Um aristocrata em traje esporte

A classe e o requinte habituais na Bentley somaram-se
a um ar mais casual na prestigiada série Continental

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

No começo do século passado, na década de 1920, W. O. Bentley fabricou seu primeiro automóvel. Logo ficou famoso por inscrever o primeiro modelo estrangeiro para participar da famosa prova 24 Horas de Le Mans, na França. Em 1924 obteve sua primeira vitória, três anos depois outra, e dali até 1930 levou todos os troféus da vitória para a Grã-Bretanha. Apesar do êxito nas pistas, seus esportivos de rua eram caros, os fornecedores de peças não cumpriam os prazos e os problemas financeiros começaram a ficar incontornáveis. Por estes motivos, em 1931 a empresa era adquirida pela famosa Rolls-Royce, também inglesa.

Depois da Segunda Guerra Mundial, a produção da Bentley foi instalada em Crewe, na mesma cidade da Rolls. Mesmo pertencendo ao grupo, não abandonou as pistas. O Bentley Embiricos, um cupê fechado de linhas aerodinâmicas e arrojadas de 1938 (leia boxe), correu quase sem alterações na carroceria até 1952. Inspirado nele começavam, em 1950, os primeiros esboços para um modelo de rua, sob a direção do engenheiro H. I. F. Evernden e do estilista J. P. Bleatchley. Maquetes eram testadas em túneis de vento. Os protótipos foram à prova em estradas nacionais francesas, muito apreciadas pelos ingleses por possuírem retas longas e planas. No autódromo de Montlhéry, também na França, que como o antigo traçado de Monza (Itália) também tinha curvas e retas inclinadas, chegou a fazer a melhor volta cronometrada em 119,75 milhas por hora (192,7 km/h).

O primeiro Continental R surgiu em 1952 com formas aerodinâmicas e elegantes, embora clássicas: o perfil da marca sempre foi o de não apostar em modismos

Em 1952, após longos testes e aprimoramentos, nascia o modelo Continental R. Aliar conforto, elegância e alguma esportividade era o desafio. Tudo isso a tradicional Bentley conseguiu na fabricação de um fantástico cupê. Grande, com 5,24 metros de comprimento, tinha frente e traseira fartas. O estilo fastback, porém, já estava mais para anos 40 do que para a década de seu lançamento. Enquanto americanos, franceses, italianos e alemães abandonavam esse estilo, adotando o de três volumes e com linhas mais retas, o carro britânico conservava o classicismo de linhas arredondadas.

Na frente, quatro faróis circulares da marca Ferodo estavam dispostos em linha vertical. No meio a imponente grade, um pouco inclinada para trás, tinha quase o mesmo desenho da usada pela Rolls, mas detalhes as diferenciavam. O de maior destaque era o mascote sobre o radiador, um "B" bem talhado com asas. Atrás, o destaque ficava por conta de três lanternas circulares de cada lado. E o respeito pela aerodinâmica estava presente, pois a carroceria era muito fluida.

O Bentley R de quatro portas: estilo tradicional e o mesmo motor de seis cilindros em linha e 4,6 litros

A carroceria do charmoso cupê era feita em alumínio, com peças de acabamento em liga leve. Os pára-choques também seriam, mas o mercado americano não admitiria, pelo que passaram a ser em aço. O conjunto tinha o peso de 1.600 kg, cerca de 250 kg a menos que o sedã Bentley tipo R de mesma mecânica. A carroceria era feita pela afamada casa H. J. Mulliner & Company, que desde o século XIX fabricava carroças, landaus e phaétons. Era apoiada em um chassi de aço, com reforços em "X", e para evitar rangidos na carroceria havia revestimentos com um papel especial. Continua

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Data de publicação: 24/6/06

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