Já são sete anos desde o
lançamento europeu, mas o Punto mantém o ar atualizado; as lanternas nas
colunas são características do modelo
Desenho é
certamente um ponto alto do Fiesta, que ficou melhor como hatch que como
sedã; repare na ascensão da linha de base das janelas
O estilo dos
Volkswagens costuma ser sóbrio e duradouro e isso se vê no Polo, aos
quase 10 anos de Brasil com alterações de pequena monta |
Dois desses modelos
nasceram quase juntos na Europa: a primeira geração do Polo data de
1975, e a do Fiesta, do ano seguinte. Só que o VW nacional está desde
2002 no quarto modelo dos alemães — para eles já existe o quinto desde
2009 —, enquanto o novo Ford é a sexta geração que os europeus
conheceram em 2007. O caso do Fiat é diferente: lançado na Itália em
1993 como sucessor do Uno, chegou em 2005 à terceira geração, vendida
por lá como Grande Punto, que deu origem após dois anos ao primeiro
Punto brasileiro.
Temos aqui, portanto, um modelo vendido no mercado de origem desde 2001
(Polo), outro desde 2005 (Punto) e um desde 2007 (Fiesta). E isso,
considerando-se o ciclo médio de produção de seis ou sete anos para cada
geração, explica claramente as diferenças de estilo entre eles.
A modernidade do projeto do Ford fica evidente em suas linhas, com
faróis alongados, para-brisa mais inclinado e linha de cintura alta e
ascendente da frente para a traseira. O Fiat segue as mesmas ideias, mas
em grau mais moderado, e tem a peculiaridade das lanternas traseiras
elevadas que caracterizam o modelo desde os anos 90. O Polo é bem
diferente, com formas retilíneas e discretas. Se essa sobriedade
conseguiu que seu desenho envelhecesse devagar em uma década, na qual as
mudanças quase se resumiram a grade e faróis, também é fato que ele não
consegue mais conquistar pelo desenho, ao contrário dos oponentes.
O coeficiente aerodinâmico (Cx) não mais
tem sido reduzido nos novos projetos, pois outros fatores — segurança em
colisões, menor risco de lesões em atropelamentos e até mesmo o
interesse do público por estilos mais robustos — têm predominado sobre o
cuidado com a penetração no ar. Mesmo assim, o melhor índice é o do
modelo mais novo, o Fiesta, com 0,33, ante 0,34 do Punto e 0,352 do
Polo. Multiplicado à área frontal (Cx.A), os números resultam em 0,75 no
Ford e 0,80 tanto no Fiat quanto no VW.
O visual interno
repete, de certo modo, a impressão causada pelas carrocerias.
O do Fiesta é claramente mais moderno, sobretudo pelo painel com módulos
destacados para os instrumentos e a seção central inspirada no teclado
de telefones celulares. No Punto a aparência é atual, sem ser ousada, e
no Polo reflete o padrão alemão de interior funcional, mas algo
austero — e desgastado pelos 10 anos de mercado. Ameniza a
situação no VW o uso de tom grafite de bom aspecto em seções do
painel.
Quanto à qualidade de materiais, os três vinham com revestimento dos
bancos em couro nas unidades avaliadas, mas não agradam pelos plásticos:
são rígidos e, no caso do Ford, incomodam mesmo pela aparência pobre de
peças como as maçanetas das portas. Também nesse modelo há um estranho
contraste de texturas entre a parte superior do painel e a inferior, que
são da mesma cor preta. A diferença é bem-vinda quando se usam dois tons
no acabamento, como é comum no exterior, mas não caiu bem com a adoção
do painel monocromático para atender à "preferência nacional".
Variadas regulagens de banco e volante (em altura e distância) permitem
encontrar boa posição de dirigir nos três, mas há diferenças. Punto e
Fiesta acomodam melhor que o Polo, cujo assento curto deixa as coxas mal
apoiadas. No Ford destacam-se os bancos amplos e com apoios laterais
pronunciados, mas há duas restrições: a reclinação do encosto se dá por
alavanca, com pontos definidos (seria melhor contínua), e tal comando
fica apertado junto à coluna central.
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