O primeiro motor V8 em picape médio vinha no Shelby Dakota, obra do criador do Cobra, com 5,2 litros e 175 cv

Atendendo a pedidos, a Dodge lançava em 1990 a cabine estendida ou Club Cab, que tinha banco traseiro inteiriço -- não como S-10 e Ranger

Grade e faróis renovados, freios ABS na traseira e depois em todas as rodas e os motores da série Magnum: mudanças no início dos anos 90

O teste da revista Car and Driver  começou considerando a versão sem sentido, mas admitiu: "Todo mundo sabe que picapes na verdade levam uma vida de lazer. Se as pessoas os compram pela diversão de ter uma alternativa ao carro, por que não ser frívolo de uma vez e fazer algo festivo, do tipo vamos-para-a-praia e que rompe tradições?". De qualquer forma, poucos aceitaram o convite e o Convertible logo saiu de produção.

Mas havia mais na linha 1989 do Dakota: uma versão massageada pelo texano Carroll Shelby, lendário pela criação do supercarro Cobra dos anos 60 e que, na década de 1980, vinha desenvolvendo para a Chrysler carros tão "quentes" quanto os novos tempos permitiam. Um recurso à prateleira da marca trouxe o V8 de 318 pol³ com injeção do pesado Ram com a nova caixa automática de quatro marchas, que passava a ser oferecida a qualquer Dakota. Surgia assim o Shelby Dakota, um picape esportivo com 5,2 litros, 175 cv e 37,3 m.kgf — mais que as versões V6 de Ford e Chevrolet, que até hoje não aplicaram de fábrica um V8 a essa categoria de picapes.

Apenas 1.500 unidades foram produzidas em um processo complexo, que envolvia levar os veículos incompletos à oficina de Carroll na Califórnia para as modificações. O Shelby vinha só com tração traseira e podia ser branco ou vermelho, com faixas laterais, estrutura de plástico atrás da cabine e faróis de neblina, além de volante de três raios revestido em couro. A suspensão era a mesma do V6, mas com pneus Goodyear Eagle GT em medida 225/70 R 15. No teste da Car and Driver, acelerou de 0 a 96 em 8,7 segundos, 0,5 s mais rápido que o S-10 V6 de 4,3 litros da época, mas perdeu em velocidade máxima por 6 km/h, chegando a 181 km/h.

De resto, o modelo 1989 do Dakota estreava um quatro-cilindros mais potente, com 2,5 litros, injeção e 99 cv, embora de comando no bloco. Os freios recebiam sistema antitravamento (ABS) apenas nas rodas traseiras, solução para evitar o bloqueio desse eixo com a caçamba vazia. A cabine estendida que alguns adversários já ofereciam chegava para 1990 com o nome Club Cab e sem opção de tração 4x4. Montada sobre um entre-eixos bastante longo de 3,32 m, a cabine trazia um banco traseiro "de verdade", inteiriço e em posição transversal, ao contrário dos pequenos assentos laterais usados em S-10 e Ranger. O problema era o acesso até ali, que dependia das mesmas duas portas da versão convencional.

Na avaliação da Consumer Reports, os destaques do Dakota eram o espaço para três adultos na frente, o torque em baixa rotação do motor V6 e a solidez do picape como um todo. Pontos críticos eram o conforto dos bancos, o acesso ao banco traseiro na cabine estendida e o nível de ruído em alta rotação. "O Dakota faz curvas com competência e roda com bom conforto se considerado seu tamanho, embora se torne saltitante com a caçamba vazia", acrescentava. A conclusão era de que a Dodge oferecia uma "boa escolha do ponto de vista prático, pois uma versão com entre-eixos longo pode servir quase tão bem quanto um picape grande".

