A
63ª edição do IAA ou Salão
de Frankfurt, que termina neste domingo (27), mostrou mais uma
vez que o entusiasmo pelo automóvel e a preservação ambiental podem
caminhar juntos. O carro já foi eleito inimigo número 1 dos
ecologistas, muito empenhados em combater as emissões de gás
carbônico (CO2) veiculares e nem tanto as de outras fontes, embora a
participação dos automóveis nessa emissão seja estimada em apenas
20% — o restante se divide entre geração de energia, indústrias e
residências.
Como se sabe, o CO2 é um dos gases responsáveis pelo efeito estufa,
que vem provocando o aquecimento do clima do planeta. Na Europa,
fixou-se um limite de 130 gramas de CO2 por quilômetro rodado para a
frota de carros novos licenciada em 2012 — o fabricante que não
atender ao limite recebe multa. Isso explica o interesse da
indústria em, por um lado, buscar alternativas aos tradicionais
motores a combustão que possam reduzir a emissão do gás, e por
outro, continuar a oferecer aos europeus automóveis com desempenho e
prazer de dirigir.
Dois fabricantes alemães de prestígio mostraram em Frankfurt suas
propostas para carros esporte. O Audi E-Tron é uma versão
conceitual do R8 em que o motor central-traseiro a gasolina dá lugar
a quatro motores elétricos, um para cada roda. Se a potência de 313
cv impressiona, o que dizer do torque? São 458,9 m.kgf, mais que o
dobro do produzido por um caminhão Volvo a diesel com motor de 11
litros e 390 cv! Os 4,8 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h dão
uma ideia do desempenho desse R8 ambientalmente correto.
No caso da BMW, um conceito inédito e não derivado de modelo em
produção — o Vision Efficient Dynamics — reúne um compacto motor a
diesel e dois elétricos que somam 356 cv e 81,6 m.kgf, permitem
acelerar no mesmo tempo do Audi e emitem apenas 99 g/km de CO2.
Mesmo que carros de produção com tais tecnologias venham a custar
muito caro e não consigam alto volume de vendas nos primeiros anos,
cada unidade vendida permitirá à empresa colocar nas ruas alguns
modelos com emissão mais alta sem exceder sua cota carbônica. |
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Propostas acessíveis
Outras fábricas levaram ao IAA modelos favoráveis ao ambiente
que, sem chegar ao patamar de desempenho do E-Tron e do Vision,
mostram um futuro interessante para os aficionados. A Peugeot expôs
uma versão híbrida com motores a diesel e elétrico do novo cupê
esporte RCZ; a Lexus, um conceito que antecipa seu primeiro hatch
médio e combina motor a gasolina com elétrico; a Mercedes-Benz, um
Classe S híbrido que pode ser recarregado em fonte externa e obtém
emissão de 74 g/km; e a Renault, o sedã médio Fluence em versão
movida a eletricidade.
É claro que nem sempre se precisa de desempenho elevado, como ao
enfrentar quilômetros de trânsito congestionado. Nessas horas,
praticidade, economia e pequenas dimensões são de que o motorista
necessita. Para esses fins, a Volkswagen apresentou o E-Up, um
compacto elétrico que roda 100 km ao custo atual de dois euros se as
baterias forem recarregadas à noite, quando a tarifa de energia é
mais baixa em alguns países. A Peugeot definiu para daqui a um ano o
início de vendas do elétrico Ion, sua versão para o Mitsubishi
I-Miev.
Maior que eles, o Mercedes-Benz BlueZero E-Cell Plus usa um motor
turbo a gasolina para recarregar as baterias, a exemplo do Chevrolet
Volt. Com isso, pode rodar até 600 km sem recarga ou reabastecimento
e seu ótimo torque, 32,6 m.kgf, sugere um carro médio com grande
agilidade. O mesmo princípio de recarga das baterias a bordo foi
usado no Revolte, conceito da Citroën inspirado no clássico 2CV. E
da Renault havia mais três propostas elétricas: o furgão Kangoo, o
hatch Zoe e o minúsculo Twizy, de apenas 2,30 metros.
Depois que a propulsão híbrida se tornou uma realidade — a Toyota
sozinha já vendeu mundo afora mais de dois milhões de carros com
essa tecnologia —, a indústria prepara novos passos para conter as
emissões de gás carbônico. Para nós, aqui embaixo do Equador, fica a
expectativa de quando essas técnicas estarão a nosso alcance. |
Mesmo que
carros de produção com tais tecnologias não consigam alto volume de
vendas nos primeiros anos, permitirão à empresa colocar nas ruas
alguns modelos com emissão mais alta sem exceder sua cota. |