O motor Austin, de quatro cilindros, válvulas laterais e 748 cm³, desenvolvia 15 cv de potência (razão de se chamar 3/15) a 3.000 rpm. O câmbio tinha três marchas e o sedã pesava 460 kg. Mais importante que a velocidade máxima, de 72 km/h, era o consumo médio de 16 km/l, que o tornava mais barato que andar de trem em boa parte do transporte pessoal. Eixos rígidos com feixes de molas semi-elíticas compunham ambas as suspensões, os freios atuavam apenas nas rodas traseiras e os pneus tinham a medida 4,00-27.

A semelhança com o Austin diminuía com a evolução do 3/15: a versão DA-2, ao lado, já trazia freios nas quatro rodas e novas opções de carroceria

O pequeno BMW era também muito acessível, custando quase o mesmo que o Opel Laubfrosch e bem menos que um Hanomag. De início havia poucas diferenças entre a versão germânica e a original inglesa, mas elas se tornaram cada vez mais expressivas, à medida em que o engenheiro chefe da BMW Max Friz aplicava novas soluções ao 3/15.

A primeira versão, designada como DA-1, era um sedã de duas portas, seguido logo após por um modelo de turismo, mais amplo e construído de modo tradicional — com aço e madeira. Em julho de 1929 aparecia o DA-2, com freios que atuavam nas quatro rodas e novas alternativas de carroceria: cupê, conversíveis de dois e quatro lugares e furgão, além do sedã. Dois anos depois chegava o DA-4, que adotava suspensão dianteira independente, ainda com feixes de molas.

O DA-3, também conhecido como Wartburg: um roadster que pesava apenas 370 kg e venceu com brilho uma prova alemã em sua classe

Entre eles houve o DA-3, um roadster ou conversível esportivo, sem portas, janelas ou mesmo pára-brisa. O atraente desenho, inspirado nos carros de corrida da época, terminava em uma traseira afilada, ao estilo popa de barco. O motor tinha maior taxa de compressão (7:1 em vez de 5,6:1) e escapamento com duas saídas para elevar a potência a 18 cv a 3.500 rpm, o bastante para alcançar 90 km/h e acelerar melhor, ajudado pelo peso reduzido a 370 kg. Conseguiu os três melhores lugares da categoria de 750 cm³ na prova Eifel, no circuito alemão de Nürburgring, em julho de 1930. Conhecido como Wartburg, teve apenas 150 unidades produzidas entre esse ano e o seguinte.

Em 1932 a produção da linha 3/15 era encerrada, com um total de 19 mil unidades — pouco se for considerado que a Dixi vendera nove mil em um ano, antes de ser absorvida pela marca bávara. Mas é preciso observar que a quebra da Bolsa de Valores em 1929 e a Depressão que se seguiu abalaram o mercado, mesmo para automóveis populares como ele.

Depois do 3/15 surgia o 3/20, mais amplo, potente com suspensão independente nas quatro rodas: o primeiro BMW projetado pela própria empresa

No mesmo ano era apresentado seu sucessor, o 3/20, primeiro carro projetado pela própria BMW. Para melhorar o espaço interno, Popp havia solicitado ao projetista Alfred Böning um aumento substancial no porte do carro. Foram quase 30 centímetros adicionais na distância entre eixos, 20 cm no comprimento e 15 cm na largura — era 8 cm mais baixo, porém. A suspensão traseira passava a ser independente como a dianteira, um recurso à frente de seu tempo. Havia versões sedã de duas portas e conversível de quatro lugares.

As carrocerias eram feitas de início na fábrica da Daimler-Benz, em Sindelfingen — sim, a empresa que originou a Mercedes fazendo BMWs —, passando mais tarde à Ambi-Budd, em Berlim. O motor, baseado no Austin do 3/15, trazia importantes evoluções: a cilindrada crescia para 782 cm³ com maior curso dos pistões, as válvulas vinham no cabeçote e uma bomba d'água melhorava a refrigeração, no lugar do sistema de termo-sifão. A nova potência, 20 cv, era a origem da denominação do carro, que vendeu mais de 7.000 unidades. Era o momento de investir em algo maior, mais luxuoso e com seis cilindros: o 303, que fica para uma outra história.

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados - Política de privacidade