A Popular Mechanics, depois de analisar as opiniões de proprietários, emitia a sua: "É o maior picape pequeno que você pode comprar. (...) A potência do motor é adequada, mas, se você vai para o 4x4, recomendamos ficar longe da caixa automática — não há força suficiente para acompanhar o tráfego. O rodar é de utilitário, firme, bem amortecido e com molas duras demais na traseira. O acabamento da versão de topo é excelente — para um utilitário." Continua

Nas pistas
Em 1998, a National Hot Rod Association (NHRA), entidade que organiza provas de arrancada nos Estados Unidos, decidiu abrir uma categoria para carros com aparência de picapes. A classe Pro Stock Pickups (foto superior) obteve o apoio de General Motors, Ford e Chrysler e colocou nas pistas veículos superpotentes com carrocerias que lembravam S10, Ranger e Dakota de rua. A mecânica era similar à dos carros da Nascar, a Stock Car norte-americana, com motor V8 de 5,8 litros, dois carburadores de corpo quádruplo, potência de 850 cv e caixa manual de cinco marchas. O peso mínimo pelo regulamento era de 1.045 kg, sendo permitido o uso de plástico reforçado com fibra de vidro e fibra de carbono nas carrocerias.

O Dakota também disputou recordes de velocidade nos EUA. Em 2003, o norte-americano Gale Bunks aplicou um motor turbodiesel Cummins de seis cilindros e componentes de suspensão de veículos da Nascar a um modelo da segunda geração (foto inferior). O objetivo era superar 210 milhas por hora (338 km/h) nos lagos de sal de Bonneville, Utah, tradicional "pista" para provas de velocidade. Pois o super-Dakota conseguiu 349,6 km/h na média dos dois sentidos e alcançou 357,3 km/h numa das direções!

No Brasil, a categoria Pickup Racing foi aberta em 1999 com inspiração na Nascar Truck Series dos EUA. Como aqui os picapes pesados eram poucos (Ford F-250 e Chevrolet Silverado), optou-se por usar os modelos médios S10, Dakota e Ranger. Por algum tempo tiveram motores V6 a gás natural com leve preparação. Em 2006 passaram ao álcool, ainda nos V6, e hoje rodam com gasolina nos V8 de 5,7 litros, que têm carburador quádruplo e 330 cv. Com peso ao redor de 1.250 kg (piloto incluído), os atuais picapes usam chassi tubular e chegam a alcançar 240 km/h. Contudo, a participação do Dakota ficou no passado e atualmente competem apenas carrocerias Chevrolet e Mitsubishi.

Nas telas
O Lutador Baywatch
Friday Night Lights Die Ludolfs
Não é difícil encontrar filmes e séries onde o Dakota apareça com alguma relevância. Da primeira geração, um modelo vermelho e cinza de cabine simples está em O Lutador (The Wrestler, 2008), drama norte-americano. Randy "Carneiro" Robinson (Mickey Rourke) é um solitário e famoso lutador. Após um intenso combate, Randy sofre um infarto e, depois de uma cirurgia, é informado que corre risco de morte se voltar a praticar atividades físicas, mas se vê pressionado a retornar ao ringue para uma importante revanche.

Há também um modelo vinho em The Signal (2007), um cinza de cabine estendida em Ela é Demais (She's All That, 1999) e um azul em Amityville: Dollhouse (1996). Em séries de TV, um vermelho equipado pode ser visto em Whistler (2006-2007) e um bege da equipe de salva-vidas em Baywatch (1989-2001).

O picape de segunda geração mostra seu belo estilo com um modelo preto em Resident Evil: Apocalypse (2004). Vê-se também um Dakota azul em Angel in the Family (2004), filme feito para TV. Entre as séries, encontra-se um vermelho de cabine estendida em Friday Night Lights (desde 2006), um igual em Oficerowie (desde 2006) e um azul de cabine dupla em VIP (1998-2002).

Um prata da terceira geração aparece em Razortooth (2006), e um preto com cabine estendida, em Perros de Dios (2007), feito para TV. Inusitado é o Dakota Big Foot, um modelo com imensos pneus para exibições em que esmaga veículos, visto em Die Ludolfs - 4 Brüder auf'm Schrottplatz, série de TV exibida desde 2006.

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