Com as idéias bem arejadas

Esbanjando criatividade por três décadas, a Franklin fez
os americanos mais duradouros com refrigeração a ar

Texto: Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

A idéia foi de John Wilkinson. A execução foi do industrial Herbert H. Franklin, sob seu nome. Em 1902 a cidade de Syracuse, no estado americano de Nova York, via nascer a Franklin Automobile Company. Era a divisão automobilística da H. H. Franklin Manufacturing Company, empresa de fundição formada nove anos antes. Marcando a iniciativa estava o modelo A Runabout, carro movido por um motor de quatro cilindros com válvulas no cabeçote, construído por Wilkinson em 1898. Detalhe: ele era refrigerado a ar.

Para quem acha que é uma configuração recente, o motor também já era transversal. Tinha o primeiro carburador com bóia na cuba de nível constante (no começo os carburadores não tinham cuba) e o primeiro controle de acelerador manual, uma amostra de como os Franklins já nasceram inovadores. Wilkinson havia estabelecido princípios em que a simplicidade, a construção flexível e o baixo peso não-suspenso (com uso extenso de madeira e alumínio) trariam confiabilidade ao projeto e habilitariam a marca a buscar recordes de velocidade.

O Franklin E Roadster de 1905, um dos primeiros modelos da empresa: tradição de inovação e em motores refrigerados a ar. No alto, o desenho original do 10C de 1925

Na primeira década do fabricante, a exemplo das demais empresas do setor, as versões eram batizadas com letras e o tipo da carroceria. Eram os D Touring, G Brougham e assim por diante. Nada que caracterizasse modelos independentes, como as linhas são organizadas hoje. O Franklin Model A de 1904, com motor de 1,8 litro e 10 cv, tração traseira e duas marchas, chegava a 65 km/h. Um recorde muito valorizado na época seria quebrado por esse pequeno roadster.

Em 33 dias o carro atravessava os Estados Unidos de costa a costa, quase metade dos 61 dias do recorde anterior. Em 1905 surgia o primeiro carro americano com seis cilindros — um Franklin, claro. Montados em linha, os cilindros com válvulas no cabeçote precisavam de um ventilador para ser resfriados. A conseqüência mais notória da adoção do novo motor? Uma viagem em 1906 de costa a costa da América em 15 dias! Era a Franklin mais uma vez provando sua afeição por velocidade e recordes.

Um G Runabout de 1912, com frente similar à dos Renaults da época. Recordes de economia estiveram sempre entre as atividades da marca americana

Com uma ampla gama de preços, de 1.400 a 4.000 dólares, os Franklins daquele ano traziam algo muito raro nos primórdios do automóvel: estilo diferenciado. Enquanto as outras marcas desenvolviam lentamente o conceito de carruagem motorizada, ele já trajava uma curiosa grade redonda à frente de um capô cilíndrico. Parecia um tambor. Na verdade não era tão inovador assim — imitava a frente dos Delaunay-Belleville franceses — mas, na América, nada se parecia com ele.

O avanço automático de ignição, inaugurado pela Franklin, foi a grande novidade da linha 1907. Naquele ano, a H. H. Franklin se tornava a maior consumidora de alumínio no mundo, com suas atividades no ramo da fundição e a produção de carros e utilitários. No ano seguinte já era a câmara de combustão hemisférica que chamava a atenção entre os elementos que constituíam o motor dos Franklins. Continua

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Data de publicação: 8/6/04

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