


Faltavam pára-choques e vidro
traseiro, mas a série de protótipos chamada de V30, de 1936, já mostrava
em boa parte as linhas que apareciam no VW de produção
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Um
ano após discursar a favor a interferência do governo na indústria
automobilística no Salão do Automóvel de Berlim, Hitler abriu a edição
de 1934 do evento, em 3 de março, mencionando pela primeira vez o nome
Volkswagen em público e dizendo-se favorável à idéia do carro alemão para as
massas. Logo em seguida, fabricantes membros da RDA, a associação dessa
indústria no país, começaram a demonstrar interesse em desenvolver seus
carros do povo. Hitler havia alterado a política de impostos para
beneficiá-los e a intenção era retribuir essa atenção.
Em outubro de 1936, duas unidades artesanais do então chamado V1 e uma
de sua versão conversível, o V2, foram entregues à RDA para as avaliações que poderiam, ou
não, aprovar o projeto de Porsche. Mesmo com várias imperfeições
apontadas como corrigíveis, após cada carro rodar 50 mil quilômetros
veio a tão aguardada aprovação. A partir dali, 30 exemplares produzidos
pela Daimler-Benz foram usados em testes por engenheiros e técnicos da SS,
tropa de elite do governo Hitler.
Cogitou-se produzir o VW numa associação de fabricantes locais — a
Daimler-Benz, a Opel, a Auto Union e a Adler —, o que valorizaria uma
indústria já estabelecida no país e que ajudou a tirar a Alemanha da
crise. Mas a espera dessas empresas por um subsídio do governo
mostrou-se incentivo para a criação de um novo fabricante. O
financiamento deste dependeria do empenho da Frente de
Trabalho, organização trabalhista da Alemanha naquele período, que
cuidaria do plano como o de um consórcio para financiar a empreitada.
O
trabalhador recolhia cinco marcos imperiais por semana e recebia um selo
em troca, que era colado numa cartela. Quando a cartela ficasse
completa, o carro estaria pago. Ao final da guerra, 336.668 alemães
haviam aderido ao programa, que tinha como ideário Kraft durch Freude ou
força pela alegria — um estímulo ao trabalho, recompensado pela
perspectiva de cada trabalhador ter seu carro. A mesma sigla passou a
identificar o novo automóvel, o Kdf-wagen ou carro KdF.
Após o lançamento da pedra fundamental, em maio de 1938, Porsche deu início à estruturação da fábrica na cidade de Fallersleben,
na Baixa Saxônia, região central da Alemanha. Contudo, em 1939, Hitler
decidiu invadir a Polônia. A Grã-Bretanha e a França declararam guerra à
Alemanha em resposta, em 3 de outubro de 1939. A Segunda Guerra Mundial
começava quando a
fábrica estava perto de poder operar.
Continua
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