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Veja os novos. Admire os antigos

Jaguar E-Type e XK

Um portador do vírus antigomobilista aeternus
explica como -- e por que -- se contaminar

Texto: Roberto Nasser

Roberto NasserAutomóveis antigos: assumo ser suspeito para tratar do assunto. Sou portador do vírus antigomobilista aeternus (veja texto descritivo a respeito) e por isto um admirador dos veículos novos, metodologias de produção, tecnologia -- e torcedor para que logo se transformem em objeto de coleção.

Explico o por quê. O automóvel novo é um ótimo bem econômico durável, um meio de transporte, um símbolo de liberdade individual, um atestado da capacidade de mobilidade do ser humano de boa renda. Melhorado com o passar dos anos, quando atinge a maturidade histórica aos 30 anos de produção, deixa de ser o melhor contribuinte do governo -- você sabia que durante sua vida útil o automóvel recolhe de impostos e taxas alguma coisa como cinco vezes o seu valor de aquisição? O trabalho "Os Tributos na Carona" do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC mostra esta inacreditável barbaridade.

Ao passarem as três décadas, se inclui numa característica que a meu ver é melhor que linhas arrojadas ou super freios: transforma-se em referência história; em símbolo de uma época; em referência de tecnologia, panorama econômica e social do dia em que foi produzido. Em suma, um importante misto de história com arte. Com esta idade, se mantido como original em aparência e funcionamento, pode ser licenciado como Veículo de Coleção. E assim individualizado, identificado por uma placa especial com fundo preto e letras cinza, é dispensado do uso dos equipamentos de segurança obrigatórios posteriormente à sua fabricação, e da Inspeção de Segurança Veicular.

Placa junta passado e futuro

Como identificar um autêntico automóvel antigo? Não bastam as linhas que se perderam no tempo, os brilhos do polimento, dos cromados. Há no universo dos colecionadores uma linha divisória muito clara que divide os automóveis antigos e originais, dos carros velhos e apenas bonitinhos.

Esta faixa estreita é a originalidade. Um automóvel original, caracterizado como tal, é um veículo que mantém suas características construtivas, de decoração e operação idênticas ao dia em que foi produzido. Agregar Fusca 1952acessórios disponíveis à época é permitido. E só. Este é um marco da história e terá reconhecimento formal, respeito e valor adequado.

Um outro automóvel com a carroceria da mesma idade, mas que pelos condicionantes do uso começou, por praticidade, a ter componentes substituídos por outros mais modernos, melhor desenvolvidos, de comportamento superior, não é um automóvel antigo. Pode ser um carro velho adaptado, ou um hot rod, um projeto que usa carrocerias antigas sobre mecânicas novas. Será apenas um carro diferente, mas não será um veículo de coleção.

Desde sempre ambas as categorias eram misturadas. Entretanto desde 1993, conseqüência de trabalho desenvolvido pela Fundação Memória do Transporte, de Brasília, um Decreto presidencial, hoje incluído no texto do Código de Trânsito Brasileiro, identifica os Veículos de Coleção como os que tendo mais de 30 anos de fabricação mantenham as características originais e sejam objeto de coleção.

A separação entre o original e o bonitinho é feita através de um Certificado de Originalidade, emitido por uma entidade especializada, reconhecida pelo Denatran. Reconhecido como tal, pode ser licenciado como Veículo de Coleção.

Externamente a diferença será apenas a placa de licenciamento, com as cores invertidas: fundo preto e letras cinza. Operacionalmente estará isento do uso dos equipamentos que se tornaram obrigatórios depois de sua fabricação, e dispensado da Inspeção de Segurança Veicular. É um reconhecimento ao trabalho de preservação ou de restauração das condições originais, um reflexo autêntico do cenário de época, uma aula de história sobre rodas. Continua

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Correspondência para o autor: rnasser@mymail.com.br