Com o motor de maior cilindrada que a própria BMW colocou no E30, o 333i sul-africano esbanjava torque e fazia de 0 a 100 em 7,4 segundos

 
Na África do Sul
O país no extremo sul do continente africano é um importante mercado para a BMW, que mantém até fábrica no local. E ali o modelo E30 foi lançado em 1984 com uma gama que, de abril de 1985 a setembro de 1987, incluiu uma interessante versão: a 333i de duas portas, que usava o motor M30 de seis cilindros em linha, comum aos maiores Série 5, 6 e 7. Com cilindrada de 3.210 cm3, desenvolvia 197 cv e elevado torque de 29 m.kgf, que se traduziam em máxima de 228 km/h e 0-100 em 7,4 segundos.

O 333i, que contava com auxílio da preparadora alemã Alpina, tinha restrições como a falta de espaço no cofre do motor, impondo ao comprador a escolha entre direção assistida e ar-condicionado — no calor africano! Usava caixa manual de cinco marchas (sem opção por automática) com a primeira embaixo à esquerda como no M3, diferencial autobloqueante e grandes freios a disco da Alpina com ABS opcional. O estilo ganhava esportividade com os anexos aerodinâmicos M Technic, rodas de 16 pol com o estilo já clássico da Alpina e pneus 195/50. Teto solar era oferecido. Pouco mais de 200 desses carros foram produzidos.

A intenção da BMW local era competir no Grupo 1, enfrentando adversários como Ford Sierra XR8 (com motor V8, outra peculiaridade sul-africana) e Alfa Romeo GTV 3,0, mas a categoria foi cancelada ao fim de 1985, deixando o 333i sem aplicação nas pistas dali em diante. De qualquer forma, apesar do alto desempenho, a versão era prejudicada nesse tipo de uso pela distribuição de peso bem diversa do ideal 50:50 que a marca costuma obter, pois o motor era longo e mais pesado que os previstos no projeto.

Opções mais moderadas também estavam disponíveis, como o 316, cujo motor de 1,8 litro continuou a ser usado na África até 1991, quatro anos depois de ser substituído pelo 1,6 com injeção em outros mercados. Outra versão peculiar do país foi o 325iS de 1989
uma alternativa ao M3, que não apareceu por lá. Com motor de 2,7 litros e os mesmos 197 cv do 333i, vinha com um pacote visual esportivo. A potência subia para 210 cv na linha 1991 com a chegada do 325iS Evo II, que incluía diversos painéis de carroceria em alumínio para reduzir o peso.

O M3 contou ainda com as edições especiais Cecotto, em alusão ao piloto Johnny Cecotto, com 215 cv e 23,5 m.kgf no motor de 2,3 litros para chegar a 241 km/h; e European Champion, assinada pelo piloto Roberto Ravaglia, com o motor de 220 cv do Evo. Somadas todas as versões, chegaram às ruas até dezembro de 1990 mais de 17 mil unidades do M3 dessa geração, muito além das 5 mil programadas no início.

Cada centavo  
Com o lançamento de um novo Série 3 — a terceira geração ou E36, e primeira a chegar em grande volume ao Brasil —, a linha E30 começou a ser descontinuada: sedãs e Baur TC em abril de 1991, conversível em abril de 1993 e, afinal, Touring em fevereiro de 1994. O total de unidades produzidas, de 2,3 milhões, superou por um milhão o obtido com o anterior E21.

Os E30 consagraram a BMW entre os yuppies, os jovens bem-sucedidos da sociedade norte-americana que buscavam ostentar símbolos de sua ascensão financeira na década de 1980. Mas não só: foi dessa linha que saiu um esportivo reconhecido, até hoje, como um dos modelos de Munique mais perfeitos para o entusiasta por sua combinação de desempenho, estabilidade e facilidade para dirigir rápido.

Em 2010, a Car and Driver dos EUA selecionou o primeiro M3 entre os "10 carros para se dirigir antes de morrer". E justificou a inclusão: "Os atuais M3 são carros fabulosos, mas o mais harmonioso permanece o primeiro. O M3 original foi desenhado para competição e altamente modificado do E30 convencional. Oferecia desempenho sólido e era um dos melhores carros para estradinhas sinuosas, com um equilíbrio maravilhoso, estabilidade neutra, um rodar suave mas controlado e uma direção que parecia conectada a seu cérebro. Um M3 E30 escorre pelo asfalto, envolvendo o motorista intimamente no processo de cobrir o solo o mais rápido possível — mais do que qualquer M3 desde então".

Outra que não esqueceu o M3 E30 foi a Motor Trend, que relembrou 1987: "Que coisa curiosa foi aquela. Nos EUA, a BMW havia acabado a transição para motores de seis cilindros em linha, e de repente havia um Série 3 de alto desempenho com um quatro-cilindros. A Motorsports havia alargado os para-lamas e brincado com um novo trem de força, e então aplicado uma tarja de preço de US$ 35 mil a ele — pesado a um tempo em que um Corvette básico custava apenas US$ 28 mil e vinha com um grande V8".

Mas o carro, segundo a revista, valia cada centavo: "Em algum lugar daquele hardware que parecia inócuo, a BMW implantou uma magia de afinação que faria do carro uma lenda". Uma lenda chamada M3.

Ficha técnica
_ 320i (1983) 318iS (1989) M3 (1987) M3 Sport Evolution
(1990)
MOTOR
Posição e cilindros longit., 6 em linha longitudinal, 4 em linha
Comando e válvulas por cilindro no cabeçote, 2 duplo no cabeçote, 4
Diâmetro e curso 80 x 66 mm 84 x 81 mm 93,4 x 84 mm 95 x 87 mm
Cilindrada 1.990 cm3 1.796 cm3 2.302 cm3 2.467 cm3
Taxa de compressão 9,8:1 10:1 10,5:1 10,2:1
Potência máxima 125 cv a 5.800 rpm 140 cv a 6.000 rpm 200 cv a 6.750 rpm 238 cv a 7.000 rpm
Torque máximo 17,3 m.kgf a
4.000 rpm
17,5 m.kgf a
4.600 rpm
24,5 m.kgf a
4.750 rpm
24,4 m.kgf a
4.750 rpm
Alimentação injeção multiponto
CÂMBIO
Tipo e marchas manual, 5 ou automático, 4 manual, 5
Tração traseira
FREIOS
Dianteiros a disco ventilado
Traseiros a disco a tambor a disco a disco ventilado
Antitravamento (ABS) não sim
SUSPENSÃO
Dianteira independente, McPherson
Traseira independente, braço semiarrastado
RODAS
Pneus 195/60 R 14 195/65 R 14 205/55 R 15 225/45 R 16
DIMENSÕES
Comprimento 4,32 m 4,34 m
Entre-eixos 2,57 m 2,56 m
Peso 1.050 kg 1.130 kg 1.252 kg 1.200 kg
DESEMPENHO
Velocidade máxima 195 km/h 235 km/h 248 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h 9,2 s 9,7 s 6,7 s 6,3 s

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