Como o 402, o Zephyr se assemelhava muito ao Airflow. A maior diferença estava no capô reto. Tinha estrutura monobloco e era o primeiro Ford com teto todo em aço. Lembrava muito o Volkswagen Sedan — até motor traseiro foi cogitado. Na versão final para produção prevaleceu o V12 dianteiro de 4,4 litros (267 pol³) com válvulas laterais e componentes do Ford V8. Eram 110 cv de potência a 3.900 rpm, contidos por freios mecânicos a tambor. A suspensão usava eixos rígidos e feixes de molas semi-elíticas.

"O moderno 12 para o mundo moderno": na publicidade, o destaque ao motor V12 de 4,4 litros e 110 cv, com desempenho acima da média em sua faixa de preço

Acelerava de 0 a 96 km/h em 14 segundos e atingia 145 km/h, marcas surpreendentes para a época. Seus razoáveis 1.520 kg ajudavam. Não por acaso, os gângsteres eram seus fãs e isso levou a polícia a adquirir seus próprios Zephyrs. Mas se o V12 podia ser suave e silencioso, não primava pela durabilidade.

Em 1937 um belo cupê e um conversível juntavam-se à linha mais acessível da Lincoln. Seguiam o modismo da traseira em forma de rabo de castor, tão adequada ao desenho streamline. Parecia ainda mais o animal por causa das saias traseiras. Mas seria na linha 1938 que o modelo ganharia novas feições: agora contando com conversíveis derivados do sedã, o Zephyr tinha o entreeixos aumentado de 3,09 para 3,17 metros.

Suave e silencioso, o grande motor permitia máxima de 145 km/h e fez do Zephyr um dos carros preferidos dos gângsteres, levando a polícia a também adquirir os seus

Os faróis passavam a ser mais rentes aos pára-lamas e a imponente grade vertical de frisos horizontais era trocada por uma mais baixa, dividida ao meio e com frisos verticais. Os pára-lamas traziam uma quebra que rompia com o formato de gota, mas até o quebra-vento era ovalado. Nessa época, os carros americanos já estavam bem mais arredondados, diminuindo o impacto do Zephyr. Isso incluía os recém-chegados modelos da Mercury, marca intermediária entre a popular Ford e a sofisticada Lincoln.

Eram seis opções de Zephyr: cupê, sedã de duas ou quatro portas, Town Limousine, cupê e sedã conversíveis. Finalmente eram adotados freios com comando hidráulico para 1939 — privilégio não estendido ao mais luxuoso modelo K, que deixaria a linha no fim do ano. Mas uma grande novidade estava a caminho. Era para ser apenas um Zephyr customizado, que Edsel encomendara a Gregorie para uma temporada em sua casa de inverno na Flórida, mas tornou-se outro exemplo do toque de Midas que ele desenvolveu no comando da Lincoln.

Em 1942, o desenho frontal do Zephyr se aproximava do Continental, em um estilo clássico que não mostrava a ousadia dos primeiros modelos

Tinha capô alongado, 75 mm a menos no chassi, teto mais reto com coluna central e um charmoso estepe traseiro exposto. Nascia o Continental, clássico criado a partir de outro. Os endinheirados amigos de Edsel gostaram tanto do carro que ele concluiu que poderia construir mil deles. No primeiro ano-modelo, 1940, o Continental ainda era artesanal, com painéis esculpidos a mão. O Zephyr também ganhava contornos mais retos nas portas para aquele ano. O sedã de duas portas dava lugar ao Club Coupé, de cinco lugares, e saía de cena também o sedã conversível.

O V12, agora com 4,8 litros (292 pol³), rendia 120 cv a 3.500 rpm. Na linha 1942, abreviada pela guerra, o V12 já tinha 5,0 litros (305 pol³) e gerava 130 cv. Os novos pára-lamas, mais altos e retilíneos, vinham do Continental e a frente era semelhante à dele. No pós-guerra, o nome Zephyr não voltou à linha, mas o carro sim. O Lincoln “não-Continental” 1946 vinha como sedã, Club Coupé e cupê conversível. No ano seguinte, o motor voltava às configurações de 1940. Só após 1948 o projeto sairia de linha, uma prova de quão distante era o futuro previsto pelo Zephyr em 1935.

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados