Curiosidade


Carros do futuro... ou do passado?

Como seriam os carros-conceito de 30 ou 40 anos atrás?

Um museu em Chicago mostrou a resposta


Texto: Fabrício Samahá



Eles aparecem em todos os salões, antecipando estudos que podem estar nas ruas em poucos anos ou dando asas à imaginação dos projetistas. Alguns são práticos, viáveis; outros, tão avançados e extravagantes que chegam a ser irrealizáveis. São os carros-conceito, veículos que mostram ao público o que se pode esperar do fabricante para o futuro. Você tem visto vários deles, mas... Já imaginou como eles seriam há 30 ou 40 anos? O que teria passado pela mente dos projetistas numa época em que os carros eram enormes, repletos de cromados e de "rabos de peixe"?

Quem visitou o Museu da Ciência e da Indústria de Chicago, EUA, até setembro pôde encontrar a resposta. Reuniram-se 19 carros-conceito de décadas passadas, entre 1948 e 1970, vindos das garagens de colecionadores e de diversos museus norte-americanos. Uma oportunidade única de conhecer ao vivo veículos - alguns curiosíssimos - que poucos chegaram a ver em livros.

Um dos mais bizarros modelos expostos era o Davis, construído em 1948 por um fabricante de mesmo nome. Semelhante a uma banheira invertida e com capota, tinha só três rodas, carroceria de alumínio e um econômico motor de 65 cv (brutos). A marca faliu num escândalo financeiro e apenas 17 unidades foram fabricadas.

Levando um emblema mais conhecido, mas com linhas não menos curiosas, o Alfa Romeo Disco Volante de 1952 justifica o nome pela semelhança com um disco voador: rodas encobertas, formas extremamente limpas, ausência de pára-brisa. Nunca entrou em produção, mas alguns de seus elementos estéticos chegaram aos Alfa dos anos 50. O motor era um pequeno quatro-cilindros que o levava a estrondosos 110 km/h. Das nove unidades produzidas, oito foram sucateadas - salvou-se uma, escondida numa garagem durante 20 anos por um funcionário insatisfeito com a determinação da fábrica.

O Alfa Disco Volante, no alto, e o Davis, ao lado: dois dos mais curiosos protótipos mostrados em Chicago


Outra raridade do museu foi o Chrysler Thomas Special 1953. Baseava-se no Special, esportivo desenhado pelo estúdio italiano Ghia por encomenda do chefe de estilo da Chrysler, Virgil Exner. Conta a história que C. B. Thomas, presidente da divisão de exportação da marca, gostou tanto do carro - com uma grade inspirada nos Ferrari de competição da época - que pediu que se fizesse a unidade personalizada de quatro lugares que leva seu sobrenome. O modelo agradou o pessoal da Chrysler e foi exposto em salões antes de ocupar a garagem do presidente.

Conceitos da General Motors também tiveram lugar no museu. O Buick Wildcat de 1953 mostrava as três saídas de ar laterais que se tornariam marca registrada Buick. Feito em fibra de vidro, o conversível tinha ainda controles pedais para o rádio, duas antenas e tomadas de ar que produziam um efeito de compressão no carburador. A proposta do Pontiac Parisienne, do mesmo ano, era diversa: fundir um cupê da época a uma limusine com chofer dos anos 30. O motorista ficava exposto às condições climáticas, enquanto os passageiros usufruíam de uma cabine confortável e revestida em couro... cor de rosa!

Em outro extremo, o Peel P50 inglês de 1962 colocava em dúvida se os microcarros são mesmo invenção japonesa. Media 1,30 metro de comprimento, 90 cm de largura e 1,20 metro de altura! Havia até maçanetas traseiras para estacionar o minúsculo veículo, uma tarefa simples diante de seus 60 kg de peso.

A ala esportiva era representada por modelos como o Ford Cougar II, um cupê de motor V8 para 270 km/h mostrado em 1964 - três anos antes de ceder o nome ao modelo da Mercury que existe até hoje. Ou o Packard Panther Daytona de 1954, com carroceria de fibra e motor supercomprimido de 225 cv (brutos), capaz de atingir 210 km/h - número ainda respeitável para sua categoria. Ou ainda o Chrysler Falcon, do ano seguinte, roadster de dois lugares desenhado pela Ghia com um V8 de 300 cv. Em vez de produzi-lo, a Chrysler o manteve na gaveta e vendeu o nome Falcon para a Ford usar num compacto. O mais recente dos carros do museu também era da Chrysler, um Dodge Diamante de 1970. Derivado do Yellowjacket Challenger de 1969, tinha estilo agressivo e um enorme motor de 7 litros que o levava de 0 a 100 em 5 segundos.

Mas nenhum deles se comparava ao Chrysler Turbine de 1963, um carro a jato que teve só 50 unidades produzidas, todas cor de cobre. Depois de três anos de testes a marca desativou o projeto, por sua baixa eficiência, e destruiu 40 dos carros - para não ter de pagar imposto de importação sobre as carrocerias feitas na Itália.



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