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Sinalização e credibilidade

As autoridades deveriam perceber que os sinais de
trânsito, mal aplicados, perturbam e ficam desacreditados

por Fabrício Samahá

Fabrício Samahá, editorMuito já se falou neste site sobre a importância da sinalização de trânsito — que seja clara, bem posicionada e bem conservada pelas autoridades e, acima de tudo, respeitada pelos motoristas. Mas há um aspecto que vem sendo negligenciado com freqüência: o bom-senso na definição dos sinais de tráfego, para que mantenham a credibilidade.

A falta desse bom-senso está muitas vezes em limites de velocidade irreais, como os colocados na proximidade de curvas. Há um caso típico no final da Rodovia SP-70 Carvalho Pinto, já próximo de seu encontro com a SP-123 que leva a Campos do Jordão, no interior paulista: a sinalização indica limite de 60 km/h antes de uma curva que é feita, diuturnamente, com toda a segurança a mais de 100 km/h por motoristas de automóveis e utilitários.

O limite é irreal — pode argumentar o leitor — para se criar mais um ponto ideal para a "indústria da multa" fazer novas vítimas. Pois não é o caso: em anos passando por ali pelo menos uma vez por semana, nunca vi uma fiscalização de velocidade no trecho. Trata-se mesmo de exagero de quem definiu o limite na curva ou, na melhor das hipóteses, uma padronização injustificada entre carros e caminhões.

É fácil imaginar como vai passar a proceder o motorista que percebe que os 60 km/h poderiam ser 100 ou até 120: quando avistar outras sinalizações, tenderá a fazer a curva bem mais rápido que o indicado. E quando houver uma delas em que os 60 devem, efetivamente, ser 60 km/h? Não é à toa que certa vez vi, em uma estrada do interior de Minas Gerais, uma curiosa placa com o conhecido símbolo de perigo (desenho ao lado), uma espécie de indicação de que "esta é para valer"...

Mas o problema não se restringe à velocidade: há excessos também em outras sinalizações, como as de estacionamento. Temos um bom exemplo em Pindamonhangaba, onde resido: uma rua de mão única com apenas uma faixa de tráfego e a permissão de estacionar à esquerda. A faixa de circulação, à direita, contém placas de estacionamento proibido, como se espera. No entanto, no lado esquerdo, há interrupções das vagas devido a entradas de garagem e, como se espera, vez ou outra alguém estacionava diante delas. Para chamar atenção e tentar evitar a infração, espalharam-se placas com duas faixas cruzadas, que proíbem estacionar e... parar.

Moral da história: se você precisar desembarcar um passageiro nessa rua, deve parar em plena faixa de circulação, prejudicando o trânsito, pois é proibido ocupar — por segundos que seja — a faixa de estacionamento.

Cada leitor tem certamente seus exemplos e seria ótimo conhecê-los (utilize o formulário). Bom mesmo seria se as autoridades percebessem que sinalização em excesso, além de incomodar, acaba desacreditada.

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Data de publicação: 25/6/05

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