As lanternas "Fafá" já eram padrão quando surgiu o 1300 GL, em 1982: o Fusca assumia alguns requintes

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O nome Fusca era, afinal, adotado no modelo 1984, que incluía uma edição especial e ficava só com motor 1600; dois anos depois ele sairia de linha pela primeira vez

O 1300 se tornava em 1980 o primeiro VW no mundo a funcionar com álcool combustível, uma exclusividade brasileira na história mundial do Fusca. Ele ficaria mais três anos no mercado. Em 1982 chegavam um painel com elementos retangulares e a versão 1300 GL, com "luxos" como rádio AM/FM, acendedor de cigarros, apoios de cabeça dianteiros, desembaçador do vidro traseiro, janelas basculantes e protetor de borracha nos pára-choques.

Com a linha 1983 o 1300 se tornava a única opção de propulsor do modelo. A ignição já era eletrônica e o acabamento merecia caprichos como volante de material espumado e novos assentos dianteiros. Essa estratégia teria curta duração. Se o motor 1300 não estava mais disponível, o Fusca 1984 só poderia adotar a motorização 1600, que vinha com novos pistões, cilindros, cabeçotes e válvulas de escapamento para economizar gasolina. Pela primeira vez oficialmente identificado por Fusca no Brasil, como provam seus logotipos, o besouro mereceu até uma série especial, em tom azul metálico. Também teve sua opção a álcool a partir de 1985, quando toda a linha oferecia acabamento melhor, tecido nas portas e bancos mais anatômicos.

Uma segunda chance   Com a Última Série de 1986, a gasolina ou a álcool, o pacote de equipamentos era completo — para os padrões de um Fusca. Bancos reclináveis, janelas traseiras basculantes, painel forrado e cores metálicas davam um aspecto mais sofisticado a essas últimas unidades... Bem, pelo menos acreditava-se que seriam as últimas. O mercado nacional estava mais refinado, elevando um carro bem mais caro — o Monza — à liderança de vendas entre 1984 e 1986, e a produção do besouro tornava-se onerosa demais. Na publicidade, a VW alegava: "Às vezes, o avanço tecnológico de uma empresa não está no que ela faz, mas no que deixa de fazer".

Houve diversas e sentimentais homenagens ao modelo, mesmo que desde 1980 o Gol já acumulasse com ele a função de carro de entrada, papel que o Brasília havia assumido nos anos 70. Mas ninguém contava que uma sugestão do então presidente da República Itamar Franco à VW fosse atendida em 1993. Apaixonado confesso pelo Fusca (sua namorada Lisle, filha do senador Humberto Lucena, tinha um) e interessado na geração de empregos e na popularização do automóvel, incentivou a VW para que trouxesse de volta o Sedan.

Com uma quase isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), assim como para outros modelos ditos "populares", o VW passou por uma experiência única entre todos os diversos mercados em que foi vendido: a de voltar a ser produzido. O retrocesso não foi de todo criticado, pois se tratava do mais querido automóvel já feito no País. Comprá-lo era, antes de tudo, uma decisão emocional. Entretanto, carros bem mais modernos, seguros, econômicos e espaçosos custavam tão pouco quanto ele — até o líder de mercado desde 1987, o Gol da própria VW. Continua

Os especiais no Brasil
Simples, robusta, barata e fácil de preparar, a mecânica VW "a ar" foi por muito tempo a mais usada por pequenos fabricantes em carros fora-de-série. O mais famoso e bem-sucedido foi sem dúvida o Puma, que trocou o motor DKW-Vemag pelo VW em 1967 e usou-o até os anos 80, quando entrou o AP-1800 "a água". Foram feitos cupês e conversíveis com as unidades de 1,5 e 1,6 litro, algumas bastante preparadas.

Um dos maiores entre os pequenos, a Gurgel fabricou em Rio Claro, SP, por cerca de 20 anos, automóveis jipes, furgões e picapes com carroceria de aço e plástico e a mecânica VW "a ar" de 1,6 litro. Foram os jipes pequenos X-10, X-12 (foto) e Tocantins, os furgões e picapes (de cabine simples e dupla) da linha G-800 e até o carrinho XEF, um pequeno sedã com três lugares lado a lado.

Outro esportivo nacional que ganhou fama, o gaúcho Miura (foto), usou motor 1,6-litro "a ar" apenas no modelo inicial, lançado em 1977, pois cinco anos depois já adotava o 1,6 do Passat. Caso similar foi o do Bianco, apresentado em 1976 com o 1,6 do Brasília, que em 1981 evoluía para o Tarpan com a unidade do Passat TS.

Houve ainda nas décadas de 1970 e 1980 os esportivos Adamo, Cheda (um pequeno conversível), Netuno (réplica do Chevrolet Corvette dos anos 70), WM II da Polystilo e Ventura da L'Autocraft, todos com o motor 1,6 "a ar" na traseira. Não faltou um picape com carroceria de plástico: o Formigão, feito na década de 1970 pelo fabricante do triciclo Renha.

A concessionária VW Dacon, que já fizera uma interessante versão de três volumes do Passat, mostrava em 1982 o 828 ou Mini-Dacon, um carrinho de forma ovalada, três lugares lado a lado e pequenas dimensões. O desempenho do 1,6 do Fusca impressionava com o baixo peso do carro. O motor e o chassi do VW equiparam outro pequeno, o Emis Art carioca dos anos 80.

Proposta diferente tinha o MP Lafer (foto), uma réplica do MG TD inglês do início dos anos 50. Feito entre as décadas de 1970 e 1980, usou os motores 1,5 e 1,6 "a ar" na traseira, posição inusitada diante do desenho do carro, com um longo capô para o motor dianteiro original.

Outra réplica foi o Super 90 da Envemo, lançada nos anos 80, que reproduzia a versão homônima do Porsche 356 dos anos 60. Seu correspondente atual — lançado em 1987 — é o da Chamonix, disponível nessa versão mais luxuosa e na espartana Speedster, com o 1,6-litro a injeção da Kombi ou uma versão mais potente de 1,9 litro.

Transformações no próprio Fusca também tiveram espaço, caso dos muitos bajas dos anos 80 (leia boxe). E a empresa Cintra elaborou esta "cópia" do Porsche 959, de aspecto muito original.

A mecânica VW foi e é usada ainda em inúmeros bugues, veículos alegres para curtir as praias deste ensolarado país; as motos Amazonas (foto) e Kahena; triciclos, como o Renha dos anos 70 e outros ainda hoje; e até ultraleves. Ganhou a terra e o céu.

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