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E chegamos a um ponto crucial em se tratando de Citroën: a suspensão. Sendo o C5 hoje o topo de linha da marca, sempre famosa pelo comportamento dinâmico de seus automóveis, não se esperaria menos do que o sistema Hydractive (hidroativo) 3 Plus, de terceira geração, que substitui molas e amortecedores (saiba mais). Os resultados são espantosos.

Seu rodar é bastante confortável e silencioso mesmo em pisos irregulares, mas basta frear, desviar ou tomar uma curva rapidamente para perceber o notável controle, superior mesmo ao do germânico Passat. Quem prefere mais firmeza todo o tempo pode selecionar o modo Sport, por um botão no console -- ainda assim terá um carro suave, embora menos silencioso. O mais curioso do sistema, porém, são as diferentes alturas de rodagem.

O ajuste de altura do C5 chama a atenção e pode ser muito útil: na posição mais alta, na foto, o vão livre do solo supera em 45 mm o de um jipe Tracker... Há também três posições que se revezam de acordo com a velocidade
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Ao contrário do antecessor Xantia, o C5 não permite escolher a altura para qualquer velocidade. Talvez para simplificar seu uso pelos não-iniciados, a Citroën optou por uma "altura de referência", mas que varia ligeiramente conforme a velocidade. De zero a 70 km/h, aumenta 13 mm; entre 70 e 110 km/h, assume-se a de referência; e acima de 110 km/h, reduz-se em 15 mm na frente e 11 mm na traseira, permanecendo assim até que se baixe de 90 km/h. Em baixa velocidade é que as opções se ampliam.

Há uma posição alta, limitada a 40 km/h, e outra ainda mais elevada (com vão livre mínimo do solo de 240 mm, ou 45 mm mais que num Chevrolet Tracker!), com limite de 10 km/h. Embora ótimas para passar por lombadas, valetas, trechos acidentados ou rampas de garagem mais íngremes, não se destinam a longos percursos: o carro fica bastante duro e sensível às irregularidades, sobretudo na mais alta. Uma quarta opção, bastante baixa, funciona apenas com o carro parado. Serve para manutenção do sistema, pois zera a pressão hidráulica, e para facilitar o carregamento do porta-malas. Continua

Comentário técnico
> O motor 3,0 do C5 traz, em relação ao similar já utilizado no Xantia, novo desenho das câmaras de combustão, redução de atritos e de peso (10 kg no total). Ganhou 8% na potência e 6% no torque máximo, além de 10% no torque a 2.000 rpm, que atinge 26,5 m.kgf (88% do total). O consumo foi reduzido, o intervalo de trocas de óleo ampliado para 15.000 km e o das velas para 80.000 km.

> O do Passat, embora dotado de cinco válvulas por cilindro, tem potência específica inferior: 68,5 cv/l, contra 71,2 cv/l do C5. Potência (190 cv) e torque (26,5 m.kgf) sofreram ligeiras perdas na linha 2001 para atender a novas normas de emissões poluentes. É que o alemão é vendido também nos Estados Unidos e Canadá, onde o francês não chega -- este traz, inclusive, um alerta de que não atende àquelas normas.

> Interessante nos motores VW/Audi é a combinação dos vários diâmetros de cilindro e cursos de pistão para obter diferentes cilindradas. No caso desde 2,8, o diâmetro de 82,5 mm é o mesmo do 2,0-litros, enquanto o curso de 86,4 mm é o do 1,8.

> O câmbio de cinco marchas do Passat é calculado para exceder ligeiramente o regime de potência máxima (6.000 rpm) ao atingir a velocidade final em quarta: 235 km/h a 6.150 rpm. Já a quinta, sobremarcha, obtém apenas 4.550 rpm nessa velocidade. O do C5 está errado nesse aspecto: a quarta resulta em apenas 4.675 rpm (potência também a 6.000) a 232 km/h, enquanto a terceira é curta demais, limitando a velocidade.
Isso explica por que o
Passat é mais veloz, mesmo com 20 cv a menos.

> A suspensão do Citroën possui uma unidade central hidroeletrônica denominada BHI, com grande capacidade de processamento, e 18 sensores que analisam o estado do terreno e o estilo de condução do motorista. Foi projetada para escolher em tempo real entre o modo suave, priorizando o conforto, e o sport, mais firme e controlado. E não requer manutenção nos primeiros cinco anos ou 200 mil quilômetros.

> No Passat as molas e amortecedores são convencionais, mas há um eficiente arranjo na suspensão dianteira. Trata-se do sistema de braços sobrepostos (double wishbone), só que com dois braços superiores e dois inferiores -- por isso é denominado pela marca FourLink, ou quatro ligações. As rodas se deslocam sempre muito perto da vertical, de que resulta um braço de alavanca de forças reduzido, com ganhos em estabilidade direcional e nas curvas. A arquitetura permite neutralizar melhor as tendências de "mergulho" em freadas e de levantamento em aceleração. Na traseira vem o consagrado eixo de torção, esquema usado no modelo desde a primeira geração, em 1973.

> A assistência adicional em frenagens de emergência do C5 é similar ao sistema BAS introduzido pela Mercedes-Benz. Quando o pedal do freio é pressionado firmemente, sinalizando uma situação de emergência, o pistão principal aciona um segundo pistão que aplica máxima pressão no sistema de freios, o que compensa a eventual relutância do motorista em pisar fundo.

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