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O mito de cabeçotes vermelhos

Ousados no desenho e no desempenho, o Testarossa e
suas evoluções foram Ferraris da mais alta estirpe

Texto: Marcelo Ramos - Edição: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Apresentado no Salão de Paris de 1984, o Ferrari Testarossa chegou em um momento em que a fábrica atravessava um período nebuloso e se consagrou como um dos modelos mais famosos da casa de Maranello. Seu nome deriva do lendário 250 Testa Rossa (cabeçote vermelho em italiano), que tinha os cabeçotes do motor nessa cor, e fez grande sucesso nas pistas durante a década de 1950.

No início dos anos 80 a Ferrari sofria com uma crise de identidade, pois seus modelos de produção estavam perdendo sua essência. O 208 GTB, apesar de ser belo e ter bom desempenho, possuía um modesto motor V8 de 155 cv. Já o Mondial era uma mescla de sedã familiar com carro esporte, pois oferecia quatro lugares e descaracterizava o espírito da marca. Sobrava apenas o 512 BBi (Berlinetta Boxer), que apesar de ser um superesportivo já apresentava sinais de envelhecimento.

O antecessor: derivado do Berlinetta Boxer de 1971, o 512 BBi apresentava claro envelhecimento, embora ainda conquistasse pelo desempenho e carisma

A Ferrari já sabia que precisava de um modelo que resgatasse a identidade da marca. Desde 1978 estudava um sucessor para o 512 BBi. Para desenvolver o projeto (tipo F110 AB), o comendador Enzo convocou uma equipe de quatro renomados engenheiros: Angelo Bellei, Nicola Materazzi, Maurizio Rossi e Leonardo Fiovaranti, este último do estúdio Pininfarina, que desenhara verdadeiras lendas como o 365 GTB/4 "Daytona".

O novo Ferrari seguiria a concepção mecânica do Berlinetta Boxer, como motor central-traseiro de 12 cilindros opostos e chassi tubular de aço. Entre 1979 e 1982 foram desenvolvidos vários protótipos do novo motor (tipo F113A), derivado do motor 312B, e da nova carroceria, que os engenheiros do centro de pesquisa do Estúdio Pininfarina denominaram BBN (Berlinetta Boxer New).

Os cabeçotes vermelhos, visíveis nos extremos superior e inferior da imagem, são a origem do nome do Testarossa, que já fora utilizado no 250 Testa Rossa da década de 1950

Em 1982 era construído o primeiro protótipo completo, mas não continha adereços de conforto em seu interior, apenas componentes mecânicos. Ao todo, foram feitas 30 unidades de teste, sendo 12 completas e o restante apenas para testar partes e peças individuais.

V12 a 180 graus   O resultado foi um cupê -- ou berlinetta, como os chamam os italianos -- de 4,48 metros de comprimento, 1,97 m de largura e 1,13 m de altura, pesando 1.500 kg. Possuía câmbio manual de cinco marchas e seu motor de 5,0 litros, com 12 cilindros opostos (ou V12 a 180º, como dizia o comendador), adotava duplo comando em cada cabeçote e 48 válvulas, resultando em 390 cv e um torque de 49 m.kgf. A injeção era Bosch K-Jetronic, mecânica. Tudo isso fazia com que o Testarossa alcançasse a velocidade máxima de 290 km/h, com aceleração de 0 a 100 km/h em 5,3 segundos. Continua

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Data de publicação: 5/4/03

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