Best Cars Web Site Consultório Técnico

por Bob Sharp

Dupla-debreagem: como usar
câmbios sem sincronização


Na explicação sobre as 20 combinações da Pajero, gostaria de saber como é feita a dupla debreagem e como era a utilização nos carros antigos com caixa não-sincronizada. Pelo que eu saiba ainda existem caminhões com esse tipo de caixa, como um utilizado pelo exército brasileiro. O apelido desses caminhões se não me engano é "queixo-duro", mas sempre tive essa dúvida a respeito de como utilizá-los. Sou leitor fanático do BCWS, acesso todos os dias. Vocês estão de parabéns.

Luiz Mendes
Rio de Janeiro, RJ
stuntdriver@netfly.com.br

Nas caixas manuais tipo engrenagem deslizante (em desuso total) e de engate por luva (atuais), desprovidas de sincronizadores, conhecidas também por "queixo-duro", cabe ao motorista igualar as rotações para uma engrenagem poder engrenar com outra ou uma luva encaixar-se na engrenagem respectiva.

Nas trocas ascendentes, é preciso apertar o pedal de embreagem, desengatar a marcha, tirar o pé da embreagem e esperar que o motor caia para a rotação que corresponde à velocidade do veículo na marcha a ser engatada. Logo em seguida aperta-se de novo o pedal de embreagem e passa-se a marcha. Portanto, o pedal de embreagem foi usado duas vezes, daí o termo dupla-embreagem.

O ouvido ajuda, mas se o carro tiver conta-giros fica mais fácil. Por exemplo, se a razão entre primeira e segunda for 1,5 (primeira 3:1 e segunda 2:1), esticando-se a primeira até 3.000 rpm, o momento certo de engatar a segunda será 3.000 / 1,5 = 2.000 rpm.

Para reduzir o processo é parecido. Após tirar de uma marcha e com o pé fora da embreagem, acelera-se o motor até à rotação que corresponda à velocidade do veículo na marcha a ser engatada. Usando o mesmo câmbio do exemplo acima, se o carro está a 2.000 rpm em segunda, acelera-se o motor para 3.000 rpm, aperta-se o pedal de embreagem de novo e engata-se a marcha. Novamente houve dupla-embreagem.

Os câmbios de competição e de motocicletas possuem um tipo de luva de engate, tipo poucos dentes e bem largos, que dispensam sincronizador do sistema ou pelo motorista. Os de moto, particularmente, nem têm neutro entre as marchas, por serem do tipo seqüenciais (só entre primeira e segunda é que há o neutro, mas na prática, em movimento, é virtualmente impossível de ser usado para dupla-embreagem). Em compensação, são engates mais bruscos e ruidosos. Mas nas reduções convém sempre dar um acelerada no motor para que -- novamente -- rotação e velocidade na marcha a ser engatada sejam iguais.

Só para uma idéia de como isso funciona bem, os Fuscas até 1952 não tinham nenhuma marcha sincronizada. Era o tempo todo na base da dupla-embreagem. Convém salientar que, se o processo for usado nos câmbios sincronizados, resultará que o desgaste dos anéis sincronizadores será nulo, pois não precisarão trabalhar -- o motorista é que fará isso por eles.

Página principal - e-mail

Data de publicação: 26/7/03

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados