Muito
já se falou neste site sobre a importância da sinalização de trânsito
— que seja clara, bem posicionada e bem conservada pelas autoridades
e, acima de tudo, respeitada pelos motoristas. Mas há um aspecto que
vem sendo negligenciado com freqüência: o bom-senso na definição dos
sinais de tráfego, para que mantenham a credibilidade.
A falta desse bom-senso está muitas vezes em limites de velocidade
irreais, como os colocados na proximidade de curvas. Há um caso típico
no final da Rodovia SP-70 Carvalho Pinto, já próximo de seu encontro
com a SP-123 que leva a Campos do Jordão, no interior paulista: a
sinalização indica limite de 60 km/h antes de uma curva que é feita,
diuturnamente, com toda a segurança a mais de 100 km/h por motoristas
de automóveis e utilitários.
O limite é irreal — pode argumentar o leitor — para se criar mais um
ponto ideal para a "indústria da multa" fazer novas vítimas. Pois não
é o caso: em anos passando por ali pelo menos uma vez por semana,
nunca vi uma fiscalização de velocidade no trecho. Trata-se mesmo de
exagero de quem definiu o limite na curva ou, na melhor das hipóteses,
uma padronização injustificada entre carros e caminhões.
É fácil imaginar como vai passar a proceder o motorista que percebe
que os 60 km/h poderiam ser 100 ou até 120: quando avistar outras
sinalizações, tenderá a fazer a curva bem mais rápido que o indicado.
E quando houver uma delas em que os 60 devem, efetivamente, ser 60
km/h? Não é à toa que certa vez vi, em uma estrada do interior de
Minas Gerais, uma curiosa placa com
o
conhecido símbolo de perigo (desenho ao lado), uma espécie de
indicação de que "esta é para valer"...
Mas o problema não se restringe à velocidade: há excessos também em
outras sinalizações, como as de estacionamento. Temos um bom exemplo
em Pindamonhangaba, onde resido: uma rua de mão única com apenas uma
faixa de tráfego e a permissão de estacionar à esquerda. A faixa de
circulação, à direita, contém placas de estacionamento proibido, como
se espera. No entanto, no lado esquerdo, há interrupções das vagas
devido a entradas de garagem e, como se espera, vez ou outra alguém
estacionava diante delas. Para chamar atenção e tentar evitar a
infração, espalharam-se placas com duas
faixas cruzadas, que proíbem estacionar e... parar.
Moral da história: se você precisar desembarcar um passageiro nessa
rua, deve parar em plena faixa de circulação, prejudicando o trânsito,
pois é proibido ocupar — por segundos que seja — a faixa de
estacionamento.
Cada leitor tem certamente seus exemplos e seria ótimo conhecê-los (utilize
o formulário). Bom mesmo seria se as autoridades percebessem que
sinalização em excesso, além de incomodar, acaba desacreditada. |