Com frente exclusiva do
nacional e linhas tradicionais, o Corsa é agradável e deve demorar a
envelhecer
Originalidade é um ponto alto
do C3, que lembra um pouco o 2CV, mas seu estilo não agrada a todos |
Concepção e
estilo
Estes são dois dos
carros nacionais — já não são muitos — que se mantêm atualizados em
desenho aos similares do mundo desenvolvido. O Corsa de terceira geração
foi lançado pela Opel alemã em 2000 e ganhou cidadania brasileira dois
anos depois, com um desenho frontal exclusivo para nosso mercado. Já o
C3 surgiu na Europa no final de 2001 e apareceu por aqui após um ano e
meio. Desde então, ambos conservam inalteradas as linhas.
A Citroën apostou em formas originais, bem arredondadas e com certa
inspiração no longevo 2CV, que
motorizou os franceses por quase meio século. Se há alguns exageros,
como no tamanho da grade, o conjunto tem charme e parece ganhar
crescente aprovação entre os brasileiros. A GM, como de hábito, seguiu
um caminho mais tradicional e desenhou um carro que, além de não negar
seu parentesco com outros modelos da marca, agrada a praticamente todos
e não deve envelhecer com facilidade. Em aerodinâmica, o Corsa tem
Cx um pouco pior (0,327 ante 0,31), mas
sua área frontal é bem menor, o que compensa a desvantagem.
Conforto
e conveniência
Assim como a
carroceria, o interior do C3 mostra formas inspiradas: painel com
velocímetro digital e conta-giros em meia-lua, volante que simula ter um
só raio, difusores de ar prateados, maçanetas cromadas em forma de alça,
um copo removível que faz as vezes de cinzeiro. É um ambiente mais
criativo que o do Corsa, onde domina a sobriedade e a funcionalidade
alemãs. O Citroën avaliado trazia revestimento dos bancos em couro, que
dava um aspecto bem mais luxuoso, mas não vem de fábrica. O tecido de série é
aveludado e mais luxuoso que o do concorrente. A nosso ver, uma perda
lamentável é a seção inferior do painel em cinza claro — agora vem em
preto, o que faz o interior parecer mais quente e apertado.
Se encontrar boa posição para dirigir é possível nos dois, fica mais
fácil no C3 com o volante ajustável em altura e profundidade. Já a
regulagem de altura do banco usa nos dois o mesmo sistema, em que o peso
do corpo é que faz o assento descer após ser destravado, longe do ideal.
Apenas o Citroën possui computador de bordo (que indica consumo em
litros/100 km, uma falha), mas de resto os painéis se equivalem em
informações. Só que o do C3 tem ótimos aspecto e leitura a qualquer
hora, enquanto o do Corsa, com fundo branco e iluminação amarelada,
projeta duas "lanternas" no rosto do motorista à noite, a nosso ver de
muito mau gosto. Por que a GM insiste tanto nessa solução?
Por outro lado, o controle elétrico dos vidros do Corsa é bem mais
prático: os comandos ficam nas portas, embora muito recuados (no C3 vêm no console, incluindo os
traseiros, que ficam mais perto dos pés que das mãos), e os quatro têm
função um-toque (só os dianteiros no
oponente). Já o sensor antiesmagamento
e o temporizador equipam ambos. Outras
vantagens do modelo da GM são alarme com proteção por ultra-som e
fechamento automático dos vidros, comando do bocal de abastecimento
junto da trava das portas, pára-brisa com faixa degradê, indicação da
temperatura externa, ajuste automático do intervalo do limpador de
pára-brisa (apenas quando dotado de freios antitravamento, ABS), opção
de volante revestido em couro e reclinação dos bancos por botão giratório, em vez de
alavanca.
Continua
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