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Carros do Passado

Apesar de beneficiado por uma redução de impostos, cuja classificação de veículos enquadráveis praticamente o descrevia, o BR-800 não fez sucesso por muito tempo. No início dos anos 90 a empresa já não ia tão bem; começava a ir atrás de empréstimos altíssimos para tocar novos investimentos para projetos. Em 1990, o surgimento do Uno Mille -- seguido por outros modelos de um litro, bem maiores e mais rápidos que o pequeno Gurgel -- criou incômoda concorrência, pois custavam quase o mesmo.

O BR evoluiu para Supermíni, um compacto de linhas agradáveis e melhor acabamento -- mas a situação da Gurgel já não era boa no início dos anos 90
Uma evolução, o Supermíni, veio em 1992. Tinha um estilo muito próprio e moderno. Media 3,19 m de comprimento, sendo ainda o menor carro fabricado aqui. Estacionar era com ele mesmo, devido à pequena distância entre eixos (1,90 m) e uma direção leve. Tinha faróis quadrados, grade na mesma cor do carro, duas portas, dois volumes e boa área envidraçada. As linhas eram mais equilibradas que em seu antecessor.

A carroceria era em plástico FRP e tinha garantia de 100 mil quilômetros, alta resistência a impactos e, como tradição da fábrica, estava livre da corrosão. Era montada sobre um chassi de aço muito bem projetado e seguro, bem resistente à torção. A suspensão traseira, com meias-lâminas longitudinais e molas helicoidais, era mais macia que a do BR e permite um maior entreeixos. Os pára-choques dianteiro e traseiro, assim como a lateral inferior, vinham na cor prata.

O Supermíni usava o mesmo motor bicilíndrico, só que um pouco mais potente. Todo o conjunto motriz tinha garantia de fábrica de 30 mil quilômetros. Os vidros dianteiros não eram mais corrediços nem tinham quebra-ventos, mas nos primeiros modelos era comum seu deslocamento das respectivas guias. Para sanar o problema, a fábrica passou a enviar um kit que adaptava um quebra-vento fixo e um vidro menor. Havia agora uma verdadeira tampa de porta-malas e o banco traseiro bipartido possibilitava o aumento de sua capacidade.
Rebatizado Tocantins em homenagem a mais uma tribo indígena, o X12 resistiu até a chegada dos jipes importados, há cerca de dez anos
O consumo, apesar do baixo peso e da potência reduzida, não era extraordinário. Fazia 14 km/l na cidade e, a uma velocidade constante de 80 km/h, até 19 km/l em quarta marcha. Como destaques tinha motor com suspensão pendular, com coxim em posição elevada.

A suspensão dianteira já não era mais a Springshock dos primeiros BR-800 -- mola e amortecedor combinados, fabricados na própria Gurgel, que apresentavam enorme deficiência --, mas uma disposição convencional de braços transversais superpostos com mola helicoidal. A versão SL trazia como equipamentos de série conta-giros, antena de teto, faróis com lâmpadas halógenas e rádio/toca-fitas. Até junho de 1992, 1.500 unidades haviam sido vendidas do Supermíni. Os modelos 1993, os últimos entregues aos concessionários, tinham uma reestilização na traseira em que as lanternas davam lugar a modelos horizontais, iguais às do Ford Pampa.

Ainda em 1990 a Gurgel mostrava o Motomachine, veículo bastante interessante. Como o próprio nome sugere, era uma motocicleta sobre quatro rodas. Todo em tubos, parecia um carrinho de ficção científica. Acomodava dois passageiros, usava o mesmo motor do Supermíni e outras peças, sendo muito parecido com ele de frente. Portas e teto não tinham coberturas. Era um carro de uso bem restrito, feito para a curtição ou o transporte básico nos grandes centros.

Outra aposta de João Gurgel foi um carro ainda menor, o Motomachine. Depois dele viria o Delta, fabricado no Ceará, que nunca chegou às ruas
Poucas unidades circulam e são dignas de apreciação e curiosidade. O próximo projeto, batizado de Delta, teria chassi de alumínio, motor desenvolvido pela Lotus inglesa e carroceria moldada na Karmann-Ghia. Seria fabricado em Fortaleza, Ceará, mas não chegou às ruas. Gurgel chegou a adquirir todas as máquinas-ferramenta do transeixo do Citroën 2CV, que acabaram não sendo usadas.

Atolada em dívidas e combalida no mercado pela concorrência das multinacionais, a Gurgel pediu concordata em junho de 1993 e acabou fechando as portas no final de 1994. Sem dúvida o grande engenheiro, revolucionário e teimoso João Gurgel -- hoje com 75 anos -- deixou seu legado na indústria nacional. Foi um homem à frente do seu tempo, corajoso e patriota. Infelizmente, as enormes dívidas contraídas, as importações abertas no país e a inevitável globalização puseram fim a seus projetos e a seus sonhos. Continua
Carreira mundial
Nas ilhas do Caribe, o X12 fazia sua presença entre os turistas. Era comum vê-lo em Saint Barthelémy, Bahamas, Jamaica e em outros lugares paradisíacos e refinados. Também foi exportado a vários países da Europa, África, nas três Américas e no Oriente Médio. Ao todo, mais de 40 países.

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