

Rodas, saias e aerofólio
conferiam ar esportivo à versão, que tinha três portas, instrumentos com
fundo branco e amortecedores mais firmes


Com o motor Zetec Rocam 1,6,
nacional e mais barato, o Escort ganhou sobrevida ao lado do Focus e se
despediu em 2003 após duas décadas |
Colocado frente a frente ao Chevrolet Astra GLS pelo Best Cars em
1999, o Escort GLX hatch mostrou vantagens como desempenho superior,
menor consumo, ótima autonomia pelo tanque de maior capacidade, fácil
acesso ao banco traseiro (era o único a ter cinco portas) e o câmbio
longo que resultava em menor rotação em viagem. Em estabilidade e nível
de ruído, contudo, o concorrente o deixava para trás.
A
versão de três portas voltava a ser oferecida para 1998 no
acabamentos GL e em um inédito esportivo, o RS. É pena que
não fizesse jus à sigla de modelos potentes da Ford europeia: era apenas
um pacote visual com defletores laterais, aerofólio, rodas exclusivas,
volante revestido em couro e painel de fundo branco, além de suspensão
com amortecedores mais firmes. Todo o resto — motor, câmbio, freios,
pneus — era idêntico ao das demais versões, mantendo as saudades do XR3.
Avaliado pelo Best Cars, o RS agradou por qualidades comuns aos
demais Escorts: "Satisfaz plenamente aos que gostam de dirigir rápido. A
suavidade de funcionamento e disposição para subir de giros do Zetec são
cativantes. O câmbio permite trocas rápidas e precisas". O arranjo de marchas longas bem
poderia ter sido abandonado na versão, em nome de maior agilidade, mas
trazia a vantagem do "regime de giros bastante baixo em estradas,
permitindo viajar com pouco consumo e ruído".
"O que deveria melhorar no RS é o comportamento dinâmico", observamos.
"Ao acelerar forte ainda se percebe algum
esterçamento por torque. Além disso, sai de frente de modo acentuado
nas curvas rápidas (...). O contraponto é uma elogiável absorção de
irregularidades". Em uma análise final, o site considerou que "o RS não
tem tudo o que se espera de uma versão esportiva, mas não custa muito.
Se o fã-clube do XR3 pode ter perdido sua idolatria pelo mais jovem dos
Escorts, os que procuram um médio-pequeno rápido e agradável de dirigir
têm nesta versão uma grande alternativa".
No modelo 1999 o GLX ganhava grade e moldura da placa traseira cromadas
e controle elétrico dos vidros traseiros. A última novidade do Escort,
em agosto de 2000, foi a opção do motor nacional Zetec Rocam de 1,6
litro e oito válvulas, com 95 cv e 14,2 m.kgf, para o GL cinco-portas e
a perua — as únicas carrocerias então disponíveis, pois o sedã e o
três-portas ficaram para trás. Era uma clara simplificação técnica para
que o já veterano modelo pudesse se manter competitivo diante da chegada
do Focus, além de evitar a importação do motor da Inglaterra.
O resultado foi bom, como atestado pelo Best Cars ao avaliar uma
SW: "A resposta em baixa rotação chega a surpreender. Com o encurtamento
da transmissão em relação aos 1,8-litro, o novo Escort revela agilidade
muito satisfatória em todas as condições de tráfego, com boas retomadas
e funcionamento isento de vibrações. E a perda de desempenho teve
contrapartida no consumo". Mais tarde o Rocam foi oferecido também a
álcool.
Depois de mais de dois anos de convívio com o sucessor, o Escort
despedia-se do mercado em 2003. Foram 20 anos entre as duas gerações,
período no qual ele fez grande número de adeptos. Nascido antes da
Autolatina, foi o primeiro beneficiado pela associação, resistiu a sua
dissolução e usou motores de três procedências — o CHT de origem
Renault, o AP da Volkswagen e os Zetecs da própria Ford. Para muitos,
mais que um acompanhante, foi um companheiro e tanto.
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