Vários resultados
previsíveis, mas também algumas surpresas, foi o que trouxe a
10ª Eleição dos
Melhores Carros do Best Cars, realizada entre outubro e
dezembro e cujos resultados publicamos dia 19. Com número recorde de
participantes — mais de 54 mil — entre as 10 edições, ficou patente
mais uma vez que se trata da mais importante pesquisa do gênero
realizada na internet brasileira.
A parte previsível está nas vitórias de modelos já consagrados em
edições anteriores, tanto em segmentos do mercado atual — e
sobretudo nas faixas de preço superior — quanto nas categorias de
carros fora de produção. Audi A3; BMW Série 3 e Série 5; Chevrolet
Opala, Omega, Zafira e Montana; Ford Fusion; Honda Civic;
Mercedes-Benz Classe R; Porsche Cayenne, Boxster/Cayman e 911;
Toyota Hilux e Hilux SW4; e Volkswagen Touareg já haviam vencido
pelo menos uma vez. Dois deles — Opala e 911 — permanecem invictos,
tendo conquistado títulos nas 10 edições da pesquisa.
Houve, porém, novidades. A abertura da categoria Carro Pequeno em
duas classes, conforme a faixa de preço, criou grande expectativa no
segmento inferior. Venceu o Gol, líder de vendas desde 1987. Na
outra classe, a chegada do Punto desbancou o tricampeão Fit. Bem
acima de tudo isso sob qualquer aspecto, a começar pelos valores,
outra mudança de mãos: a taça de Sedã de Alto Luxo passou do Audi A8
para o Maserati Quattroporte. E, entre os modelos fora de linha, a
nova categoria com a década de 1980 teve inédita vitória do Monza,
que sempre esteve bem-colocado, mas não havia ainda superado o
Opala.
À parte os vencedores, a eleição traz outras interessantes
conclusões. Quem comparar os resultados da 10ª edição com os da
anterior, como eu pude fazer, perceberá a consistência com que os
candidatos mantêm suas posições aproximadas ano a ano, com raros
casos de mudança expressiva em cada categoria. Além de comprovar a
fidelidade que muitos carros conquistaram com o público, isso
permite interpretar que, apesar do aumento de 63% no número de votos
em relação à pesquisa de 2007 (que havia apontado queda em relação
às duas anteriores), grande parte dos eleitores do ano passado
voltaram a nos prestigiar.
Outro aspecto que surpreende é a diversidade de opiniões. Quem
poderia imaginar, por exemplo, que o Volkswagen 1600 de quatro
portas — o "Zé do Caixão" — fosse considerado o melhor carro das
décadas de 1950 e 1960, mesmo que por apenas 0,6% dos eleitores? Ou
que os quase desconhecidos utilitários da sul-coreana SsangYong
tivessem a preferência em três categorias, com percentuais entre
0,2% a 0,6%? Ou mesmo que 1,3% dos votos indicassem que o Chana
Cargo é o melhor picape leve do mercado?
Terceiro ponto: muitos eleitores consideraram nossa sugestão de
valorizar a relação custo-benefício na hora da escolha, sem o que
seria inviável ter na mesma categoria modelos com mais de 100% de
diferença de preços. Com isso, o Fusion venceu em uma classe onde é
o carro mais barato, o Hilux venceu o bem mais caro Dodge Ram e o já
citado Monza deixou para trás os modelos de topo da época — Landau,
os Dodges de motor V8, Alfa Romeo 2300 e o próprio Opala em versão
Diplomata. Portanto, ser o melhor tem sido compreendido não apenas
como oferecer mais, mas sim oferecer mais por menos.
Por último, mas não com menor importância, é interessante notar como
os carros nacionais se saem bem na categoria O Carro dos Meus
Sonhos, onde seria esperado que todos os eleitores pensassem alto.
Atrás do eterno vencedor 911 está um relativamente acessível Civic,
à frente de mitos como Ferrari, Lamborghini, Bugatti Veyron e
Cayenne. Em 6º lugar aparece o Vectra e em 11º o Punto, mais votados
que Ferrari 599, Mustang ou Corvette.
Como melhorar
Como acontece todo ano, ficamos atentos às sugestões dos leitores
para que a eleição se torne ainda melhor em 2009. Vários apontaram que a gama
de preços da categoria Hatch Médio ainda é muito ampla, o que nos
levou à decisão de dividir a classe em duas na próxima pesquisa.
Ainda é preciso estudar a solução para outros casos, como o de
utilitários esporte: já são três segmentos, mas no primeiro ainda há
19 concorrentes com grande variação de preços. Seria o caso de
passarmos a quatro categorias? A meu ver parece demais, mas gostaria
de saber o que você pensa. E mais: adicionar três ou quatro
categorias para peruas, como alguns leitores sugeriram, seria válido
ou apenas deixaria a votação muito extensa?
Outra reivindicação que recebemos é que os modelos fora de linha passem
a concorrer em classes separadas, conforme o segmento que ocupavam
na época de produção, para que automóveis mais simples também tenham
chance de vencer. É uma sugestão coerente, mas que talvez
inviabilize a manutenção dessas categorias dentro da eleição: seria
necessário criar uma pesquisa separada para eles. Prometo estudar o
assunto. E você, o que pensa a respeito?
Ao fim do exaustivo trabalho de apuração — que na categoria dos
sonhos tem de ser feita manualmente, por amostragem, já que o voto
não é feito por seleção no formulário eletrônico —, da análise dos
resultados e da leitura de mais de 2.000 mensagens com opiniões e
sugestões, ficou uma certeza: a eleição do Best Cars é hoje
um ponto de encontro anual dos entusiastas por automóvel, um espaço
ímpar para que exponham o que pensam sobre o mercado. Em outubro,
conto novamente com seu voto para que vençam os melhores. |