Best Cars Web Site - Carros do Passado

Em 3 de agosto começava a produção do Renault 4, para logo fazer sua estréia mundial no Salão de Frankfurt. Era apresentado como Renault 4 L, mas ficaria apelidado para sempre como R4. Tratava-se de um dois-volumes de 3,68 metros com cinco portas de ótimo acesso. E trazia uma primazia mundial, que faria escola: o sistema de refrigeração selado, em que o líquido expandia-se para um reservatório adicional, evitando sua perda e a necessidade de reposição freqüente.

Não era bonito, mas também não era feio. Na frente, dois faróis redondos ladeavam a grade, de desenho trapezoidal invertido. Visto de lado, o destaque ficava por conta das três janelas que proporcionavam ótima visibilidade. O motor tinha quatro cilindros em linha, refrigeração a água e 603 cm3. A potência de 20 cv a 4.700 rpm permitia velocidade máxima de 95 km/h e, com o bom uso da caixa de três marchas, acelerações razoáveis, graças ao peso de apenas 570 kg. A capacidade do tanque era de 26 litros e o consumo médio de 15 km/l. O capô abria-se de trás para a frente.

A suspensão do R4 era independente nas quatro rodas, com barras de torção em ambos os eixos. O carro inclinava bastante nas curvas, chegando a assustar os desavisados, mas não perdia a estabilidade. Enfrentava bem as estradas sinuosas das montanhas européias, apesar dos pequenos pneus 135 x 330 (diâmetro do aro em milímetros, equivalente a 13 pol).

No raio X, a disposição mecânica com motor e tração dianteiros. A suspensão traseira
implicava uma diferença de 5 cm da distância entre eixos esquerda para a direita

Uma peculiaridade do novo Renault era a distância entre eixos maior no lado direito, 2,45 contra 2,40 metros. Uma diferença de 5 cm! Era uma imposição do tipo de suspensão traseira independente por um braço arrastado de cada lado, cada um atrelado a sua barra de torção transversal. Como não havia solução para acomodá-las no mesmo plano, e nem era desejável braços de comprimentos diferentes, essa foi a maneira de resolver a questão. Mas nunca se teve nenhuma notícia de reclamação de comportamento estranho em curvas para um lado e outro.

Interior espartano Por dentro o R4 era de uma simplicidade ímpar. Acomodava bem quatro passageiros em bancos muito simples, que só tinham forro, sendo que a estrutura era visível por trás e de lado. O espaço para bagagem também era razoável, 255 litros, mas chegava a 950 com o banco traseiro removido. À frente do volante de três raios ficavam velocímetro e marcador de combustível apenas, e o retrovisor interno era apoiado no centro do painel. Lugar para mapas, lanternas e objetos em geral não faltavam abaixo dele. Continua

Nas pistas

Nas competições o R4 também fez sucesso. No campeonato monomarca Renault-Cross-Elf mostrou eficiência, durante 10 anos, na terra e na neve. Revelou e deu início à carreira de vários pilotos. O número de participantes era grande e o grid de largada era sempre uma emoção. Era uma categoria barata e acessível, com apoio direto da fábrica. Tiravam-se pára-choques, faróis, vidros (só o pára-brisa ficava) e adereços pouco úteis. Por dentro adicionava-se arco de proteção e mantinha-se só o banco do piloto.

O carrinho ia também para pistas de asfalto, em que recebia poucas modificações

mecânicas e tinha a suspensão rebaixada. Participou de várias edições do Rali de Monte Carlo e também do severo Rali Safári no leste da África. Em 1979, na primeira edição do Rali Paris-Dacar, fez sua estréia nas areias do continente africano.

Em 1980 um versão com tração nas quatro rodas e motor do Renault 5 Alpine, de 1.400 cm3 e 110 cv, nas mãos dos competentes irmãos Marreau, chegou em quinto lugar na classificação geral do Paris-Dacar. Era mais alto e o que chamava a atenção era o cano de escapamento, que saía do capô dianteiro e subia pela capota. Chegou à frente de carros muito mais esportivos.