



Até versões do passado, como SE
e R/T, compõem o ar nostálgico do Challenger atual, que obtém 425 cv do
motor mais potente de 6,1 litros |
Na onda
retrô
Foi com o Volkswagen New Beetle, apresentado como carro-conceito em 1994
e colocado no mercado após quatro anos, que a onda retrô ganhou força
mundo afora. Talvez por conta da falta de criatividade em cadeia das
marcas, trazer de volta à vida um modelo do passado, com mecânica
atualizada e estilo saudosista, foi a forma encontrada de estimular
vendas em determinados segmentos. No caso dos esportivos
norte-americanos, somente o Mustang ficou na ativa por todo o tempo.
Vendo que a onda era a favor, a Chrysler ressuscitou o nome mágico do
Challenger a tempo de fazer bonito frente ao renovado
Camaro e ao sempre
presente Ford.
Após 35 anos de ostracismo, o Challenger ressurgia no início de 2008,
desta vez sem heresias como projeto japonês ou motor de quatro
cilindros. Era impossível não notar as semelhanças de estilo do
novo carro com a
versão original de 1970. Embora anabolizado nas formas, o conceito
inicial estava presente: frente longa, faróis circulares recuados na
dianteira junto à grade, desenho "garrafa de Coca-Cola" e a traseira com
suas lanternas horizontais e o discreto aerofólio. Se a simplicidade era
a tônica dos modelos iniciais, quem entrava no novo Challenger
encontrava um habitáculo bem mais moderno e aconchegante: bancos com
revestimento em couro, console elevado, quatro mostradores circulares em
frente ao motorista, volante de quatro raios com controles diversos e
até mesmo uma tela para navegador no centro do painel.
A plataforma do novo modelo era a conhecida LX, que já servia ao irmão
Charger e ao Chrysler 300. Com tração traseira, tinha distância entre
eixos de 2,94 m, comprimento de 5,02 m, largura de 1,92 m e altura de
1,44 m. A suspensão era independente nos dois eixos, com braços
sobrepostos na frente e conceito multibraço atrás (saiba
mais), e as enormes rodas de 20 pol calçavam pneus 245/45 à frente e
255/45 atrás. De início o carro foi oferecido apenas na versão SRT-8 e
em três cores (preto, laranja e prata). O motor escolhido não poderia
ser outro: o atual Hemi V8 de 6,1 litros com 431 cv e 58 m.kgf. O Challenger levava apenas 5 segundos para ir de 0 a 96
km/h.
O modelo chegou ao mercado com muita pompa e circunstância. O fabricante
considerou o primeiro lote de 6.400 unidade como uma série especial, em
que cada veículo recebeu uma plaqueta com a numeração de série. Já o
Challenger número 1 foi vendido em um leilão por US$ 400 mil, 10 vezes o
preço sugerido nas lojas. No ano seguinte a Chrysler criou duas novas
opções: a de entrada SE e a R/T. A SE recebia um motor V6 de 3,5 litros
capaz de entregar 253 cv com câmbio automático de quatro marchas. A R/T
ficava com um Hemi V8 de 5,7 litros e 375 cv, caixa automática de cinco
marchas ou manual de seis. O SRT-8 recebeu também como opção o câmbio
manual.
Mas a vida nunca foi fácil para o Challenger. Hoje a Chrysler mal
consegue se manter em pé em meio à crise que se abateu sobre a indústria
norte-americana. O primeiro modelo saudosista do grupo, o Chrysler PT
Cruiser, deve sair de linha em breve sem ganhar um sucessor direto. Esse
será o triste fim do Challenger para o futuro próximo? Eis o desafio
para o desafiador.
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