A fabricação do Corniche, um tanto complexa, envolvia três percursos entre Crewe e Londres, onde a Mulliner Park Ward fazia sua montagem

Junto da denominação Corniche, o modelo recebia o motor ampliado de 6,25 para 6,75 litros e pneus radiais, entre outras evoluções técnicas

No interior de um modelo 1981, todo o requinte e a perfeição construtiva que fizeram da Rolls-Royce uma referência mundial em qualidade

O máximo de luxo estava presente em todos os detalhes: estofamento em couro Conolly, carpete de lã Wilton, painel de madeira e controle elétrico para vidros, bancos dianteiros, antena, portinhola de combustível e capota. O Mulliner Park Ward Saloon, cujo nome se referia à tradicional encarroçadora que agora fazia parte do grupo Rolls-Royce, era o segundo carro mais caro da marca britânica, perdendo apenas para o super exclusivo Phantom VI.

Após 568 sedãs e 505 conversíveis da marca Rolls-Royce, mais 98 modelos fechados e 41 abertos da Bentley, foi adotado em 1971 o nome Corniche para ambas as marcas, juntamente com mudanças no carro. Os pneus passaram a ser radiais em medida 205/80 R 15. O motor já havia sido alterado no ano anterior, com a cilindrada passando aos clássicos 6,75 litros — e a potência ainda era divulgada como adequada. O tradicional radiador estava 15% mais comprido; novos volante, painel — agora com conta-giros —, console e rodas eram outras alterações.

A fabricação do carro seguia um fluxo complexo: as partes comuns com o Silver Shadow eram enviadas da fábrica da Rolls em Crewe para a Mulliner Park Ward, em Londres, onde a carroceria era montada, juntamente com as peças exclusivas do modelo, e daí retornada para Crewe para receber os componentes mecânicos e elétricos. Daí, de volta para Londres, onde era realizada a montagem final. O processo todo demorava 20 semanas, sendo duas só para a montagem da capota.

Seguindo o gosto da época, a pintura oferecia a opção de combinar duas cores, na forma popularmente chamada saia-e-blusa, assim como era opcional o teto revestido com Everflex (um tecido que se assemelhava ao vinil), tanto para o Rolls como para o Bentley. Em 1973, problemas com a divisão de motores aeronáuticos da Rolls-Royce Ltd. quase levaram ao encerramento da produção de carros. A salvação veio com a venda a terceiros da divisão automobilística, que passou a se chamar Rolls-Royce Motorcars Ltd.

Em teste da revista inglesa Autocar, o Corniche mereceu elogios pelo funcionamento silencioso: "Comparado ao último Shadow testado, suavidade e refinamento foram aprimorados e não há mais nada da aspereza de que reclamamos. O silêncio do motor é uma contínua maravilha, e sua suavidade por toda a variação de regime é delirante". Outros destaques eram o rodar confortável, a qualidade de construção e acabamento
— fatores em que a marca já se tornara referência mundial — e a operação da caixa automática. Críticas? Sim, um Rolls também as merece: os ajustes do ar-condicionado eram complexos e o volante, depois de feito o ajuste do banco em função dos pedais, ficava muito próximo do peito do motorista.

Para a publicação britânica, o Jaguar XJ 12C e o Mercedes-Benz 450 SEL eram os concorrentes mais diretos do Rolls, embora ele custasse 57% mais que o Mercedes e 188% mais que o Jaguar. O Corniche perdia para ambos em aceleração e só vencia o compatriota em consumo, mas essas eram, certamente, questões menores para seu perfil de público. A Autocar concluía: "Ele estabelece padrões muito elevados no topo do mercado e merece a considerável reputação que possui. Embora seu preço seja extremamente alto, é fácil perceber onde o dinheiro foi gasto, o que o faz algo único no cenário automobilístico moderno". Continua

Nas telas
Em Um Vagabundo na Alta Sociedade (Down and Out in Beverly Hills, 1986), um andarilho tenta se suicidar na piscina de uma mansão em Beverly Hills, de um magnata fabricante de cabides, e manipula toda a família ao se passar por um ator decadente. O carro do milionári é um Corniche branco. Com Nick Nolte, Bette Midler, Richard Dreyfuss e Little Richard.

Na comédia A Família Buscapé (The Beverly Hillbillies, 1993), um caipira e sua família acham uma enorme reserva de petróleo em seu sítio. Vendido o sítio por uma quantia exorbitante, eles se mudam para uma mansão em Beverly Hills, onde o banqueiro local faz de tudo para ter a conta deles em seu banco — até empregar o semi-analfabeto filho do caipira como vice-presidente. O carro do banqueiro é também um Corniche branco. Com Jim Varney, Rob Schneider e Erika Eleniak.

Se o leitor fica com dor no coração de ver um carrão ser destruído, não assista o filme Quem é Essa Garota? (Who's That Girl?, 1987). Nele um Corniche é destruído e pichado. O filme conta sobre um advogado que defende uma garota acusada de crime. Com Madonna e Griffin Dune.

No seriado televisivo Casal 20 (Hart to Hart), de 1979 a 1984, um casal de detetives amadores tem aventuras pelo mundo. Os carros do casal incluíam dois Mercedes-Benz e, claro, um Corniche. Com Robert Wagner e Stefanie Powers.

Outros Corniches da primeira série podem ser vistos em A Volta da Pantera Cor-de-Rosa (The Return of the Pink Panther, 1975), Divinos Segredos (Divine Secrets of the Ya-Ya Sisterhood, 2002), Gatinhas e Gatões (Sixteen Candles, 1984) e na série de TV Columbo: Try and Catch Me, de 1977. Um modelo 1982 está na série televisiva Oz & James Drink to Britain, de 2009.

O Bentley Continental também teve suas aparições na telinha, caso do videoclipe da música Nikita de Elton John. O cantor está com seu carro, fotografando sua amada Nikita, uma militar do outro lado da fronteira com a antiga cortina de ferro. O ano era 1985.
Um Vagabundo A Família Buscapé

Casal 20

Quem é Essa Garota?
Nikita

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