Um
dos temas que mais movimentam os interessados no mercado de
automóveis, nessa época do ano, é conferir os resultados de vendas
do ano anterior e definir quem venceu em cada categoria. Para isso,
a fonte mais usada é a divulgação de emplacamentos do Renavam, ou
Registro Nacional de Veículos Automotores, pela Federação Nacional
da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
E o que mostram os dados do fechamento de 2010?
Como muitos já sabem, na disputa entre os fabricantes a vitória foi
da Fiat, mesmo entre carros de passeio, com margem apertada sobre a
Volkswagen. Houve aqui uma inversão, pois em 2009 a marca alemã é
que havia liderado no segmento de automóveis. Cabe considerar,
porém, o setor de comerciais leves — picapes, utilitários esporte,
furgões e similares —, em que é ampla a vantagem da Fiat sobre a VW.
Em 2009 essa diferença, que era ainda maior, garantiu à empresa
italiana a liderança do mercado como um todo, repetida agora.
Assim, somados automóveis e utilitários, a Fiat conseguiu 22,84% de
participação, contra 20,95% da VW. Seguem-se General Motors com
19,75% e Ford com 10,10%. Na sequência estão Renault, Honda,
Hyundai, Toyota, Peugeot e Citroën até o 10º lugar. A comparação com
o ano anterior mostra que Renault e Hyundai ganharam posições,
enquanto as duas japonesas e as demais francesas citadas perderam
espaço. De 11º até 20º, a lista segue com Kia, Mitsubishi, Nissan,
Mercedes-Benz, BMW, Hafei, Chery, Land Rover, Suzuki e SsangYong.
Para sabermos como foi em cada categoria, é preciso antes corrigir
as muitas distorções da relação da Fenabrave, que comete absurdos
como colocar a Audi A4 Avant junto a Palio Weekend e Parati — embora
exista outra classe para peruas maiores — ou chamar de monovolume o
Kia Picanto, que é claramente um hatch pequeno. Assim, nossa análise
considera as categorias com seus verdadeiros competidores.
No segmento de entrada, o Gol foi mais uma vez líder — já são 24
anos nessa posição desde 1987 —, seguido por Uno e Mille somados
(não constam os totais em separado, mas deveriam), Celta, Palio, Ka,
207, Clio, Effa M100 e 206. Se feita a soma de seus modelos, a Fiat
assume a liderança.
Entre os hatches pequenos de um patamar acima, o Fox/CrossFox venceu
outra vez o Fiesta, mesma ordem de 2009. A lista segue-se com
Sandero, Agile (que assumiu a posição antes ocupada pelo Corsa), C3,
Punto, Corsa, Fit, Polo, Kia Picanto, Chery Face e Lifan LF 320. A
GM tem dois competidores que, se somados, lhe dão o segundo lugar.
Vale notar que a Fenabrave vê no Punto um carro médio e considera
tanto o Fit quanto o Picanto monovolumes. Entre os modelos de luxo
nessa faixa de tamanho, a ordem é Mini, Smart Fortwo e Fiat 500.
Em hatch médio há um novo campeão, que havia assumido a posição já
durante 2009: o Hyundai I-30, seguido por Astra (vencedor no ano
anterior), Focus, Golf, C4, Vectra, 307, Kia Soul, Stilo, Tiida, BMW
Série 1, Mercedes-Benz Classe B, VW Beetle, Suzuki SX4, Audi A3,
Subaru Impreza, Mercedes CLC, Chery Cielo, Chrysler PT Cruiser,
Volvo C30 e Fiat Bravo. Como se vê, o BMW lidera no subsegmento de
luxo. Nota curiosa: houve licenciamento de 13 Fords Escort no ano.
Como não se têm os dados de vendas separados do antigo Classic e do
Corsa atual, a dupla leva a vitória entre os sedãs pequenos, à
frente de Siena, Voyage, Prisma, Fiesta, Logan, 207 Passion, Polo e
Symbol. A classe seguinte seria naturalmente a de sedãs médios, que
a Fenabrave estranhamente separa em duas categorias sem nenhuma
lógica — por exemplo, o Focus entra na mais baixa e o Linea na mais
alta.
Unificadas, elas levam à seguinte ordem: Corolla (vencedor também em
2009), City, Civic (se somados, superam o Toyota), Vectra, Cerato,
Linea, C4 Pallas, Focus, Sentra, Astra, Mégane, 307, Jetta, Bora,
Tiida, Cielo, Lifan LF 620, Fluence e BMW Série 1 (versão 135i). Não
incluímos aqui o Fusion, que pelas dimensões é de outro segmento.
E é o Fusion que, na verdade, lidera a classe de sedãs grandes (é de
se perguntar o que a Fenabrave tem contra a Ford). Vêm atrás dele
Azera, Mercedes Classe C, BMW Série 3, Malibu, Passat, Audi A4,
Citroën C5, Toyota Camry, Kia Magentis, Accord, Hyundai Sonata, Audi
A5, Chrysler 300C, Subaru Legacy, Kia Cadenza, Peugeot 407 e Kia
Opirus.
