Como com tudo na vida, já nos acostumamos com a internet. Parece até que a grande rede existe há muitos e muitos anos
mas, ao pensar que no Brasil ela só começou a deslanchar a partir de 1995, é que nos damos conta de como ela é recente.
O leitor pode estranhar que o nome internet esteja escrito com inicial minúscula, mas o fato é que não há mais motivo para reverência, mesmo
diante da relevância desse meio de comunicação para o progresso da
humanidade nos tempos recentes. Outras mídias não se escrevem dessa maneira? Temos o rádio, televisão, revista, jornal, cinema -- todos começando com minúscula.
A partir de 1998 presenciamos a bolha de crescimento das ponto-com, as empresas que tinham na internet sua própria razão de ser. Abria-se aos olhos do mundo uma nova era, digna da mais exagerada obra de ficção científica. Mas a bolha estourou em dois anos.
O motivo é sabido: a internet, isoladamente, não dava dinheiro, lucros que justificassem o enorme investimento em estrutura de pessoal e equipamentos necessários para empreendimentos de envergadura. Tão rápido como
veio, a maioria das ponto-com se foi. Ficou apenas o trigo.
Um fenômeno -- só pode ser isso -- explica os maus resultados: falta de credibilidade. Não no conteúdo dos web sites e portais, na maior parte assinados por gente de peso, mas em seu valor como mídia para publicidade. Simplesmente os anunciantes, sempre orientados pelas agências de propaganda, se mantiveram céticos quanto ao alcance e a leitura na internet.
Há uma questão crucial nisso tudo: as agências têm o grosso do seu faturamento nas comissões sobre o custo das inserções publicitárias. A comissão padrão é 20%. É fácil, então, imaginar onde uma agência prefere recomendar um anúncio: numa revista em que uma página custa R$ 80 mil ou num site, onde o mesmo anúncio custa R$ 5 mil?
Um fato recente, porém, traz alento aos web sites e portais. A revista americana
Automotive News informou que a General Motors Corporation destinará este ano mais do seu orçamento de
marketing em campanhas de relacionamento, como patrocínios e... internet. E menos na mídia tradicional.
A decisão da GM, sábia em si mesma ao reconhecer o poder da internet, certamente será o marco divisor entre o ceticismo e a crença das agências neste fantástico meio de comunicação. O êxito da comercialização do Celta pela internet, que responde por 80% das vendas (incluídos os pedidos em que a própria concessionária usa a rede), pode ter contribuído para a decisão da matriz.
A mídia tradicional perde feio para a internet. Somente o rádio,
associado ao telefone celular, consegue igualar-se à rede na velocidade da notícia. Mas
só a internet traz a vantagem de exibir imagem, vídeo e texto. Mesmo
se comparada à televisão, possui a conveniência da interatividade, isto é, de propiciar a escolha do que exatamente se deseja ver
naquele instante. São esses benefícios que acabam de ser reconhecidos por uma gigaempresa.
Os leitores mais atentos notarão que o BCWS teve poucos anunciantes em seus cinco anos. Não por vontade, mas porque eles simplesmente não apareceram. A permanência ininterrupta no ar desde outubro de 1997 não é questão de sobreviv |