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O ranking dos perdedores

Os carros mais vendidos todos sabem — agora vamos ver os
modelos com os piores índices de vendas no ano passado

por Fabrício Samahá

A cada mês, muitos de nós acompanham as tabelas de vendas de automóveis para saber quem se saiu melhor no período que se encerrou. O Palio alcançou o Gol? O Mille superou o Palio? Celta ou Classic, qual vendeu mais? Ka ou Fiesta?

O que poucos observam, apesar de também interessante, é quais carros venderam menos. Não só os supercarros da estirpe de Ferrari e Maserati, que por definição chegam às ruas à razão de poucas dezenas por ano (33 e 23 unidades, nesta ordem, em 2008; a Porsche vendeu bem mais, 825 carros), mas sobretudo os modelos produzidos ou importados por marcas de maior volume, que por alguma razão ocupam os últimos lugares das listagens.

Em ordem alfabética pelo fabricante, a primeira curiosidade da tabela da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) é com o Audi A6, que teve apenas 42 unidades emplacadas no ano, perdendo de longe para BMW Série 5 (213), Mercedes-Benz Classe E (120) e até Jaguar X-Type (61) e XF (47). Um resultado muito modesto para uma marca de expressivo carisma.

Na sequência vêm os Citroëns C5 e C6, que alcançaram 22 e 24 unidades em 2008, nesta ordem
— para se ter uma idéia, o Ferrari F430 chegou a 29 exemplares. O primeiro ganhou na Europa uma nova geração, que chega ao Brasil este ano, razão para se terem apenas queimado velhos estoques. Já o topo de linha C6 é um carro bastante caro (mais de R$ 200 mil), controverso no desenho e pertencente a uma marca sem expressão nesse segmento, já que seu antecessor XM também vendeu bem pouco por aqui. O resultado, a propósito, foi julgado insuficiente pela empresa para justificar a continuidade de sua importação.

Descendo bastante na escala de preço, vemos o carro mais barato do mercado nacional, o monovolume chinês Effa M100. Mesmo ao se considerar que começou a ser emplacado em abril, as 202 unidades (que projetariam perto de 270 em 12 meses, supondo constância nas vendas) são muito pouco para um automóvel desse preço. É menos do que vende a Passat Variant (297), por exemplo.

Que Mercedes-Benz não é carro para grandes volumes, todos sabem — isso valia até para o Classe A nacional, que ficou muito longe das previsões iniciais de vendas. Mas chama atenção que as versões do Classe B somem só 494 unidades emplacadas no ano passado, enquanto o menor Classe A nem aparece na lista, apesar de presente na tabela de preços da marca. Como comparação, o sedã e a perua Classe C, de segmento superior, chegaram a 1.838 carros licenciados.

Fabrício Samahá, editor

Enfeites de saguão
Descendo a lista, encontram-se os Mitsubishis da "lanterninha": 126 exemplares do esportivo Eclipse, 107 da minivan Grandis. Para uma empresa que tornou os antigos Eclipses carros relativamente comuns em nossas ruas na década de 1990, é um número que decepciona. Mas tem explicação pela estratégia de marketing da marca, focada em picapes e utilitários esporte com tração nas quatro rodas. O restante é mera complementação e, como tal, não recebe esforço de divulgação.

Outra nipônica, a Nissan, também tem larga experiência com veículos fora-de-estrada — produz no Paraná desde 2002 o picape Frontier e o utilitário XTerra —,mas parece só conseguir vender bem os carros mexicanos Tiida e Sentra, além do próprio Frontier. Os demais utilitários frequentam baixas posições na tabela (como não aparecem na relação da Fenabrave, recorremos à da Anfavea, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, que informa entregas às concessionárias e não emplacamentos): 37 unidades do Murano, 145 do Pathfinder, 151 do XTerra e 267 do XTrail. Também como referência, pela mesma Anfavea o Mitsubishi Outlander fez 1.914 exemplares e o Volkswagen Touareg, de preço superior, 439. Diante disso, até que a produção local do XTerra, encerrada no fim do ano, perdurou mais que o esperado.

Nas duas francesas que se seguem, Peugeot e Renault, os números modestos referem-se em geral a modelos de imagem, trazidos mais para enfeitar o saguão das concessionárias que para alcançar volume. No ano passado (mais uma vez pela Anfavea) foram 61 conversíveis 307 CC e 112 Méganes da mesma versão. Já as 353 unidades da Grand Scénic configuram mesmo um insucesso, sobretudo se comparadas às 2.697 (sempre Anfavea) da concorrente Citroën Grand C4 Picasso, de preço similar e lançada pouco mais tarde. Fácil entender por que a Renault reduziu em mais de R$ 16 mil o preço sugerido da minivan em um ano. E também seria justo esperar melhor resultado do Peugeot 407 (371 exemplares pela Anfavea, 306 pela Fenabrave), diante do bom preço promocional a que é oferecido já há vários meses.

Ficam de fora desta análise algumas marcas filiadas à Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores) porque, ao contrário da Anfavea, a entidade divulga em seu site apenas os resultados por empresa, sem especificar modelos, e a Fenabrave não as incluiu no relatório. De qualquer forma, resultados como o da Suzuki (150 carros em dois meses) revelam que algumas dessas importadoras também disputam com empenho os melhores lugares no ranking dos perdedores.

Os demais utilitários Nissan frequentam baixas posições na tabela: 37 unidades do Murano, 145 do Pathfinder, 151 do XTerra e 267 do XTrail — o Mitsubishi Outlander fez 1.914 exemplares


P.S.: A informação da Anfavea para o Omega (17 unidades), veiculada mais cedo neste Editorial, contrasta com a de 860 exemplares segundo a Fenabrave. Por essa razão optamos pela remoção desse caso.

 

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Data de publicação: 14/2/09

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