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O 402 era mais conservador tecnicamente que o Citroën, mas apresentava menos problemas. Mantinha o eixo traseiro tipo parafuso do antigo 153 com suspensão Cantilever, enquanto o dianteiro, independente, dispunha de uma barra de torção. A bateria ficava entre a grade e o radiador para facilitar o acesso. Independente da rixa com o Traction, era mais sofisticado e caro que os modelos que vendiam bem na época. Era preciso criar opções mais acessíveis.

Com base no 302, Darl'Mat desenvolveu modelos para corridas de 70 e 85 cv

Um Salão de Paris mais tarde, em 1936, surgia o 302. Sedã ou conversível, era 35 cm mais curto e movido por um motor de 1.758 cm³ que atingia 43 cv a 4.000 rpm, para máxima de 105 km/h. Incrementando a linha, o 402 Légére (leve) misturava a carroceria do 302 com o motor do 402 para que o velocímetro marcasse até 125 km/h. A Peugeot também apresentou o 802, conceito memorável feito por Jean Andreau com traseira inspirada nos aviões.

Em 1937, Emile Darl'Mat, dono de concessionária parisiense fiel à marca desde 1923, projetava com o desenhista Georges Paulin o 302 Special Sport para a primeira edição da 24 Horas de Le Mans. Com 70 cv a 4.200 rpm, esse roadster manteve uma velocidade média de 139,3 km/h nos testes. As três unidades inscritas pela Peugeot terminaram a prova em 7º., 8º. e 10º. lugares. Em 1938, um Darl'Mat de 85 cv venceu a categoria 2,0-litros. Outros roadsters e cupês sofisticados levariam essa grife.

O compacto 202, de 4,1 metros e motor de 1,1 litro, era a resposta da Peugeot ao Renault Juvaquattre; tinha várias opções, do conversível ao furgão

Em fevereiro de 1938 chegava o caçula da família, o 202. Era ainda mais curto que o 302, com 4,1 contra 4,5 metros. Tinha um motor de 1.133 cm³ que, apesar dos meros 30 cv a 4.000 rpm, atingia a cobiçada marca dos 100 km/h. Oferecia várias versões, entre elas sedã, conversível, cabrio-limousine (sedã com teto retrátil em lona) e até furgão. Era uma aguardada resposta a concorrentes como o Simca 8 e o Renault Juvaquatre.

Para não ficar defasado, o pioneiro 402 ganhava fôlego, com os 63 cv a 4.000 rpm do novo motor de 2.142 cm³ e maior taxa de compressão. Era o 402B. Uma caixa eletromagnética Cotal de quatro marchas era opcional para uma condução mais esportiva. O 402B Légère unia o motor do novo 402 ao chassi do 302 e à carroceria do 202, uma mistura em prol do desempenho: 140 km/h. Mas tais evoluções não seriam suficientes para manter a linha por muito tempo — em 1940 a guerra forçaria a Peugeot a encerrar todas as atividades.

O 402B Légère, lançado em 1938: motor do 402 de 2,15 litros combinado ao chassi do 302 e à carroceria mais leve do 202, para melhor desempenho

O único modelo da série 2 que teve direito a reprise no pós-guerra foi o pequeno 202. Algumas unidades até foram fabricadas durante a ocupação alemã. De volta em 1946, o 202B preparava o terreno para a chegada do 203 em 1948. Estava mais despojado, sem capa no estepe ou barras cromadas nos encostos dos bancos, mas ao menos seu último ano trouxe os bem-vindos freios de acionamento hidráulico. Chegou à marca das 140.000 unidades vendidas ao sair de linha.

Sem a guerra, talvez a série 2 conseguisse um maior e mais justo destaque na história do automóvel, com inovações anuais e provavelmente novos Darl'Mats que fariam bonito nas pistas. Mas a brevidade de sua produção não tira o brilho de um trabalho audacioso. O Airflow é muito mais célebre, mas foi essa série francesa que fez da aerodinâmica um motivo de considerável retorno comercial, abrindo caminho para o longo sucesso do Citroën DS a partir dos anos 50 e também para a ousadia de tantos outros descendentes da própria marca do leão.

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