As dimensões comprovavam a simplicidade do carro. Ele tinha 3,14 metros de comprimento, 1,40 m de largura, 1,53 m de altura e 2,25 m entre eixos. Pesava meros 685 kg. O Balilla era movido por um pequeno propulsor de quatro cilindros em linha, com válvulas laterais e carburação Solex, um motor proporcional às dimensões do carro. Ele media 995 cm³ e produzia a potência modesta de 20 cv a 3.400 rpm. Era o suficiente para o Balilla atingir até 80 km/h.

O Balilla Sport, lançado um ano depois, acrescentava uma traseira em estilo alongado e 10 cv a mais no motor de 1,0 litro

O câmbio manual tinha três marchas, a tração era traseira e a suspensão com eixos rígidos e molas semi-elípticas. Ele ainda trazia os primeiros freios de comando hidráulico num carro italiano. A receita do modelo logo cairia no gosto popular, o que lhe rendeu o apelido de Tariffa Minima (tarifa mínima), por sua surpreendente economia de combustível para os padrões da época. O Balilla fazia 100 quilômetros com oito litros de gasolina, ou 12,5 km/l. Mais que a atitude sovina com gasto de combustível, ele inovou por várias razões.

Além dos freios hidráulicos, o Balilla foi o primeiro carro italiano fabricado em uma linha de montagem, o primeiro a ultrapassar as 100 mil unidades vendidas e também o pioneiro em ser mais favorável ao uso de mulheres. Vendido como “uma máquina que finalmente vai ao encontro do povo: perfeita, pequena, ágil, moderna e por um preço justo”, custava 10.800 liras, equivalente a dois anos de salário de um empregado médio. Era muito mais que as 5.000 liras previstas inicialmente — ainda assim, o Balilla é considerado por muitos o carro que motorizou a Itália.

Em 1937 chegava o modelo 508C com motor de 1,1 litro e, logo depois, uma opção com maior entreeixos

Em 1933 nascia o 508 Sport, com mais 10 cv de potência, e um Spider criado pela Ghia. Em seguida viria a versão Berlinetta Aerodinamica de corrida e o 508M, um Spider militar de dois a três lugares, do qual ainda derivariam as versões Torpedo, Berlina, Camioncino (picape) e Furgoncino (furgão). Para 1934 chegava a primeira reestilização, com a grade ovalada e entreeixos ampliado para 2,30 m, somada a uma versão quatro-portas do sedã. O câmbio já tinha quatro marchas e a potência básica era de 24 cv. Enquanto o motor de 30 cv permanecia uma opção, o Sport passava a ser motivado por 36 cv.

No ano seguinte ao lançamento do mais querido clássico da Fiat, o 500 Topolino, o Balilla 1937 apresentava grandes novidades. O motor crescia para 1.089 cm³ e a potência para 32 cv. Com desenho mais alongado, parecia uma versão estendida do Topolino. Ficou conhecido como 508C ou Balilla 1100. Logo depois surgia o 508L, de Lunga, com entreeixos maior, 2,70 m. Versões táxi e Furgoncino viriam desse Balilla alongado. Mais que isso, tal sucesso ultrapassaria as fronteiras do país, com o modelo montado sob licença em outros mercados. Assim nasceram o NSU Fiat 1100 alemão, o Simca 8 francês e o Polski Fiat-508 III polonês.

O chassi do Balilla prestou-se a versões como o 508C Furgoncino (acima à esquerda); ao táxi de chassi longo, ao lado dele; e, durante a guerra, ao jipe Militare; à direita, o conversível Coloniale

Após participar da Mille Miglia (Mil Milhas) de 1933 a 1937 com uma adaptação do 508, o atraente Balilla Sport 508 S Berlinetta Aerodinamica, a Fiat deu continuidade à carreira nas pistas com o 508C MM de 42 cv, apresentado em 1937. O desenho de gota do primeiro ganhou traseira mais alta e ousada e algumas unidades Spider — além da primeira posição em sua classe. Foi o ápice esportivo de um modelo que, em teoria, sairia de linha para a linha 1939. Foi quando a Fiat lançou um Balilla remodelado e chamado apenas de 1100, nome este que prosseguiria após a guerra até os anos 50 e teria uma história independente.

A mesma linha 1939 trazia o 508C em versão jipe Militare, que duraria até 1945, e o mais pesado Coloniale, até 1943. Os dois eram motorizados pela mesma unidade de 30 cv, com câmbio de quatro marchas, já utilizado no Balilla. Com a derrocada do nazismo e, paralelamente, do fascismo italiano, a função política do Balilla perdia seu propósito. Um carro tão emblemático de sua época, esse Fiat vendeu até 1939 cerca de 170 mil unidades. Se ele foi feito de estandarte automobilístico de uma ideologia superada pela história, ao menos conquistou seu espaço como a primeira grande chance de muitos italianos se motorizar.

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