Que vençam os melhores

Entre surpresas, curiosidades e sugestões, 10ª. Eleição dos
Melhores Carros foi mais um encontro de aficionados

por Fabrício Samahá

Fabrício Samahá, editorVários resultados previsíveis, mas também algumas surpresas, foi o que trouxe a 10ª Eleição dos Melhores Carros do Best Cars, realizada entre outubro e dezembro e cujos resultados publicamos dia 19. Com número recorde de participantes — mais de 54 mil — entre as 10 edições, ficou patente mais uma vez que se trata da mais importante pesquisa do gênero realizada na internet brasileira.

A parte previsível está nas vitórias de modelos já consagrados em edições anteriores, tanto em segmentos do mercado atual — e sobretudo nas faixas de preço superior — quanto nas categorias de carros fora de produção. Audi A3; BMW Série 3 e Série 5; Chevrolet Opala, Omega, Zafira e Montana; Ford Fusion; Honda Civic; Mercedes-Benz Classe R; Porsche Cayenne, Boxster/Cayman e 911; Toyota Hilux e Hilux SW4; e Volkswagen Touareg já haviam vencido pelo menos uma vez. Dois deles — Opala e 911 — permanecem invictos, tendo conquistado títulos nas 10 edições da pesquisa.

Houve, porém, novidades. A abertura da categoria Carro Pequeno em duas classes, conforme a faixa de preço, criou grande expectativa no segmento inferior. Venceu o Gol, líder de vendas desde 1987. Na outra classe, a chegada do Punto desbancou o tricampeão Fit. Bem acima de tudo isso sob qualquer aspecto, a começar pelos valores, outra mudança de mãos: a taça de Sedã de Alto Luxo passou do Audi A8 para o Maserati Quattroporte. E, entre os modelos fora de linha, a nova categoria com a década de 1980 teve inédita vitória do Monza, que sempre esteve bem-colocado, mas não havia ainda superado o Opala.

À parte os vencedores, a eleição traz outras interessantes conclusões. Quem comparar os resultados da 10ª edição com os da anterior, como eu pude fazer, perceberá a consistência com que os candidatos mantêm suas posições aproximadas ano a ano, com raros casos de mudança expressiva em cada categoria. Além de comprovar a fidelidade que muitos carros conquistaram com o público, isso permite interpretar que, apesar do aumento de 63% no número de votos em relação à pesquisa de 2007 (que havia apontado queda em relação às duas anteriores), grande parte dos eleitores do ano passado voltaram a nos prestigiar.

Outro aspecto que surpreende é a diversidade de opiniões. Quem poderia imaginar, por exemplo, que o Volkswagen 1600 de quatro portas — o "Zé do Caixão" — fosse considerado o melhor carro das décadas de 1950 e 1960, mesmo que por apenas 0,6% dos eleitores? Ou que os quase desconhecidos utilitários da sul-coreana SsangYong tivessem a preferência em três categorias, com percentuais entre 0,2% a 0,6%? Ou mesmo que 1,3% dos votos indicassem que o Chana Cargo é o melhor picape leve do mercado?

Terceiro ponto: muitos eleitores consideraram nossa sugestão de valorizar a relação custo-benefício na hora da escolha, sem o que seria inviável ter na mesma categoria modelos com mais de 100% de diferença de preços. Com isso, o Fusion venceu em uma classe onde é o carro mais barato, o Hilux venceu o bem mais caro Dodge Ram e o já citado Monza deixou para trás os modelos de topo da época — Landau, os Dodges de motor V8, Alfa Romeo 2300 e o próprio Opala em versão Diplomata. Portanto, ser o melhor tem sido compreendido não apenas como oferecer mais, mas sim oferecer mais por menos.

Por último, mas não com menor importância, é interessante notar como os carros nacionais se saem bem na categoria O Carro dos Meus Sonhos, onde seria esperado que todos os eleitores pensassem alto. Atrás do eterno vencedor 911 está um relativamente acessível Civic, à frente de mitos como Ferrari, Lamborghini, Bugatti Veyron e Cayenne. Em 6º lugar aparece o Vectra e em 11º o Punto, mais votados que Ferrari 599, Mustang ou Corvette.

Como melhorar
Como acontece todo ano, ficamos atentos às sugestões dos leitores para que a eleição se torne ainda melhor em 2009. Vários apontaram que a gama de preços da categoria Hatch Médio ainda é muito ampla, o que nos levou à decisão de dividir a classe em duas na próxima pesquisa. Ainda é preciso estudar a solução para outros casos, como o de utilitários esporte: já são três segmentos, mas no primeiro ainda há 19 concorrentes com grande variação de preços. Seria o caso de passarmos a quatro categorias? A meu ver parece demais, mas gostaria de saber o que você pensa. E mais: adicionar três ou quatro categorias para peruas, como alguns leitores sugeriram, seria válido ou apenas deixaria a votação muito extensa?

Outra reivindicação que recebemos é que os modelos fora de linha passem a concorrer em classes separadas, conforme o segmento que ocupavam na época de produção, para que automóveis mais simples também tenham chance de vencer. É uma sugestão coerente, mas que talvez inviabilize a manutenção dessas categorias dentro da eleição: seria necessário criar uma pesquisa separada para eles. Prometo estudar o assunto. E você, o que pensa a respeito?

Ao fim do exaustivo trabalho de apuração — que na categoria dos sonhos tem de ser feita manualmente, por amostragem, já que o voto não é feito por seleção no formulário eletrônico —, da análise dos resultados e da leitura de mais de 2.000 mensagens com opiniões e sugestões, ficou uma certeza: a eleição do Best Cars é hoje um ponto de encontro anual dos entusiastas por automóvel, um espaço ímpar para que exponham o que pensam sobre o mercado. Em outubro, conto novamente com seu voto para que vençam os melhores.

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Data de publicação: 26/1/08

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