ‘Briguei’ com esse banco e no fim desisti, me conformando com o mau posicionamento decorrente da posição baixa. E em nada ajuda o volante ser fixo, um anacronismo que reputo incompreensível, pois de barato o carro não tem nada. Além disso, no meu modo de ver, o volante poderia ser um tanto menor”.

 

 
O bem legível painel inclui computador de bordo e um mostrador de consumo
instantâneo (abaixo dele); no volante, comandos de áudio e da interface Bluetooth

 

A aparência interior do Gol é um item que Paulo comenta de maneira ambígua: se de um lado aprecia a sobriedade do desenho e o posicionamento correto dos comandos, por outro considera que poderia haver algum lampejo de criatividade. “Há coerência no Gol, cujo painel está voltado para a informação, o que de fato oferece, e bem. O computador de bordo é pleno, a visualização dos principais instrumentos e luzes-alerta não deixa o motorista inseguro e há conveniências como a conexão Bluetooth e a entrada USB. O sistema de auxílio à economia é válido. Mas não é um interior que faça o motorista reverenciar o talento de quem o criou. Bancos cinza, carpete cinza, plástico duro cinza… nada de charme, nada de atraente, tudo monótono. Já por fora eu o considero bem resolvido”, comenta.

Rodando no restante da semana em trânsito pesado, a ótima média vista na volta da viagem a Mogi — 14,8 km/l de álcool — declinou dia após dia até os 8,4 km/l de média final que resulta desse percurso quase meio a meio, 120 km de estrada e 100 de cidade.

Se o pacote BlueMotion Technology, que é direcionado a uma maior economia de combustível e acrescenta R$ 324 ao preço, é considerado uma opção válida por Paulo, ele se confessa inconformado com o que custa o Gol em avaliação: “Assusta saber que esse carro vai a quase R$ 36 mil. É demais, apesar dos equipamentos. O acabamento e os materiais usados não justificam essa cifra de jeito nenhum. Eu pensaria em pagar por esse carro os R$ 28 mil da versão básica, mas com ar, direção, ABS e bolsas infláveis, que hoje são artigos de primeira necessidade em qualquer automóvel. E com isso já respondo o clássico questionamento feitos a nós, colaboradores de Um Mês ao Volante: não, pelo preço pedido pela VW eu não compraria o Gol”.

Atualização anterior

 

Último período

3 dias

221 km

Distância em cidade 101 km
Distância em estrada 120 km
Tempo ao volante 7h 55min
Velocidade média 28 km/h
Consumo médio (álcool) 8,4 km/l
Indicações do computador de bordo

 

Desde o início

8 dias

981 km

Distância em cidade 421 km
Distância em estrada 560 km
Tempo ao volante 30h 50min
Velocidade média 32 km/h
Consumo médio (álcool) 10,7 km/l
     Melhor marca média (álcool) 12,9 km/l
     Pior marca média (álcool) 7,9 km/l
Indicações do computador de bordo

 

Preço

Sem opcionais R$ 27.990
Como avaliado R$ 35.855

 

 

Ficha técnica

Motor
Posição transversal
Cilindros 4 em linha
Comando de válvulas no cabeçote
Válvulas por cilindro 2
Diâmetro e curso 67,1 x 70,6 mm
Cilindrada 999 cm³
Taxa de compressão 12,7:1
Alimentação injeção multiponto sequencial
Potência máxima (gas./álc.) 72/76 cv a 5.250 rpm
Torque máximo (gas./álc.) 9,7/10,6 m.kgf a 3.850 rpm
Transmissão
Tipo de câmbio e marchas manual /  5
Tração dianteira
Freios
Dianteiros a disco ventilado
Traseiros a tambor
Antitravamento (ABS) sim
Direção
Sistema pinhão e cremalheira
Assistência hidráulica
Suspensão
Dianteira independente, McPherson
Traseira eixo de torção
Rodas
Dimensões 5 x 14 pol
Pneus 175/70 R 14
Dimensões
Comprimento 3,895 m
Largura 1,656 m
Altura 1,464 m
Entre-eixos 2,465 m
Capacidades e peso
Tanque de combustível 55 l
Compartimento de bagagem 285 l
Peso em ordem de marcha 947 kg
Desempenho
Velocidade máxima (gas./álc.) 163/165 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h (gas./álc.) 13,4/12,9 s
Dados do fabricante; consumo não disponível

 

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