Retiramos desse segmento da Fenabrave os modelos de luxo, feitos por
marcas de prestígio, que chegam a custar três ou quatro vezes o
preço de outros automóveis ali listados. Nesse grupo, o resultado
leva à seguinte ordem: BMW Série 5, Mercedes Classe E, Porsche
Panamera, Audi A6, Jaguar XF, BMW Série 7, Mercedes Classe S,
Rolls-Royce Corniche — do qual foram licenciadas 15 unidades no ano
— e Mercedes CLS. |
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Familiares e utilitários
A Palio Weekend dominou com folga (mais de 50%) o setor de
peruas pequenas, seguida por SpaceFox, Parati e 207 SW. As peruas
maiores têm na Mégane Grand Tour a mais vendida, vindo na sequência
Jetta Variant, Hyundai I-30 CW, Passat Variant, Audi A4 Avant e as
Peugeots 307 SW e 407 SW.
Depois de retirarmos da classe "monocab" — ou monovolumes — os carros
que a nosso ver são hatches, a categoria de minivans compactas fica
liderada pela Idea, seguida por Meriva, Livina, Doblò (não incluídas
unidades de carga), Citroën C3 Aircross e Renault Kangoo. Entre as
médias venceu a Zafira, à frente de Xsara Picasso, C4 Picasso
(versões normal e Grand), Scénic, Kia Carens e Peugeot 3008. As
grandes Kia Carnival e Chrysler Town & Country vendem menos que
aquelas.
Passamos aos comerciais leves com um vencedor bem conhecido entre os
picapes pequenos: o Strada, detentor de mais de 51% das vendas da
classe, à frente de Saveiro, Montana (somadas as duas gerações),
Courier, Peugeot Hoggar e Hafei Mini. Entre os picapes médios ganhou
novamente o S10, seguido por Hilux, L200 (sem distinção entre as
duas gerações), Ranger, Frontier, Amarok, Hafei Ruiyi e Mahindra. Os
grandes Ford F-250 e Ram só superam o médio Mahindra em vendas,
sendo que o Ford supera o Ram à razão de 10 para um.
O Fiorino "deita e rola" entre os furgões pequenos, com 64% de
participação, e o segundo colocado é outro Fiat, o Doblò Cargo.
Depois, Hafei Minivan, Peugeot Partner, Hafei Towner, Changan Chana
e Hafei Van. No segmento de furgões maiores é a vez da VW com a
Kombi; atrás aparecem Hyundai HR, Fiat Ducato, Kia K2500, Renault
Master, Mercedes Sprinter, Peugeot Boxer e Iveco Daily.
Enfim, no hoje disputadíssimo segmento de utilitários esporte, a
Fenabrave não diferencia um pequeno Suzuki Jimny de um Porsche
Cayenne. Separamos a grande lista em quatro, seguindo os critérios
de nossa Eleição dos
Melhores Carros. A que chegamos?
Na classe 1 deu mais uma vez EcoSport, seguido por Tucson, Sportage,
Chery Tiggo, Blazer, SSangyong Actyon e Mahindra Scorpio. Não
mencionamos nenhum Mitsubishi Pajero porque a Fenabrave, em suas
discutíveis unificações, considera as vendas de TR4, Sport, Dakar e
Full como se os quatro fossem um só.
Na bem mais numerosa classe 2, o mais vendido foi o CR-V, seguido
por Captiva, Hyundai Santa Fe, Hilux SW4, os Hyundais IX35 e
Veracruz, Kia Sorento, VW Tiguan, Mitsubishi Outlander, Suzuki Grand
Vitara, Dodge Journey, Land Rover Freelander, Toyota RAV4, SsangYong
Kyron, Subaru Forester, Ford Edge e Jeep Cherokee Sport.
Entre os utilitários de nossa classe 3, e mais uma vez sem o Pajero,
a vitória é do BMW X1. Atrás dele estão Land Rover Discovery, Volvo
XC60, Kia Mohave, Audi Q5, Subaru Tribeca, SsangYong Rexton,
Mercedes GLK, VW Touareg, dois Nissans não mais importados
(Pathfinder e XTrail) e Volvo XC90. A lista da entidade não menciona
BMW X3 ou Toyota Land Cruiser Prado.
E a classe 4 de nossa eleição, com os utilitários mais caros, teria
como vencedor o Range Rover (sem separação entre o tradicional e o
Sport), seguido por Porsche Cayenne, Mercedes Classe M, BMW X5 (o X6
não tem suas vendas informadas) e Audi Q7. Vale notar que o Cayenne,
com 514 unidades, supera vários modelos de preço bem inferior —
ficaria acima do Q5 se pertencesse à classe anterior. |
O Gol foi mais
uma vez líder no segmento de entrada, mas se feita a soma de Mille,
novo Uno e Palio a Fiat assume a liderança |