A Oldsmobile serviu como uma espécie de laboratório da engenharia da GM, até para malfadados projetos como o V8 diesel de 1978. Mas nada marcou tanto a história da engenharia quanto a Hydra-Matic. A caixa automática se esboçara em 1904 com os irmãos Sturtevant, de Boston. O sistema que desenvolveram tinha duas marchas à frente, que eram engatadas e desengatadas pela ação de massas centrífugas, sem necessidade de embreagem. Porém, com o aumento das rotações dos motores os pesos saíam de suas bandas, a princípio nas marchas baixas, depois nas altas. O projeto fracassou.

Em 1934 a americana Reo criou o sistema Self-Shifter (auto-engate), duas transmissões conectadas em série. Para direção usual, uma unidade aumentava a marcha automaticamente em relação à velocidade do carro. Isso era possível graças a uma embreagem centrífuga multidisco, similar à idéia dos Sturtevants. A segunda transmissão era engatada manualmente apenas quando era necessária uma marcha mais baixa.

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A própria Olds e a Buick lançaram a Transmissão Automática de Segurança em 1937. A embreagem era usada apenas para engatar as marchas à frente e à ré. Uma vez engatada em primeira, ela fazia as trocas automáticas com o auxílio de duas unidades planetárias hidráulicas, uma para marcha baixa (low) e outra para marcha normal (drive). O caminho para a Hydra-Matic estava pavimentado. Dois anos mais tarde, ela surgia como opcional da linha Oldsmobile para 1940.

A Hydra-Matic era comandada por uma alavanca na coluna de direção, com quatro posições: N (ponto-morto), D (drive), L (low, marcha baixa) e R (ré), nesta ordem. A proximidade entre L e R era muito conveniente para desatolar o carro, movendo-o seguidamente para frente e para trás. A caixa em si tinha três jogos de engrenagens planetárias operados hidraulicamente. Um acoplamento fluido conectava motor e caixa. Quem aperfeiçoou esse acoplamento foi a Chrysler, em 1937. Embora não automático, no sistema da Chrysler a embreagem seria substituída pelo tal acoplamento. Mas já que a concorrente só veio a usar esse conceito quatro anos depois, com sua transmissão Fluid Drive (acionamento fluido), a engenharia da Oldsmobile resolveu aproveitar a brecha. Ponto para a rapidez, a ousadia e o senso de oportunidade da empresa.

Os Olds para 1940 vinham em três séries, que não poderiam ser classificadas como modelos distintos pela concepção atual, mas como padrões de acabamento e conforto de um único carro. A série 60 tinha entreeixos de 2,95 metros, o da 70 media 3,05 m, e o da 90, 3,15 m. O motor de seis cilindros, 3,8 litros e 95 cv brutos a 3.400 rpm era dividido entre as séries 60 e 70. O oito-cilindros de 4,2 litros produzia 110 cv a 3.600 rpm e era oferecido na nova série 90, que substituía a 80 de 1939. Ambos vinham com válvulas no bloco. As carrocerias disponíveis eram sedã fechado e aberto (este um lançamento), cupê, conversível e perua.

Além de sedã, cupê e conversível, a linha 1940 oferecia uma ampla perua com carroceria de madeira, como era padrão àquele tempo  

No mais, a linha mantinha o desenho geral dos demais automóveis da GM. O estilo ainda estava no meio-termo entre o da década de 1930 e as formas dos carros atuais, definidas nos anos 1950. O sedã, por exemplo, tinha um discreto porta-malas, sem um volume nítido. Mesmo já embutidos, os pára-lamas e faróis eram salientes. O carro como um todo ainda era alto e arredondado em demasia para os padrões que têm sido adotados nos últimos 50 anos. O detalhe mais curioso era o ornamento cromado art-déco sob os faróis.

A próxima evolução da caixa automática viria em 1948 com a Dynaflow (fluxo de força) da Buick, já dentro da configuração que conhecemos hoje. O acoplamento fluido dava lugar a um conversor de torque hidráulico, associado a um trem de engrenagens planetárias. A Powerglide da Chevrolet, a Ford-O-Matic e a Merc-O-Matic da Ford e a M-6 Torque Converter Automatic da Chrysler logo imitaram o princípio da Buick. Um princípio que se deve à Oldsmobile, pelo pioneirismo de lançar um conforto que conquistou a América. Hoje o câmbio padrão no país é o automático. Apesar do nome – old é velho em inglês –, esse fabricante americano já foi sinônimo de inovação.

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