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Com uma só mão

Edição no. 136 - 2 de novembro de 2002

Dois assuntos automobilísticos vieram à baila em outubro: telefone celular e fumar ao dirigir. O Denatran, hoje dirigido pela competente sra. Rosa Cunha, havia feito certa confusão ao proibir qualquer forma de comunicação por telefone celular pelo motorista, até com equipamento que deixa as mãos livres, o chamado viva-voz (alguém pode explicar o porquê desse estranho nome?). Mas o Denatran sabiamente voltou atrás, e voltou a ser permitido usar o telefone -- desde que o motorista não tire as duas mãos no volante.

No Canadá não existe restrição ao uso do telefone celular, nem mesmo segurando-o com uma mão, embora entidades de mentalidade retrógrada, misoneístas (medo de novidade) estejam querendo fazer passar leis proibindo o uso, pelo motorista, deste fabuloso meio de comunicação. Mas quem provocar acidente, ficando provado que falava ao celular, pode ser indiciado por desatenção, direção perigosa e até homicídio doloso, se do acidente resultar morte. Os canadenses acham que a responsabilidade é do motorista e ponto final. Até para falar ao telefone enquanto dirige.

O segundo assunto veio à tona há poucos dias. Projeto do senador Gilvam Borges (PMDB/AP) proíbe fumar ao dirigir -- também questão de dirigir com uma das mãos apenas. Para nós, do BCWS, é intrigante como há quem pense que é preciso segurar o volante com as duas mãos.

Imagina-se que essas pessoas acham que, se o ou a motorista não agarrar o volante com firmeza, o carro vai desviar perigosamente para um lado, "perder" a direção. Como se o próprio sistema de direção não fosse concebido para conservar as rodas retas, estando o carro em movimento. Pode ser que poucos conheçam os pormenores de geometria de direção, mas todo mundo sabe que todo carro anda dezenas ou mesmo centenas de metros sem se tocar o volante.

Mesmo no evento de esvaziamento súbito de pneu dianteiro em alta velocidade, a direção não "pula da mão" com a intensidade que muitos imaginam. Novamente questão de geometria de direção e também da baixa reversibilidade das caixas de direção -- forças contrárias não fazem o volante se mover tanto.

Alguns já perceberam também que a direção do automóvel fica bem instável ao se dar marcha à ré. Nesse caso a geometria de direção age contra a estabilidade. Aí sim, seria preciso usar as duas mãos no volante. Mas quem não coloca o braço direito sobre o encosto do banco do lado para poder ver melhor o que está atrás do carro, por segurança? Acham os defensores das duas mãos que caberia multa nesse caso?

É comum ver alunos de auto-escolas -- ops, centros de formação de condutores! -- e novos motoristas querendo "dirigir" o carro, no sentido de se esforçar para manter a reta. Notam-se suas mãos tensas, fazendo força. Não é preciso: bastar tocar de leve no volante e deixar a geometria de direção fazer o resto. Força de um décimo de mão.

Quem teve a infelicidade de perder um braço ou de nascer com deficiência física de mesmo efeito pode dirigir. Portanto, é descabida a exigência de "duas mãos". Bem, mas no caso dos deficientes o volante precisa ter um botão para manobras, certo? Certo, só que quem tem dois braços usa as duas mãos ao manobrar. Alguma dúvida?

Não é preciso usar as duas mãos para dirigir na maior parte do tempo. Deixemos em paz quem quer falar ao telefone e fumar e tratemos de coisas mais sérias. Tem muita gente morrendo no trânsito.

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