A partir dali, o único "Cinquecento" oferecido seria o mais espartano de todos, o 500 R (de rinnovata, renovado), lançado no Salão de Turim do mesmo ano. O motor era o de 594 cm³ do 126, com a potência de 23 cv reduzida para 18 cv. O R finalmente permitiu que um Fiat 500 chegasse a 100 km/h, mas o acabamento dava um passo para trás em relação ao Lusso. A idéia era que o 126 parecesse mais atraente para que a Fiat pudesse, enfim, completar a transição de um projeto antigo para o novo três anos mais tarde. A 500 Giardiniera ainda duraria mais dois anos, no fim só vendida pela Autobianchi.

O 500 Lusso recebia barras nos pára-choques, pneus radiais e interior com novos bancos e volante, para quem desejava um carro pequeno mais confortável

Geração Cinquecento   Há de se observar os números da Fiat para entender a importância da renovação capitaneada pelo 500. Ela fabricou 108.700 carros em 1950, primeiro ano em que passou da marca dos 100 mil; em 1960 esse total foi de 513.300 e, em 1965, já eram 994.000. De 72.000 funcionários em 1950 e 93.000 em 1960, a empresa passou a 185.000 pessoas em 1970. Sua reestruturação teve um êxito sem precedentes, até para os padrões desse que é o maior fabricante de automóveis daquele país. Nenhum carro italiano nesse período conseguiu vendas maiores que o 500.

Se o Topolino e o 600, obras do mesmo autor, foram dois grandes sucessos comerciais — um com 509 mil e o outro com 2,67 milhões de unidades vendidas —, o Nuova 500 foi bem além. Ao todo, 3.893.294 exemplares do "Cinquecento" foram produzidos em Mirafiori, na fábrica da Autobianchi em Desio e, no fim, da unidade SicilFiat em Termini Imerese (Palermo). Foi esta última que encerrou a produção do modelo em agosto de 1975, 18 anos depois do lançamento.

A última alteração no 500 foi a versão R, de 1972: o motor do Fiat 126 permitia enfim chegar a 100 km/h, mas o acabamento era simplificado

O "Cinquecento" de Dante Giacosa ajudou a Itália a se motorizar em menos de 20 anos, mais do que qualquer outro carro fabricado no país. Era tão comum nas ruas da Itália, que mereceu um apelido digno de um humor tipicamente italiano. Na maior parte das vezes dirigido por novos motoristas que o adquiriam como primeiro carro, o 500 era naturalmente o local onde muitos casais jovens namoravam. Em função disso convencionou-se chamar as crianças nascidas na década de 60 de "geração Cinquecento".

Na prática, o pequeno Fiat simbolizou a vida desses jovens em uma Itália que vivia seu apogeu econômico, social e cultural (leia boxe). Fosse como um meio de transporte acessível sobre quatro rodas que motorizou milhões de italianos, como o carro que liderou a fase de maior crescimento da Fiat, como ninho de amor da juventude de um país romântico por tradição ou, simplesmente, como um projeto encantador por suas soluções minimalistas, o 500 é ainda hoje o Fiat de maior carisma da segunda metade do século 20. Parece ter sido pouco para a empresa, que espera ver essa grande idéia brilhar mais uma vez neste novo século.

Por extenso
Há uma razão para as aspas usadas toda vez que você lê "Cinquecento" no texto principal desta matéria: essa grafia já foi o nome oficial de outro Fiat. De 1991 a 1998, a Fiat fabricou um minicarro que parecia a perfeita tradução do estilo "botinha ortopédica" inaugurado pelo Uno.

Projetado para aposentar o 126, era produzido apenas na Polônia. Talvez para que o desenho moderno de Giorgio Giugiaro não parecesse formal demais, decidiu-se fazer uma alusão ao passado. Ele foi batizado de Cinquecento — assim mesmo, o nome com que o Nuova 500 ficou famoso mundo afora, a pronúncia italiana do número 500.

Lançado com dois motores — de 704 e de 903 cm3 —, ele tinha configuração oposta em relação ao Nuova 500, ou seja, o motor era dianteiro transversal com tração à frente. Remodelado em 1998 com linhas mais arredondadas, mudou também de nome.

A Fiat novamente aproveitou a fama de um antigo sucesso, o 600, para chamá-lo de Seicento (pronuncia-se "sei-tchento"), a grafia por extenso daquele número. Continua à venda, mas seu nome hoje é grafado por algarismos.

Ficha técnica
_ 500 (1957) 500 Sport (1958) 500 Giardiniera (1960)
MOTOR
Posição e cilindros traseiro longitudinal, 2 em linha
Comando e válvulas por cilindro no bloco, 2
Diâmetro e curso 66 x 70 mm 67,4 x 70 mm
Cilindrada 479 cm3 499,5 cm3
Taxa de compressão 6,55:1 8,6:1 7,1:1
Potência máxima 13 cv a
4.000 rpm
21,5 cv a
4.500 rpm
17,5 cv a
4.400 rpm
Torque máximo 3,1 m.kgf a
3.500 rpm
ND 3,1 m.kgf a
3.200 rpm
Alimentação carburador de corpo simples
CÂMBIO
Marchas e tração 4, traseira
FREIOS
Dianteiros e traseiros a tambor
SUSPENSÃO
Dianteira independente, braços transversais superiores
Traseira independente, braços semi-arrastados
RODAS
Pneus ND
DIMENSÕES
Comprimento 2,97 m 3,18 m
Entreeixos 1,84 m 1,94 m
Peso 470 kg 555 kg
DESEMPENHO
Velocidade máxima 95 km/h 105 km/h 100 km/h
Aceleração de 0 a 80 km/h ND 26 s
ND = não disponível

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