O M1B da Can-Am (no alto), o M2B
de motor Ford V8 com que a McLaren estreou na Fórmula 1 em 1966 e o M4
BRM do ano seguinte (embaixo)
Duas versões do M7A com a
característica cor laranja: vitória de Bruce em Spa, a primeira na
equipe, e outros bons resultados em 1967 e 1968
Na Can-Am em 1969, Bruce e Denny
Hulme dominaram as 11 provas da temporada, mas no ano seguinte McLaren
perdia a vida em um acidente |
Nesse ano a Cooper não conseguiu bom resultado, apenas o quarto lugar
geral. A concorrência crescia, a Porsche estreava com o americano Dan
Gurney e o sueco Joakim Bonnier. Outro que se tornaria muito famoso era
Jim Clark com seu Lotus-Climax. Em 1962 o campeonato, muito disputado,
era vencido por Graham Hill com um BRM, o vice ficava com o escocês Jim
Clark em seu Lotus e o terceiro com Bruce, fiel à Cooper, que obteve
bela vitória no principado de Mônaco. No fim do ano, na Alemanha, Jack
Brabham e Ron Tauranac criavam a equipe Brabham estreando com o modelo
BT, iniciais dos dois.
Clark surpreendia a todos em 1963 com sete vitórias em 10 corridas. Um
ano depois era a vez de Surtees se sagrar campeão; em 1965 o escocês
tornava a vencer o campeonato. O ano de 1966 marcava a estreia dos
carros laranja na Fórmula 1. Assim como o verde era para a Inglaterra na
época, o azul para a França e o vermelho para a Itália, a cor de abóbora
representava o belo arquipélago da Nova Zelândia. Outra característica
simpática do carro era a pintura de um kiwi preto — pequeno pássaro de
bico longo e fino, muito amado nesse país montanhoso e que emprestou seu
nome à fruta.
A Bruce McLaren Motor Racing Ltd. já havia sido fundada em 1963, mas
disputava apenas a Fórmula Tasmânia na Oceania, que venceu naquele ano.
Bruce fazia sociedade com o amigo norte-americano Teddy Mayer. O modelo
de Fórmula 1 da McLaren, denominado M2B, usava motor Ford V8 de 4,2
litros de Fórmula Indy. Ainda com a cor branca e detalhes pretos, havia
sido projetado por Robin Herd e seu ano de estreia foi muito difícil,
com várias quebras. Estreou no GP de Mônaco e sua maior glória foi ter
participado do espetacular filme Grand Prix, dirigido pelo
competente John Frankenheimer, em que era o Yamura pilotado pelo astro
James Garner. O campeonato nesse ano foi vencido por Jack Brabham com um
Brabham-Repco. Na equipe estava um compatriota de Bruce, também muito
competente: Denis Hulme, então com 30 anos.
Em 1967, mais um ano sem sucesso na F-1 com a McLaren usando o potente,
mas pouco acertado motor BRM. O carro em si não tinha um bom conjunto.
Contudo, no Campeonato Can-Am em pistas norte-americanas e canadenses, o
protótipo amarelo com ótima aerodinâmica e enormes aerofólios foi bem
mais veloz e robusto que o Lola e o Chaparral. Com motor Chevrolet, foi
campeão da categoria. Era uma ótima estratégia da equipe disputar essas
provas, pois tinham ótimos patrocinadores e premiavam muito bem. Eram
disputadas em Riverside na Califórnia, Las Vegas no Nevada, Elkhart Lake
em Wisconsin e em Edmonton, na província canadense de Alberta. Um ano
depois a equipe seria muito feliz nas duas categorias. Na F-1, na quarta
prova do campeonato no circuito belga de Spa-Francorchamps, McLaren
ganhava a primeira corrida pilotando um monoposto que levava seu nome.
O M7A-D laranja usava o motor Ford Cosworth DFV V8. Bruce competiu de
igual para igual contra o mexicano Pedro Rodríguez em um BRM, Jacky Ickx
no Ferrari e Jackie Stewart no Matra-Ford, os primeiros na prova. O
carro estava acertado, pois na segunda prova, o GP espanhol, seu colega
de equipe Denny Hulme tirava o segundo lugar. O mesmo piloto venceria
ainda na Itália, faria dobradinha com Bruce no Canadá e este fecharia o
ano com outro segundo lugar no México. A McLaren ficava em segundo no
campeonato, Hulme em terceiro na classificação de pilotos e Bruce em
quinto. Ainda ganhou a prova Corrida dos Campeões, que reunia carros da
F-1 e da F-Indy, com um M7A em Brands-Hatch. Nas provas norte-americanas
o bruto M8B ganhava a Can-Am. Tinha motor V8 Chevrolet de alumínio com
8.111 cm³, injeção mecânica, 800 cv e torque de 100 m.kgf. A carroceria
monocoque, bonita, seria muito imitada. A velocidade final era de 315
km/h.
Em 1969 o McLaren M8B da série Can-Am ganhava todas as 11 provas do
campeonato, revezando-se entre Bruce e Denny, sem chance para os outros
protótipos. Na F-1 o ano foi fraco, apenas com um terceiro na Inglaterra
e um segundo na Espanha, ambos por Bruce. Com sua regularidade, chegava
em terceiro no campeonato. A temporada de F-1 de 1970 começava na África
do Sul com Denny Hulme em segundo lugar. Na Espanha, segunda prova, foi
a vez de Bruce também em segundo. Na terceira, em Mônaco, Hulme chegou
em quarto e Bruce abandonou por problemas na suspensão. Na equipe da
Can-Am entrava o norte-americano Dan Gurney. E testando um carro dessa
categoria — o M8D — no veloz e traiçoeiro circuito inglês de Goodwood,
Bruce McLaren sofria um grave acidente que lhe tirava a vida, aos 33
anos, em 2 de junho de 1970.
O brilhante engenheiro e desenhista, o promissor piloto de duas grandes
categorias causou comoção não só em sua pátria, mas também na Europa e
nos EUA. Em sua curta carreira disputou 104 provas de Fórmula 1 entre
1958 e 1970, freqüentou o pódio 27 vezes, teve quatro vitórias, três
melhores voltas e ao todo 188,5 pontos. Na Can-Am ganhou sete provas e
seu carro laranja só teve como competidor à altura os poderosos
Porsches 917/10. Seu sobrenome
figura entre os mais importantes de toda a história da Fórmula 1. A
McLaren é hoje uma equipe com números impressionantes. Desde sua estreia
em Mônaco, em 1966, obteve 162 vitórias na categoria — só perde para a
Ferrari, bem mais antiga. Conta também com oito títulos de construtores
e oito de pilotos.
Onde estiver, Bruce deve estar assistindo a tudo, muito satisfeito com
sua obra magnífica.
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