O capô proeminente deixa a
Aircross com certo ar de utilitário esporte; estepe externo e vários
adereços a diferenciam da C3 Picasso europeia
Frente e traseira foram
remodeladas na Idea 2011, que ganhou também novas molduras plásticas
dentro do tema algo exagerado da Adventure
Lanternas traseiras elevadas são
boa solução na Citroën; a Fiat adotou leds para as funções de posição e
freio, os primeiros em carro nacional |
Concepção e
estilo
Lançada aqui em 2005, a
Idea nacional deriva de um projeto da Fiat italiana apresentado dois
anos antes, mas revela diferenças tanto técnicas quanto de desenho
interno, em que o painel digital em posição central usado na Europa deu
lugar a um convencional, similar ao do Palio. A versão Adventure foi
desenvolvida aqui e chegou ao mercado um ano depois, com tratamento
estético inspirado no da versão conceitual
5Terre que os italianos exibiram em 2004. Curiosamente, também
lembram os da 5Terre os novos faróis adotados como parte da remodelação
da linha 2011, que incluiu lanternas traseiras com
leds (para funções de posição e freio) e
molduras laterais retilíneas.
Por processo semelhante passou a minivan da Citroën até se tornar a
Aircross. A C3 Picasso apareceu na Europa em 2008, derivada da
plataforma do hatch C3 com dimensões ampliadas, e foi submetida a
alterações visuais e mecânicas para ganhar o perfil "aventureiro" do
modelo nacional. Nisso, também perdeu o painel central e digital para
ganhar um convencional, com instrumentos analógicos à frente do
motorista. Como na Idea Adventure, grandes pneus de uso misto e maior
altura de rodagem complementam na parte técnica o pacote visual — com
direito a estepe externo junto à quinta porta — que remete a veículos
fora de estrada.
As linhas retas do desenho da Idea formam bom conjunto com as formas
mais suaves e elaboradas dos novos faróis e lanternas, enquanto as
molduras plásticas em preto fosco (que julgamos exageradas, mas parecem
ter agradado ao público-alvo, pois se estenderam a Palio e Strada
Adventure depois que a minivan foi lançada com elas) fizeram o caminho
oposto, trocando as curvas pelos ângulos. Há quatro faróis auxiliares
(dois de neblina, dois de longo alcance) e as barras de teto fazem um
arranjo peculiar. O que causa certa estranheza no modelo são as
proporções, pois a altura é maior que a largura.
A Aircross segue receita diferente, com linhas retas que se arredondam
nos cantos e uma frente alta e proeminente que lembra mais a de um
utilitário esporte. O formato original dos faróis e as lanternas
traseiras nas colunas dão um tom diferenciado e moderno. Um pouco mais
baixa que a concorrente, é também mais discreta na decoração
fora-de-estrada.
Qual agrada mais? Sentimos aprovação equivalente entre as pessoas que
ouvimos durante a avaliação: embora o desenho básico da Fiat tenha sido
considerado mais leve e harmonioso, houve quem criticasse o excesso dos
elementos "aventureiros", ao passo que a moderação da Citroën nesse
aspecto ganhou pontos. Contudo, apesar do "ar" em seu nome, a Aircross
não é a mais favorável a sua passagem: tem alto
coeficiente aerodinâmico (Cx), 0,36,
contra o mais razoável 0,34 da Idea, de acordo com os fabricantes. A
multiplicação desse índice pela área frontal, que é o resultado que
importa, leva a 0,96 na Citroën e 0,97 na Fiat, valores bastante altos
que indicam baixa eficiência aerodinâmica.
Conforto
e conveniência
O interior de ambos os
modelos impressiona bem nessas versões de topo, com revestimento dos
bancos em couro de dois tons, na Idea, e combinando couro e tecido em
malha na Aircross. Quanto ao painel, o da Citroën agrada mais com seu
desenho moderno e o uso de detalhes refinados, como os anéis em tom de
alumínio polido nos difusores de ar, enquanto o da Fiat é um tanto
modesto nesse aspecto — há apenas a pintura da parte central em uma cor
bronze que combina com os bancos. Em termos de materiais plásticos,
contudo, as duas merecem crítica: são rígidos ao toque e de aspecto
apenas razoável.
O motorista senta-se melhor na Aircross, em que dispõe de bom
alinhamento entre banco, pedais e volante e de ajuste desse último
também em distância. Na Idea, talvez por força das adaptações de
componentes do Palio, o assento está cerca de cinco centímetros mais à
esquerda que os comandos e a regulagem do volante é feita só em altura.
A alavanca de câmbio está muito baixa nos dois carros (também a do freio
de estacionamento na Aircross) e ainda parece recuada em excesso na
Citroën, em que um motorista não muito alto pode bater o braço no
encosto do banco ao engatar a segunda marcha. Também nesse modelo, o
apoio de pé esquerdo previsto é muito vertical e pequeno; acaba-se tendo
de repousá-lo no assoalho. Os volantes de três raios são revestidos em
couro e têm boa pega.
A Aircross tem quadro de instrumentos mais sofisticado, com três módulos
em interseção, e traz um marcador de combustível digital que simula um
analógico. Não há nela o termômetro do motor, presente na Idea, mas sim
luzes-piloto para motor frio e superaquecido. Na Adventure o grafismo
adotado para 2011 é bem mais adequado que o antigo, saturados de
elementos coloridos. Ambas têm computador de bordo com indicação de
consumo em km/l, mas só a Fiat inclui segunda medição e consumo
instantâneo. O conjunto de clinômetros (longitudinal e transversal) e
bússola no topo do painel da Idea encontra similar na concorrente, desde
que não haja nesta o navegador por satélite.
Continua
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