A Volkswagen e a Ford alemãs divulgaram há pouco
(saiba mais) as imagens dos novos Polo e Fiesta, nos quais serão baseados seus próximos carros pequenos no Brasil -- frutos dos projetos PQ-24 e Amazon, nesta ordem. Como de hábito, há expectativa de alterações construtivas e de estilo, a título de adaptar os automóveis ao gosto dos brasileiros e a nossas condições de uso.
Não há dúvida de que essa regionalização é comum e muitas vezes necessária
(leia artigo a respeito), mas em alguns casos fica a questão: qual o benefício para nós em termos uma variação do projeto internacional que não existe em outros países?
A história, é verdade, traz exemplos de projetos locais bem-sucedidos. Como o Palio, que é exportado para mercados
europeus, ou o primoroso desenho dos Volkswagens Logus e Pointer, derivados do
Escort que não obtiveram êxito por outras razões. Há também casos
de reestilizações e adaptações felizes, como a frente brasileira dos primeiros S10 e Blazer e
as versões sedã, perua e picape do Corsa.
Entretanto, algumas desvantagens são flagrantes. Com um modelo específico
para nosso mercado, um fabricante brasileiro não poderia obter benefícios de economia de escala ao partilhar componentes com versões estrangeiras, como aconteceu muito nos anos 80 com nossos "carros mundiais".
A própria exportação desses automóveis para países desenvolvidos fica dificultada, pois exige extensas modificações -- lembram-se das mais de 2.000 aplicadas ao Voyage quando vendido como Fox aos Estados Unidos? E, em regra, eles são recebidos como modelos inferiores aos de produção local, o que acontece hoje com o citado Palio na Europa.
Para o consumidor, a regionalização traz outros inconvenientes. Começa pela supressão de equipamentos de conforto, conveniência e segurança: a Scénic brasileira, por exemplo, fica devendo as bolsas infláveis laterais e o vidro traseiro de abertura independente do modelo francês; o Tempra nacional não tinha banco traseiro rebatível. E continua pela desatualização dos veículos, que gradualmente perdem os laços com o Primeiro Mundo, gerando casos como Santana, Uno e Kombi.
Até onde interessa tomar essa contramão da globalização?
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