Frente imponente e excesso de
plásticos sem pintura tentam dar ar moderno ao Strada; extensão das
lanternas traseiras parece acessório
Mesmo sem ousar no desenho, a VW
conseguiu bom resultado no novo Saveiro; versão Trooper vem com faixas e
rodas de aspecto simples |
Concepção e
estilo
Picapes derivados de
automóveis são quase uma exclusividade brasileira, mas estes são ainda
mais, pois se originam de modelos desenvolvidos para países como o
nosso, o Palio e o Gol — ao contrário de Chevrolet Montana e Ford
Courier, derivados de Corsa e Fiesta que já existiram na Europa.
O Saveiro de terceira geração, que sucede aos lançados em 1982 e 1997
(desconsidere as reformas parciais de 2000 e 2006, que não constituíam
novas gerações), marca enfim o abandono da posição longitudinal do motor
pela transversal, praticamente unânime no mundo em se tratando de carros
pequenos. A plataforma agora é similar à de Fox e Polo, mas no picape
conta com maior entre-eixos e suspensão mais alta. Já no Strada, a
geração lançada em 1998 permanece em produção, remodelada já três vezes
na parte frontal para acompanhar as alterações em toda a família Palio.
Ao contrário do Saveiro, sua suspensão traseira por eixo rígido
distingue-se da usada no restante da linha.
O desenho do picape da VW revela um bom trabalho da empresa, em que a
frente comum a Gol e Voyage harmoniza-se bem com as novas linhas da
metade para trás. Embora não seja original no formato de cabine
estendida ou nos apoios laterais para pés que facilitam lidar com cargas
mais altas (praticamente iguais aos do Montana), o Saveiro ficou
atraente e transmite solidez sem parecer pesado. Desta vez as portas são
grandes, as mesmas destinadas ao futuro Gol de três portas — solução
igual à do Strada —, enquanto a geração anterior usava as menores do Gol
de cinco portas, deixando um estranho vazio estético entre elas e as
rodas traseiras. Foi a melhor medida para a versão estendida, pois o
acesso ao espaço atrás dos bancos seria difícil com portas menores, mas
há desvantagens como o peso das portas e a dificuldade de abri-las em
vãos estreitos, cada dia mais comuns. Discutível é o tratamento estético
da versão Trooper, com rodas de aço pretas de aspecto pobre e uma faixa
lateral que, se a distância parece um friso de proteção, é na verdade
apenas decorativa.
O Strada, como os demais modelos da linha, ressente-se do excesso de
maquiagens sobre um desenho básico que já tem 11 anos no picape e 13 no
Palio. Como a seção central era bastante moderna quando lançada, não
parece antiquada hoje como a do Saveiro antigo ou a do Courier, que
chegaram ao mercado na mesma época. A nova frente com faróis
elipsoidais no facho baixo tem bom
aspecto, mas a traseira quase inalterada cobra seu preço: para não
investir em mais caras alterações de estampo, a Fiat apelou para
extensões das lanternas que lembram acessórios pós-venda, de gosto
questionável. Além disso, o extenso uso de plásticos sem pintura na
versão Adventure divide opiniões — a nós parece um tanto excessivo.
Apenas a VW divulga coeficiente aerodinâmico
(Cx), que é de 0,346 no Saveiro de cabine estendida com cobertura de
caçamba (sem ela, 0,359). Como são valores próximos aos do novo Gol
(0,34) e para o Palio o Cx declarado é 0,33, pode-se estimar que o do
Strada esteja no mesmo nível do concorrente. Contudo, a área frontal do
Fiat é bem maior (estimados 2,58 m² ante 2,34), o que leva ao resultado
final de 0,88, contra 0,81 do VW.
Conforto
e conveniência
O ambiente interno dos
dois modelos repete o de Gol e Palio ou, mais exatamente, o da perua
Palio Adventure no caso do Strada. A Fiat apela para decoração mais
chamativa também por dentro, caso do tecido de revestimento dos bancos,
da aplicação do logotipo da versão nos encostos e da grafia uma tanto
colorida — e congestionada — do quadro de instrumentos. O acabamento é
equivalente entre eles, com uso de plásticos rígidos combinado a
qualidade de montagem aceitável, mas bancos e volante revestidos em
couro como opcionais deixam o Strada mais refinado.
O Saveiro evoluiu bastante em posição do motorista: foram alinhados
banco, volante e pedais (no anterior, sentava-se mais à esquerda que os
comandos), o conforto do banco melhorou e o volante agora pode ser
ajustado em altura e distância, exclusivo na classe — no Strada é apenas
em altura. O condutor encontra conforto também no Fiat, mas deveria
haver ajuste de altura do banco (presente no adversário), que tem
assento alto, e melhor apoio para o pé esquerdo. O espaço disponível é
semelhante e os volantes de três raios permitem boa pega. As informações
dos painéis se equivalem, pois há computador de bordo com indicação de
consumo em km/l (correto) e duas medições de distância, velocidade e
consumo médios (pode-se usar, por exemplo, uma para toda a viagem e
outra desde o último abastecimento). A iluminação em laranja do Strada
favorece a leitura em comparação à azul e vermelha do Saveiro. O Fiat
traz bússola e indicadores de inclinação longitudinal e transversal no
topo da parte central do painel.
Continua
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