Giovanni Agnelli, avô de Gianni,
comandou a empresa de 1920 a 1945
Gianni jovem em um Bugatti da
família, no casamento com Marella no Castelo de Osthoffen, na Alsácia, e
com o presidente Kennedy e esposa |
A Itália sempre foi considerada, pelos entusiastas do mundo do
automóvel, como um dos países mais emblemáticos. O pequeno país em forma
de bota deu ao mundo inúmeros pilotos de alta estirpe, corridas muito
famosas e desafiantes e empresas de renome. Dentro de uma das mais
importantes — o Grupo Fiat —, uma personalidade marcante durante os
tempos recentes foi Gianni Agnelli.
Nascido em 12 de março de 1921, Giovanni (seu nome verdadeiro, embora
seja mais conhecido como Gianni) era o segundo dos sete filhos de Edoardo
Agnelli, conhecido como Edoardo II, e Donna Virginia Bourbon del Monte,
que tinha ascendência nobre. Muito bem-educado na infância, frequentou
ótimas escolas. Era neto de outro Giovanni Agnelli, o fundador do Grupo Fiat
em 1899, que o considerava seu predileto. O clã começou a ter
importância na Itália do século XIX, quando Edoardo I, o precursor, era
um grande proprietário de terras. Muito rico, morreu cedo aos 49 anos.
Sua esposa Aniceta, muito determinada, cuidou das terras enquanto o
filho Giovanni — o avô de Gianni —, nascido em 1866, foi estudar em boas
escolas de Turim, já que moravam não muito longe dali. Serviu ao
exército, teve boa formação, mas voltou a sua terra para trabalhar. E
fez muito progresso, já que era um entusiasta da mecanização que
começava no tempo da revolução industrial. Fez boas amizades, era astuto
e tinha talento.
Junto com oito personalidades, entre nobres e homens poderosos, o
pioneiro Giovanni
fundou a que seria a mais importante marca italiana de automóveis de
todos os tempos. E logo se tornou o líder da empreitada. Em 1900 já
estava erguida a primeira fábrica em Corso Dante, onde trabalhavam 150
operários. O primeiro veículo com a marca Fiat, um utilitário de cinco metros de comprimento, fazia seus primeiros testes entre
cidades próximas transportando muita carga. Em 1902 Giovanni já era o
administrador geral da empresa. Após a Primeira Guerra Mundial, o
compacto Fiat Zero 12-15 HP fazia enorme sucesso na Itália. A empresa
também já se firmava na construção de tratores e aviões, estes devido ao
sucesso no período bélico. Na época estava em construção a importante
unidade de Lingotto, no distrito de Turim.
A Itália não vivia um momento de paz civil devido a tensões sociais. Em
1920, Giovanni Agnelli assumia a presidência do grupo que não parava de
se expandir — já era referência também nos setores siderúrgico e
ferroviário. Os automóveis 2B e 510S, com carroceria tipo torpedo,
faziam sucesso junto com o 1T Táxi. Para os mais abastados havia o 520
Superfast, um belo sedã com o habitáculo dos ocupantes de trás fechado,
e o 519, com motor de 4,8 litros e potência de 80 cv. Já na metade da
década, a empresa ia muito bem e 70% da produção era exportada. Tanto o
filho quanto o pai recebiam um grande golpe em 1935, quando Edoardo II
morreu ao ser decapitado pela hélice de um avião. Após a Segunda Guerra,
o comando da Fiat estava nas mãos de Vittorio Valleta, muito sério e
responsável, formado em contabilidade e especialista em economia.
Chamado pelo fundador da grande empresa para ser diretor geral em 1928,
Valleta assumiu em 1945, pois para tristeza da família o grande Giovanni
falecia aos 79 anos em 16 de dezembro daquele ano.
Antes de falecer, deu conselhos a Gianni que poucos avós dariam a seus
netos: viva a vida, aproveite todos os prazeres e depois assuma todas as
responsabilidades de um trabalho. Na época a Fiat já era o maior
fabricante de carros da Europa e o
Topolino fazia muito sucesso. Gianni formou-se em direito, guardou o
diploma e foi viver com glamour e aproveitar os prazeres da alta
sociedade europeia. Educado, cortês e culto, sabia apreciar o que era
bom. Vivia com muito conforto e luxo, pois tinha uma bela quantia anual
à disposição, só comparável à de magnatas da época. Como o avô, fez
amizades importantes com o Príncipe Rainier de Mônaco e grandes nomes da
vida cinematográfica — como as belíssimas atrizes Rita Hayworth,
norte-americana, e Anita Ekberg, sueca — e do mundo milionário do
petróleo.
Continua
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