Meio século de Chevy V8

O V8 de bloco pequeno da Chevrolet, um dos motores mais
famosos do mundo, faz 50 anos com fôlego renovado

Texto: Marco Antônio de Oliveira - Fotos: divulgação

Quando se fala hoje em dia de V8 small-block (bloco-pequeno), muitos se desinteressam por considerar um anacronismo essencialmente americano, sobretudo num país como o nosso, de influência cultural automobilística européia. Essas pessoas colocam todos os V8 americanos no mesmo balaio de gatos, visto que a maioria tem configuração básica semelhante.

Mais comum ainda é quem julga que os V8 ainda usados pela General Motors são um exemplo do que há de errado na empresa, velharias de tecnologia atrasada que não têm mais espaço no mundo atual de múltiplos comandos e válvulas. Mas quem o faz, na verdade, não conhece a velha máxima da engenharia que diz que, se existem duas soluções para um mesmo problema, a mais simples com certeza é a melhor. E, em pleno 2005, a maneira mais simples de se conseguir de 300 a 500 cv de potência ainda é via Chevrolet V8.

O novo Corvette Z06 representa o ponto máximo da evolução do small-block Chevrolet, uma história que começou há cinco décadas

Já no início dos anos 90, quando novos V8 de duplo comando e quatro válvulas por cilindro começavam a se multiplicar (nos novos Lexus e Infiniti, provocando outras a seguir a tendência), a GM já se mostrava segura nas qualidades de seu V8 de comando único no bloco e duas válvulas por cilindro atuadas por varetas, então na casa dos 40 anos de idade. Se comparado ao alardeado Lexus V8, o motor Chevy pesava praticamente o mesmo, apesar de seu bloco em ferro fundido, ante alumínio do Lexus; era menor fisicamente, apesar de maior em deslocamento, com 5,7 versus 4,0 litros; mais econômico; bem mais potente, 300 cv ante 250; e com muito menor número de peças que o japonês. Desnecessário dizer que era, por conseqüência, mais barato e por definição mais durável (peça que não entra no carro não quebra, já dizia João Gurgel). Como se não bastasse, seu centro de gravidade era mais baixo, devido aos cabeçotes bem mais simples.

Mas ainda impressiona como poucos, até hoje, têm a percepção de quão melhor era (e permanece) o Chevy V8 em todo quesito objetivo que se olhe. Na verdade, a culpa era da própria GM: passou quase duas décadas, de 1970 até o fim dos anos 80, empurrando ao público americano carros medíocres usando versões medíocres desse propulsor. Esses motores e veículos fizeram mais para manchar a imagem dos V8 americanos do que os 30 anos anteriores haviam feito para poli-la. Finalmente, a corporação parece disposta a mudar esta situação, colocando small-blocks de mais de 300 cv em todos os cofres de motor onde ele cabe... e até em alguns cofres onde se julgava impossível colocá-los. Para entender melhor como tudo isso aconteceu, um pouco de história se faz necessária.

Embora elogiado em seu lançamento, em 1949, o V8 das divisões Oldsmobile (ao lado o modelo 88) e Cadillac logo perderia apelo com a chegada do motor Chevrolet

O início   No final dos anos 40 e início dos 50, algumas imagens estavam consolidadas na mente do consumidor americano: Chevrolets são confiáveis e Fords são velozes. A Ford vinha, desde 1932, equipando seus carros com o famoso V8 flat-head (cabeça-chata), um V8 com válvulas no bloco, acionadas diretamente pelo comando no vale do "V", ficando o cabeçote como apenas uma "tampa" da câmara de combustão, alojando também a vela de ignição. A fama deste propulsor era grande: praticamente todo o movimento hot rod que apareceu na Califórnia no pós-guerra foi calcado em versões preparadas dele. A Chevrolet, por sua vez, usava desde 1929 o Stovebolt Six, um seis-em-linha ancestral de nosso conhecido 4100 do Opala. Apesar de bom, não tinha o desempenho do V8 Ford. Continua

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Data de publicação: 6/12/05

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