

O conversível Victoria desenhado
por Darrin, destaque da linha 1940

Um sedã 160 de 1942, último
ano antes da interrupção pela guerra |
Tecnicamente, o destaque ficava por conta do novo Super Eight, agora com
5,8 litros de cilindrada e 160 cv. Desde o One Twenty, o fabricante
oferecia caixa overdrive como opcional
e o Super Eight, também chamado de 160, já podia receber ar-condicionado
por 275 dólares a mais. Seu equivalente para encarroçadores era o Custom
Super Eight ou 180. Em 1941, seguindo tendência do desenho da época, os
faróis passaram a ser embutidos nos pára-lamas. O One Twenty ganhava
carburadores Carter, e o Super Eight, janelas com acionamento
hidráulico.
Em abril daquele ano a Packard já apresentava o Clipper com um estilo
moderno, de grade mais estreita e pára-lamas quase embutidos nas
laterais. O estilo do carro surpreendeu de tal maneira que, embora ele
também usasse o oito-cilindros da marca, foi e ainda é historicamente
reconhecido como um modelo à parte. Confusa como era a organização da
linha Packard, não é de se surpreender que parte da linha 1942 ainda
mantivesse o estilo antigo — como as limusines, os conversíveis e a
maioria dos personalizados — mesclado ao das demais versões já dentro do
estilo do Clipper.
Nesse ano derradeiro da produção da indústria americana, que entraria em
recesso na produção de carros de passeio por conta da guerra, o Eight
produzia 125 cv e o Super Eight 165 cv. O último Packard do
entre-guerras foi concluído em 7 de fevereiro. Durante o conflito, a
empresa forneceu motores V12 e até alguns sedãs e limusines para uso das
forças armadas americanas. Terminado o confronto, os nomes Eight e Super
Eight teriam sobrevida até 1950 como versões do Clipper, modelo cuja
história peculiar merece ser contada à parte, até porque encerrou a fase
de ouro desse aclamado fabricante.
Com a guerra foi-se uma era de exorbitância técnica e estética, em
Detroit, que nem os anos a Depressão foram capaz de esvaecer. Foram-se
os motores V16, os V12 logo virariam história, assim como as
personalizações entendidas como símbolo de status. A seleção natural do
mercado já havia feito uma triagem de marcas nos anos 30, a que a
Packard não só sobreviveu como se superou. A escassez de aço no fim dos
anos 40, porém, atingiu em cheio o fabricante. O primeiro Packard
projetado no pós-guerra só ficou pronto para 1951, três anos na
retaguarda das três grandes de Detroit, que já haviam demorado mais que
o esperado.
Com a imagem desgastada e vendas enfraquecidas, veio a associação com a
Studebaker em 1954. Logo os Packards se tornariam meras versões dos
Stude. A extinção da marca se deu em 1958. Enquanto tudo caminhou bem, o
Eight e seus derivados foram o mais constante símbolo dos dias de glória
da Packard. Como dizia o famoso slogan, bastava perguntar a um homem que
tivesse um para saber: os cuidados dos irmãos Packard resultaram em
carros primorosos na engenharia e elegância. Fosse questão de tudo ou
nada, 8 ou 80, o Packard Eight alcançou 10 vezes o prestígio previsto.
Ou seja, nada menos que tudo que ele merecia.
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